Alunos da primeira turma do Generation, ong da Mckinsey (Ricardo Yamane/Generation/Divulgação)
Luísa Granato
Publicado em 16 de fevereiro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2020 às 06h00.
São Paulo - Como ajudar jovens brasileiros a conseguir as vagas mais disputadas do mercado de tecnologia? Para o Generation, organização filantrópica da consultoria McKinsey, um curso de três meses pode mudar a realidade dessa parte da população.
“Na primeira turma do curso, nós tivemos um engraxate e um entregador de Uber Eats, em três meses, eles se tornaram programadores júnior, com duas ou três ofertas, ganhando 5 mil reais”, fala Nicola Calicchio, sócio sênior da McKinsey.
Para a consultoria, um dos maiores problemas do mundo atual é o desemprego entre jovens, que isola e torna vulnerável uma grande parcela da população em um momento de transição para a economia digital.
E enquanto o mercado muda, as empresas não encontram profissionais para as vagas que precisam preencher.
“Os alunos chegavam falando que queriam emprego. Nós queremos dar uma profissão. O emprego você perde, a profissão é para a vida”, fala Calicchio.
A Generation tenta unir as dores das duas pontas e oferecem uma única solução com cursos profissionalizantes gratuitos em diversas carreiras, de tecnologia até saúde. Ao todo são 26 profissões e a organização já formou mais de 36 mil pessoas em 13 países, com uma taxa de 80% de contratação nos primeiros três meses após a formatura.
No Brasil, a iniciativa chegou no último ano e a área de tecnologia foi a escolhida para começar a desenvolver talentos. Eles já tiveram 4 turmas e mais de 4 mil inscritos interessados na iniciativa. E querem crescer muito mais: em 2020, eles querem formar mil alunos e chegar a dois mil formados por ano em 2021.
A missão deles no país é preencher 15% de todas as vagas abertas na área. Segundo na Mona Mourshed, CEO global da Generation, esse é ponto que faz mudar a mentalidade de contratação dentro das empresas, para que comecem a olhar para perfis mais diversos de candidatos.
“Uma vez que preenchemos 15%, nós alteramos o jeito com que os empregadores pensam em recrutamento e treinamento. Temos dois anos para chegar nesse ponto”, fala ela. “O que estão no coração do que queremos fazer, essa mudança do sistema, é poder demonstrar que aqueles mais vulneráveis e com mais necessidade podem muito rapidamente alcançar e permanecer nesses empregos”.
Com duas turmas se formando em breve, eles já estão com inscrições abertas para novas turmas em março. Até o dia 21 de fevereiro, é possível se inscrever pelo site.
Para se candidatar, é necessário residir em São Paulo, ter Ensino Médio completo e ter entre 18 e 29 anos. Durante o processo, eles avaliaram o engajamento, motivação e aptidão dos candidatos para desenvolver uma carreira na área de tecnologia, além do potencial de transformação da vida pessoal.
“Nós descobrimos que existe uma vontade, um ‘fogo interno’, que é muito mais importante no perfil das pessoas que recrutamos do que a área de estudo ou experiência da pessoa até então. Nosso bootcamp é intenso, então é preciso comprometimento para dar esse grande pulo”, diz Mourshed.