“A era de ouro da educação em negócios durou dos anos 1950 até 2000, quando era praticamente necessário ter um MBA se você quisesse acelerar sua carreira”, disse o atual reitor da Escola de Negócios de Harvard, Nitin Nohria, em entrevista ao Wall Street Journal.
Para ele, essa noção de exigência de um MBA (Master of Business Administration, um tipo de pós-graduação em negócios) mudou.
“Mesmo a McKinsey tem pessoas com Ph.D.s ou outros cursos de especialização, e as pessoas treinam umas as outras. Em um banco de investimentos, eles dirão que é possível você permanecer na empresa e se tornar um diretor, sem a necessidade de um MBA”, ele completa, fazendo referência aos ambientes de trabalho conhecidos pela educação de ponta de seus funcionários.
Nascido na Índia, Nitin é o primeiro reitor de Harvard vindo do continente asiático, e tem entre seus desafios lidar com o aumento do número das escolas de negócios em sua região de origem. Embora estudantes asiáticos ainda representem grande parte dos candidatos para o MBA na tradicional escola americana, muitos destes (inclusive empreendedores destacados) têm optado por permanecer em seus países e realizar especializações por lá, aproveitando as oportunidades de networking locais e os custos mais baixos.
Há cinco anos, já sob a liderança acadêmica de Nitin, a escola reformulou o seu tradicional curso de MBA, buscando dar mais experiência prática e internacional aos seus alunos e oferecendo a maior parte do programa fora da sala de aula. A medida, ao que tudo indica, é uma maneira de atualizar agendas e recuperar parte desse prestígio.
“O que nós fizemos em Harvard, e diversas outras escolas fizeram também, foi criar um programa de campo. Quando digo campo, eu quero dizer fora da sala de aula. No primeiro ano, que passou por mudanças recentes, temos três módulos. Primeiro, desenvolvemos a liderança. Para isso, colocamos os estudantes em grupos, para que eles trabalhem juntos em projetos e problemas reais”, explicou o economista David Garvin, Ph.D. em economia pelo MIT, em entrevista para Folha de São Paulo. Ele é um dos professores de Harvard que apoiou mais fortemente a mudança de currículo.
“Obviamente você pode virar um líder sem fazer o MBA, mas para isso é preciso muita reflexão sobre o trabalho e muito treinamento. Para mim, parece que o MBA é ainda mais importante hoje porque expõe o aluno a novas coisas”, ele pondera.
Repensando o MBA
Em 2008, ano em que a Escola de Negócios de Harvard completava seu centenário, Garvin começou a trabalhar junto com outros pesquisadores em um estudo abrangente sobre a situação da educação executiva no mundo e, mais especificamente, nas tradicionais escolas norte-americanas. O livro foi publicado dois anos mais tarde, com o títuloRethinking the MBA: Business Education at a Crossroads (Repensando o MBA: a educação de negócios em uma encruzilhada, ainda sem tradução no Brasil).
“As pesquisas que fizemos para o livro foram repetidas na Europa, na América Latina, na Ásia, na África. E as conclusões são praticamente as mesmas: há dificuldades para formar habilidades de liderança, de pensamento global e de criatividade”, comenta Garvin.
Entre os pontos levantados na obra, e que levaram ao atual cenário de incerteza, merecem destaque o crescimento dos programas de treinamento in-house nas grandes consultorias e empresas do mercado financeiro, que tradicionalmente recrutavam grande parte dos egressos de MBAs, e a percepção de que esses cursos não acompanharam as demandas do mundo globalizado – falta dar aos estudantes uma consciência cultural elevada e perspectivas globais mais refinadas. “Cada vez mais empresas estão espalhadas por cinco ou até dez países. E cada um deles tem diferentes culturas, práticas e formas de gerenciamento. Então, o primeiro desafio para os líderes é como comandar uma empresa com presença global e como acomodar essas diferenças culturais”, complementa o pesquisador.
Durante as pesquisas para o livro, estourou a crise econômica mundial de 2009, que ficou conhecida como crise da dívida pública da Zona Euro, e que ecoa em vários sentidos as mesmas preocupações levantadas com a crise dos subprimes, de 2007-2008. O evento trouxe uma nova discussão sobre o comportamento de diversos executivos de alto nível, muitos deles egressos dos MBAs mencionados. O livro toca nesse assunto em diversos momentos.
Responsabilidade e ética
No mesmo ano em que foi publicado o livro, o diretor Charles Ferguson lançou o seu premiado documentário Trabalho Interno, também sobre as crises financeiras. Ferguson conversou com diversos reitores e diretores de escolas de negócios nos Estados Unidos, mas chama mais atenção a entrevista com Glenn Hubbard, atual reitor da Escola de Negócios de Columbia – nitidamente desconfortável com o tópico abordado.
Ferguson alega que acadêmicos nas mais tradicionais escolas de negócios frequentemente também realizam consultoria para diversas grandes empresas, nem sempre de forma pública, criando um conflito de interesses que compromete o ensino. O raciocínio do cineasta pode ser resumido desta forma: sem saber quem financia os economistas nessas escolas, não é possível confiar em suas pesquisas e recomendações.
Em artigo de 2013 publicado na Forbes, o colunista Shawn O’Connor questiona: “Será que o currículo das business schools preparam seus alunos de MBA para enfrentar as questões éticas relacionadas com as práticas de negócio que culminaram na crise econômica?”.
Em Rethinking the MBA, os pesquisadores são mais tímidos nas associações entre os cursos de negócio e a situação econômica mundial, mas assumem que é possível implementar melhorias. “Como já era esperado, nas entrevistas que conduzimos depois da crise, tanto executivos como reitores listaram os tópicos de risco e gerenciamento de risco como brechas dos MBAs”(p.102), lê-se. “A recente crise também sugere uma brecha relacionada a compreensão dos estudantes quanto a natureza público-privada das economias capitalistas, e o papel da regulamentação e das instituições na formação dos mercados no qual as empresas operam”(p.103).
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1. Formatura
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1/9 (Sara Haj Hassan/Stock.xchng)
São Paulo – Antes de começar a pesquisar
cursos de MBA no exterior, vale ficar de olho nas boas opções que existem no Brasil. Quem sugere é o CEO da JCS Network, Deni Belotti. “São cursos que vem mantendo a qualidade acima da média”, diz. A lista que Belotti indica traz MBAs e MBAs executivos ranqueados em listas internacionais de excelência de ensino. Vejas nas fotos as informações sobre os
cursos:
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2. MBA da FIA Business School
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2/9 (Divulgação/Facebook/FIA)
Cidade: São Paulo
Investimento: sob consulta
Mais informações:
site da FIA O MBA da Fundação Instituto de Administração (FIA) pode ser integral ou em períodos e é focado no atendimento de gestores dos principais polos econômicos mundiais. Por ser ministrado em inglês, exige fluência na língua. A especialização dura um ano, com proposta de imersão num ambiente multicultural de negócios, que aprimore e impulsione os conhecimentos e a carreira internacional do profissional. As turmas são formadas em grande por estrangeiros. “É uma chance excepcional para que brasileiros realizem um MBA internacional aqui mesmo no Brasil”, diz Belotti. O módulo internacional é realizado na Vanderbilt University (EUA) e os custos do programa já estão incluídos no preço total do MBA – preço e disponibilidade de datas podem ser obtidos na secretaria da FIA.
O MBA executivo da escola entrou no ranking de melhores do mundo no Financial Times.
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3. Executive MBA da Business School São Paulo
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3/9 (Divulgação/Facebook/BSP)
Cidade: São Paulo
Investimento: R$ 60 mil
Mais informações:
no site da BSP. É um dos mais tradicionais MBAs executivos do Brasil, segundo Belotti. “A Business School São Paulo foca na integração de todas as áreas de negócio para desenvolver habilidades de liderança e gestão de pessoas”, diz. Além do trabalho analítico, o curso reforça a necessidade do domínio de habilidades de comando, segundo ele. O curso tem sessões teóricas e práticas que mesclam formação acadêmica eexperiência prática em negócios. Um intercâmbio de duas semanas em Boston, na Sawyer Business School, também faz parte do cronograma do curso, que tem duração de 22 meses.No ranking QS Top MBA, a escola de negócios foi eleita a melhor do Brasil e a 3ª da América Latina.
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4. MBA do COPPEAD (UFRJ)
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4/9 (Divulgação)
Cidade: Rio de Janeiro.
Investimento: sob consulta.
Mais informações:
no site do Coppead. Um MBA de dedicação em tempo integral durante 18 meses. O modelo é híbrido, juntando mundo acadêmico e de negócios. “O ensino é concentrado nas áreas de controle financeiro; marketing e negócios internacionais; sistemas de informação e estratégias, entre outros”, diz Belotti. Tanto o MBA quanto o EMBA estão no ranking de 100 melhores do Financial Times publicado em 2014. Elaborado para cumprir com padrões exigidos internacionalmente, o Coppead conta com escolas parceiras nos cinco continentes, com envio e recebimento de estudantes para os principais polos econômicos do mundo. “E não é por acaso. A experiência tem como objetivo a integração no mundo globalizado, assim como a interação multicultural que gera um conhecimento ainda mais amplo da economia mundial”, diz Belotti.
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5. Katz Executive MBA
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5/9 (Divulgação/Facebook/Katz)
Cidade: São Paulo.
Investimento: R$144 mil.
Mais informações:
no site do Katz.
Atualmente o único MBA executivo 100% norte-americano no Brasil, o The Katz EMBA foi eleito em 2014 o 6º melhor programa de MBA Executivo entre instituições públicas nos Estados Unidos pelo
Financial Times. Conta com professores da University of Pittsburgh, que ministram 100% das aulas em São Paulo, com o mesmo conteúdo dos Estados Unidos. “A especialização é focada alta gestão, empreendedores e profissionais de alta performance que desejam expandir seus conhecimentos de negócios, habilidades de liderança e networking”, diz Belotti. Intercâmbios e viagens para fóruns internacionais da Katz também estão previstos no curso.
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6. Executive MBA Empresarial da Fundação Dom Cabral
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6/9 (Divulgação/Facebook/FDC)
Cidade: Nova Lima (MG).
Investimento: R$80 mil.
Mais informações:
no site da Fundação Dom Cabral “Com intensa carga de estudo e análise, o Executive MBA foca no desenvolvimento da capacidade analítica e crítica dos seus futuros especialistas”, diz Belotti. São dois formatos: aberto e consórcio. O módulo aberto prioriza a diversidade de empresas, setores e ramos de negócios, com um ou dois participantes por empresa. No módulo de consórcio, são três a dez executivos por empresa, com turmas de, no mínimo, cinco empresas diferentes, com foco na formação de massa crítica, intercâmbio e abordagem de acordo com a realidade das empresas envolvidas.
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7. One MBA,da FGV-Eaesp
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7/9 (Ricardo Benichio/EXAME.com)
Cidade: São Paulo
Investimento: R$132 mil
Mais informações:
no site do One MBA Na última lista do Financial Times, o One MBA foi classificado como o 38º melhor do mundo. A especialização é desenvolvida pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), pela Universidade de Xiamen (China), pela Egade Business School Tecnológico de Monterrey (México), pela Rotterdam School of Management (Holanda) e pela Kenan-Flagler Business School, da Universidade da Carolina do Norte (Estados Unidos). “O conceito geral do One MBA é colaborativo. As faculdades integram as melhores práticas e perspectivas de seus respectivos continentes, a fim de conceber uma especialização que dialogue com o mundo globalizado de hoje”, diz Belotti. Com duração de 21 meses, o One MBA oferece quatro semanas de intercâmbio nos EUA, Europa, Ásia e América Latina, para então receber o certificado homologado pelas cinco faculdades participantes do projeto.
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8. Global Emerging Markets MBA da Eseune Business School
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8/9 (Divulgação/Facebook/Eseune)
Cidade: Rio de Janeiro (mas é só um intercâmbio fora da grade obrigatória)
Investimento: sob consulta
Mais informações:
no site da Eseune. No Brasil, há apenas uma etapa do curso, e não é obrigatória na grade. O Global Emerging Markets MBA da Eseune Business School, que tem sede na Espanha, vale a indicação por ser dedicado exclusivamente para quem tem interesse em mergulhar nos mercados emergentes – especialmente o da China. “O foco da grade é a análise de mercado de Brasil, Rússia, Índia e China por diferentes perspectivas, com o acréscimo de estratégias inovadoras que ajudem na expansão e desenvolvimento nesta fatia do mercado global”, diz Belotti. Totalmente em inglês, o cursoexige fluência na língua e dura um ano. Há intercâmbios de duas semanas em cidades da China, Índia e Rússia, com opção de escolha pelo Rio de Janeiro, que representa o Brasil. “A intenção da especialização é reforçar o trabalho em equipes de culturas diferentes, tornando realidade durante o curso o ambiente de trabalho em países globalizados emergentes”, diz Belotti.
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9. Agora, confira o impacto da pós-graduação no salário
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9/9 (Flickr/Creative Commons/gadgetdude)
"Este artigo foi originalmente publicado no Na Prática, portal de carreira da Fundação Estudar"