W.P. Carey School of Business: as escolas de negócios têm promovido uma verdadeira corrida pelo recrutamento dos melhores estudantes (Wikimedia Commons/NickSchweitzer)
Maurício Grego
Publicado em 21 de outubro de 2015 às 08h51.
São Paulo - Se você está acostumado a ver os preços exorbitantes de MBAs nos Estados Unidos, provavelmente ficará de queixo caído com um novo programa da Arizona State University.
Em 2016, todos os alunos selecionados pela W.P. Carey School of Business não precisarão tirar um centavo do bolso para fazer o curso.
É a primeira vez que a escola oferece um programa totalmente gratuito. O objetivo é diversificar o perfil dos ingressantes, hoje muito restrito a profissionais de tecnologia, da indústria e do mercado financeiro.
Normalmente, o preço total do curso chega à casa dos 90 mil dólares. De acordo com a reitora Amy Hillman, o valor elevado tem sido uma barreira para profissionais de empresas sem fins lucrativos ou com renda insuficiente para pagar o curso.
Com a isenção de custos, a instituição pretende atrair talentos que talvez não fizessem o curso se não fosse a bolsa de estudos. A expectativa é que alunos mais qualificados possam ajudar a elevar o posicionamento da escola entre os melhores cursos de MBA do mundo.
Hoje, a W.P. Carey School of Business ocupa o 76º lugar em ranking divulgado em 2015 pelo Financial Times.
Investimento
A verba para bancar o curso dos 120 alunos que receberão a bolsa integral virá de um fundo de 50 milhões de dólares doado pelo magnata do setor imobiliário William Carey.
Os recursos seriam usados para a contratação de novos professores, mas o conselho de administração da escola concordou em investi-los na renovação do quadro de estudantes.
O aumento do número de bolsas faz parte de uma política maior da Universidade do Arizona para se aproximar de empresas e escritórios tradicionalmente desligados da área de "business".
A ideia é que, com as bolsas de estudo, as empresas liberem seus funcionários em tempo integral para os cursos de MBA e abram suas portas para a universidade.
A iniciativa também é um passo contra o crescente discurso de que os cursos de MBA são supervalorizados nos Estados Unidos.
Em um setor da educação bastante saturado, as escolas de negócios têm promovido uma verdadeira corrida pelo recrutamento dos melhores estudantes.
Como retorno para o investimento, a reitora Hillman espera que os alunos que desfrutarem das bolsas possam ser os mentores ou até contratar estudantes da faculdade para suas empresas no futuro. No entanto, essa contrapartida não será obrigatória.
E quem já pagou?
Contemplar novos estudantes com uma bolsa integral de estudos trouxe uma questão delicada: como explicar aos estudantes já matriculados no curso que eles não terão os benefícios da próxima turma?
Segundo o reitor, por incrível que pareça, a reação dos alunos foi positiva. Em primeiro lugar, a ideia de uma reformulação do programa agradou a todos.
Além disso, a renda da maior parte dos estudantes já está muito acima da média do mercado. De acordo com a escola, o salário inicial médio dos recém-formados é de 99 mil dólares anuais.
Para quem é tão bem remunerado, pagar o MBA não chega a ser um problema.
Por se tratar de um projeto piloto, a escola ainda não deu informações sobre a continuidade do curso nos próximos anos.