Essa executiva de RH quer transformar a gestão de pessoas – e pretende fazer isso por meio da IA
Vanessa Togniolli acredita que há muito potencial na tecnologia para construir um time de RH otimizado e eficiente, mas sem deixar de lado a conexão humana
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Publicado em 5 de novembro de 2024 às 13h26.
Não há como refutar que o papel do RH está passando por uma transformação acelerada. E uma das protagonistas dessa mudança é Vanessa Togniolli, membro do Clube CHRO da EXAME Corporate Education e diretora de Recursos Humanos daCI&T, uma empresa multinacional especialista em transformação tecnológica.
Há quase duas décadas na empresa, Vanessa carrega um objetivo ousado: transformar o time de gestão de pessoas em um núcleo de inovação no qual a inteligência artificial passa a ser uma grande aliada estratégica para redefinir práticas e processos internos.
Do interior de São Paulo para o mundo
Mas esse espírito inovador começou muito antes. Vanessa deu seus primeiros passos no mercado de trabalho ainda em São José do Rio Pardo, sua cidade natal, no interior de São Paulo. Seu primeiro contato com tecnologia foi incentivado no colégio. Inspirada pela promessa de um futuro promissor em tecnologia, cursou Ciência da Computação na UNESP (Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho”), entre 2000 e 2004.
Durante seus primeiros anos de atuação, Vanessa integrou grandes operações e trabalhou em funções técnicas, muitas vezes na linha de frente, resolvendo problemas complexos. No entanto, essa experiência a ajudou a perceber que não era apenas o código em si que a encantava, mas a possibilidade de resolver problemas de forma prática e impactante.
Esse processo levou Vanessa a considerar uma transição para o RH. A combinação de sua bagagem tecnológica e aptidão para conectar e desenvolver pessoas revelou-se essencial quando, já na gestão de pessoas, começou a explorar o uso da inteligência artificial para automatizar processos e criar um ambiente eficiente, centrado na pessoa colaboradora.
Vanessa percebeu que a IA era uma grande aliada do RH
Vanessa se orgulha em dizer que 80% das pessoas de RH na CI&T já utilizam inteligência artificial de maneira consistente no cotidiano. O valor chama atenção em comparação com a média nacional: apenas 30% dos times de gestão de pessoas utilizam a tecnologia, segundo uma pesquisa feita pela Think Work, uma plataforma de conhecimento sobre gestão de pessoas, com a Flash.
“Com um de nossos projetos, conseguimos mais de 80% de redução de tempo humano no atendimento às pessoas colaboradoras sobre dúvidas corriqueiras de RH, como férias e atestados médicos, por exemplo”, explica ela, que faz questão de destacar o impacto positivo dessa transformação.
Mas Vanessa explica que na CI&T o uso da inteligência artificial vai muito além: a tecnologia permeia também a comunicação interna, a organização de equipes, a análise de desempenho e até o bem-estar das pessoas colaboradoras.
Vanessa detalha que a IA pode apoiar nos desafios de mobilidade interna das pessoas, considerando as habilidades, aspirações e momentos de carreira para o fechamento de vagas e realocações dentro dos próprios times.
O processo de criação de planos de desenvolvimento individual (PDI) também é feito com ajuda da IA. “Antes, muitas pessoas colaboradoras tinham dificuldade de escrever seus planos, então criamos um prompt para guiar nossas pessoas usando feedbacks e expectativas de carreira . Isso aumentou o engajamento e melhorou a qualidade dos planos”, explica.
Essa transformação já despertou o interesse de várias empresas, e Vanessa frequentemente compartilha sua experiência. “Nossos clientes acompanham de perto como funcionamos para entender como aplicar esses avanços em seus RHs também”, diz.
O desafio de manter a conexão humana
Para Vanessa, a IA é uma poderosa aliada que potencializa o trabalho humano, mas jamais o substitui. Ao assumir tarefas repetitivas e administrativas, a IA libera o tempo e a energia da equipe para focar em atividades que demandam empatia e interação genuína.
“Conseguimos reduzir o tempo gasto em tarefas burocráticas e direcionar nossos esforços para o contato humano de qualidade. E isso nenhuma IA pode substituir”, avalia.
Na CI&T, essa visão se torna realidade. Um exemplo prático é a pesquisa de clima organizacional, que roda semanalmente entre as pessoas colaboradoras. Analisados rapidamente por uma ferramenta de IA, os dados permitem ao RH realizar ações de forma ágil e precisa, com insights que orientam planos personalizados e atuações imediatas.
E suas expectativas para o futuro envolvem uma personalização ainda maior. Vanessa acredita que a inteligência artificial poderá até mesmo antecipar as necessidades das pessoas colaboradoras, sugerindo, por exemplo, férias programadas utilizando insights de plataformas de parceiros que oferecem descontos em produtos e serviços para cada perfil.
Com a IA, Vanessa vê um RH cada vez mais inovador, estratégico e integrado aos negócios — um setor que une o melhor da tecnologia ao desenvolvimento humano.