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Esta armadilha mata a sua capacidade de liderança

Foco desajustado compromete todo o time, diz o diretor-geral da Michael Page, Ricardo Basaglia

Armadilha: exaurir a equipe não resolve  (foto/Thinkstock)

Armadilha: exaurir a equipe não resolve (foto/Thinkstock)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 28 de março de 2019 às 08h52.

Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 11h55.

São Paulo –Menos planilhas, números, sinais matemáticos e mais interação humana? Entre uma ponta e outra, fuja, obviamente dos extremos, e ande pelo caminho do meio.  “Muitos líderes focam tanto o resultado e não tanto o que, normalmente, dá resultado que é o relacionamento com o time, com os clientes”, diz o diretor geral da Michael Page no Brasil, Ricardo Basaglia.

O modelo de gestão que negligencia as relações humanas e o acompanhamento do estado físico e mental da equipe é fracassado e foi tema de capa da mais recente edição da revista VOCÊ RH.  O ritmo diário, os salários baixos e a falta de tempo para cuidar da própria saúde levam à morte 120 000 pessoas por ano apenas nos Estados Unidos — um prejuízo de 180 bilhões de dólares, segundo a reportagem.

Em terras brasileiras, a crise só fez agravar o problema. Profissionais diagnosticados com síndrome de burn-out multiplicam-se. Em outra reportagem recente EXAME colheu relatos de profissionais que passaram pelo problema diretamente ligado ao excesso de trabalho, como é o caso da jornalista Izabela Camargo, que conversou com a reportagem e deu detalhes do que passou.

“Uma pessoa em estado de flow, (fluidez, na tradução livre e que acontece quando a pessoa está totalmente imersa na atividade) é 4 vezes mais inteligente do que alguém em pré-burnout”, cita Basaglia, com base em dados de pesquisas da universidade de Yale.

Ainda que haja diferenças entre a capacidade produtiva de cada um não há quem consiga sustentar um ritmo frenético sem pagar as contas disso. Outra pesquisa vai ao encontro do que diz o especialista: estudo das companhias Kronos Incorporated e Future Workplace apontando que 95% das causas de alta rotatividade nas organizações é o excesso de trabalho e a exaustão.

“O desafio do líder é entregar resultados através das pessoas e, não, apesar delas”, diz Basaglia. E a combinação entre resultados e pessoas também não é própria de líderes tipos como bonzinhos demais, que agem para proteger as pessoas sem dar atenção às suas entregas. “Tem o ditado que diz se você é cem por cento do tempo amado pelas pessoas isso significa que não está extraindo o máximo das pessoas”, diz Basaglia.

A justa medida pede interação, troca para encontrar o ponto certo de cada um dentro da organização. Basaglia sugere que gestores desenvolvam cultura de pedir feedback e criem maneiras de se conectar com a equipe em encontros regulares formais e informais. “A relação de confiança faz todo mundo crescer”, diz.

Atenção ao seu velocímetro também é indicado.  O quanto você está sendo impaciente ou indo rápido demais a despeito da velocidade dos seus subordinados ou colegas. Tomar consciência é o primeiro passo para ajudar seu cérebro a sair piloto automático e, assim, tomar melhores decisões de carreira.

Segundo o consultor Eduardo Ferraz, autor do livro “ Seja a Pessoa Certa no Lugar Certo”, o cérebro trabalha até 95% de maneira irracional e instintiva.  Aumentar os pontos percentuais do tempo de trabalho consciente pode ser essencial para se perceber melhor tanto internamente como também desenvolver mais consciência social, um dos aspectos básicos da inteligência emocional.

“O alto nível de eficiência e cobrança de um líder em sua equipe acaba tirando o foco nos indivíduos. Com os líderes preterindo a construção de relacionamentos saudáveis, acabam deixando de ser uma inspiração. Eles acabam não demonstrando empatia e alienando grandes potenciais criativos”, diz o diretor geral da Michael Page.

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