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Empresas na Coreia do Sul reintroduzem trabalho aos sábados em resposta à crise econômica

Gigantes corporativos sul-coreanos voltam a exigir jornadas de seis dias por semana, reavivando debate sobre o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal

Grandes empresas da Coreia do Sul pedem para os gestores trabalharem 6 dias por semana. (Mark Wilson/Getty Images)

Grandes empresas da Coreia do Sul pedem para os gestores trabalharem 6 dias por semana. (Mark Wilson/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 07h30.

A Coreia do Sul, conhecida por suas jornadas de trabalho intensas, vê um retorno das práticas de longas horas em algumas das suas maiores corporações. Recentemente, empresas como a HD Hyundai Oilbank e a SK On anunciaram medidas para que seus gestores trabalhem seis dias por semana, citando crises temporárias e a necessidade de enfrentar condições econômicas desfavoráveis. As informações são do The New York Times.

A HD Hyundai Oilbank, uma das maiores refinarias do país, justificou a necessidade de trabalho aos sábados como uma resposta direta à queda acentuada em suas vendas e lucros, resultante da baixa nos preços do petróleo. A empresa já implementou essa medida para cerca de 40 de seus executivos, que agora precisam estar no escritório aos finais de semana. A SK On, braço do grupo SK dedicado a baterias e veículos elétricos, seguiu caminho similar, congelando salários dos executivos e exigindo que estes iniciassem suas jornadas de trabalho mais cedo.

Essas medidas são vistas por muitos como um reflexo da cultura corporativa sul-coreana, onde o trabalho árduo e a dedicação extrema ao emprego são valorizados. No entanto, existe uma preocupação crescente de que tais práticas possam se espalhar para outros níveis da hierarquia corporativa e para empresas menores, replicando um modelo de trabalho que muitos acreditavam estar em declínio.

Longas jornadas semanais

Embora a legislação trabalhista sul-coreana tenha reduzido a carga horária máxima semanal para 52 horas em 2018, muitos trabalhadores ainda enfrentam longas jornadas. Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2022 mostram que os sul-coreanos trabalham, em média, 100 horas a mais por ano do que os trabalhadores americanos. Esse cenário é um indicativo das pressões sociais e econômicas que moldam o ambiente de trabalho no país.

Em 2022, o presidente Yoon Suk Yeol propôs aumentar a jornada semanal para 69 horas, uma ideia que foi amplamente rejeitada pelo público e pelos partidos de oposição. A proposta foi rapidamente retirada, mas deixou claro que há uma corrente forte dentro do governo e do setor empresarial que defende a intensificação das jornadas de trabalho como forma de estimular a economia.

Por outro lado, há esforços crescentes para reduzir a jornada de trabalho e melhorar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. A implementação de uma semana de trabalho de quatro dias foi defendida por alguns candidatos nas eleições parlamentares de abril, e o governo formou um comitê em junho para investigar práticas de trabalho mais flexíveis.

A história do desenvolvimento econômico da Coreia do Sul é marcada por uma cultura de trabalho intensa, vista como necessária para a reconstrução do país após a guerra. No entanto, as novas gerações demonstram um desejo crescente por mudanças, buscando maior equilíbrio e qualidade de vida. O desafio agora é encontrar um meio-termo que permita a continuidade do crescimento econômico sem sacrificar o bem-estar dos trabalhadores.

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