Como identificar escritórios de advocacia que valorizam a diversidade?
No evento Conexão Jurídico, da Fundação Estudar, profissionais falam sobre como candidatos podem conferir o ambiente da empresa
Da Redação
Publicado em 20 de novembro de 2021 às 14h00.
Por Vitor Soares, do portal Na Prática
Se uma jovem advogada entrar hoje em um escritório de advocacia, a chance de ela encontrar por lá um ambiente repleto de homens brancos é muito grande. Pode ser que ela encontre algumas mulheres, também, mas, em geral, todos serãopessoas cisgênero, heterossexuais e oriundas das classes mais altas.
O teste do pescoço não mente e, quando olhamos dados, o cenário se confirma. Segundo umapesquisa DataFolharealizada em 2021, 62% dos advogados brasileiros são pessoas brancas e quase nenhum, na média, é uma pessoa transexual ou com deficiência.
Do outro lado, apenas 37% dos ouvidos pela pesquisa se consideram pessoas pretas ou pardas.
Nesse cenário, as mulheres, que estiveram menos inseridas no setor e que hoje já empatam a balança com os homens, lideram um movimento em escritórios que querem diversificar a advocacia no Brasil.
Esse é o caso de Clara Serva, advogada de direitos humanos na TozziniFreire, e Laura Mattar, gerente de diversidade e inclusão do Mattos Filho, dois dos mais importantes escritórios brasileiros na área.
Nesta semana, elas falaram em painel do evento Conexão Jurídico, da Fundação Estudar, e deram dicas a profissionais jovens que precisam identificar quais organizações promovem a diversidade.
Diversidade e advocacia: um panorama geral
Tanto Laura quanto Clara assumem, ao falar em diversidade, que há um padrão nos escritórios de advocacia que vão de encontro às pesquisas. Elas entendem, porém, que o desafio é delas, também, e que as mudanças precisam ser “disruptivas”.
“Temos que quebrar estereótipos e promover a equidade nos escritórios”, diz Laura. “A gente depende das pessoas, da mente humana para atuar no direito e prestar um serviço de excelência. Para isso, o mercado jurídico não pode se limitar a contratar somente os mesmo grupos.”
Na visão de Clara, três pontos são definitivos para garantir diversidade: fazer as pessoas entenderem a necessidade dela, impedir que os filtros dos processos seletivos excluam grupos minorizados e criar política de retenção de desenvolvimento.
Sobre o último ponto, porém, ela considera que existe uma não retenção positiva, que é o quando o funcionário vai para uma oportunidade melhor e as ações, nesse caso, podem ser consideradas positivas.
“A gente pensa diversidade por vários aspectos”, destaca Clara. “O primeiro ponto é não deixar naturalizado a ausência de determinados corpos. Precisamos despertar a consciência interna.”
A respeito desses pontos, as advogadas disseram que algumas ações precisam ser realizadas. São elas:
- Medidas afirmativas;
- Vagas exclusivas e prioritárias para grupos minorizados;
- Concessão de bolsas de estudo;
- Exigência de língua estrangeira somente para casos realmente necessários;
- Desnaturalizar privilégios;
- Acessibilidades para pessoas com deficiência.
Como identificar escritórios de advocacia inclusivo?
Ao serem perguntadas sobre como os jovens profissionais podem identificar escritórios que valorizam a diversidades, as advogadas deram as seguintes dicas:
Procurar escritórios nas redes sociais
Segundo as especialistas, escritórios que valorizam a inclusão costumam divulgar suas ações nas redes sociais. Esses costumam, inclusive, ter mais pessoas de grupos minorizados contratadas porque esses profissionais sentem-se mais seguros para participar dos processos seletivos.
Participar de feiras de universidades
Outra ideia para jovens profissionais, segundo Clara e Laura, é participar de feiras de universidade e instituições de educação que promovem encontros e debates com escritórios. Dessa forma, segundo elas, é possível identificar quais têm ações de promoção da inclusão e quais não têm.
Autodeclarar-se
Para pessoas que fazem parte de grupos minorizados, é importante que elas também adiram à tendência de autodeclarar-se nas redes sociais. Dizer-se LGBTQIA+, dizer-se PCD, pode ajudar os recrutadores a identificá-los e, em alguns casos, incluí-los em processos seletivos.
Entrar em contato com escritórios
Por fim, as advogadas sugeriram que os jovens profissionais entrem em contato com pessoas de escritórios para se apresentarem e para entenderem melhor como as empresas funcionam. Assim, segundo elas, os jovens podem criar laços com pessoas do mercado que, eventualmente, podem até indicá-los para vagas.
" Como identificar escritórios de advocacia que valorizam a diversidade? " foi originalmente publicado pelo portal Na Prática da Fundação Estudar.
Dicas de carreira, vagas e muito mais
Você já conhece a newsletter da Exame Academy ? Você assina e recebe na sua caixa de entrada as principais notícias da semana sobre carreira e educação, assim como dicas dos nossos jornalistas e especialistas.
Toda terça-feira, leia as notícias mais quentes sobre o mercado de trabalho e fique por dentro das oportunidades em destaque de vagas, estágio, trainee e cursos. Já às quintas-feiras, você ainda pode acompanhar análises aprofundadas e receber conteúdos gratuitos como vídeos, cursos e e-books para ficar por dentro das tendências em carreira no Brasil e no mundo.