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Emprego no palanque

Campanhas milionárias atraem mão de obra qualificada, como advogados que chegam a ganhar 150 000 reais. E você, vai ficar de fora?

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2013 às 15h24.

São Paulo - Em quatro meses, milhões de brasileiros decidirão nas urnas quem irá governar o país, os estados e os representar nas assembleias distritais, Legislativa e no Congresso Nacional pelos próximos quatro anos. Durante todo este mês, as cúpulas dos partidos estarão ocupadas com a realização de convenções para formalizar as candidaturas e com os últimos retoques das campanhas de seus correligionários, antes da entrada da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, no dia 6 de julho, que marca o início da corrida eleitoral.

Até lá, programas estarão sendo gravados, jingles finalizados, discursos afinados, camisetas, adesivos, santinhos e toda a parafernália eleitoreira a que os candidatos têm direito, estarão prontos para ganhar as ruas.

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Serão quatro meses em ritmo de maratona para quem resolver fazer das eleições uma oportunidade de trabalho. E as chances existem. De acordo com os cálculos do consultor de marketing político Gaudêncio Torquato, vice-presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), ao menos 3 milhões de empregos temporários serão criados nesse período e cerca de 2 bilhões de reais serão injetados na economia; especula-se que apenas as campanhas presidenciais do PT e do PSDB somem quase 500 milhões de reais.

Os altos custos refletem a tendência de profissionalização das campanhas, que, ao lado dos tradicionais distribuidores de santinhos e seguradores de placas e bandeiras, têm atraído cada vez mais mão de obra qualificada, com remunerações também atrativas. Para quem pensa em colocar sua expertise em prol de algum candidato e enriquecer o currículo e o bolso, a vez é agora.

Segundo a consultora política Gil Castilho, muitos candidatos deixam para montar suas equipes em junho. Ela mesma, que mora em São José dos Campos, no interior paulista, e já trabalha para quatro candidatos do Sudeste e do Nordeste, ainda aguarda fechar negócio com pelo menos mais um político.

O especialista em marketing eleitoral, também chamado de marqueteiro político, é um dos profissionais com maior mercado nessa época do ano. Visto por muitos como uma espécie de guru, ganhou fama depois que publicitários bem-sucedidos passaram a assinar as campanhas presidenciais dos últimos 12 anos. “Um profissional sério é de bastidor, ele nunca aparece mais do que o candidato”, diz Gil.

“O que fazemos é um bom trabalho de publicidade, explorando o que há de melhor em cada candidato”, afirma Leorinbergue Lima, diretor da MB&Cia, que espera quintuplicar sua equipe em Fortaleza até agosto. Apesar da quantidade de “marqueteiros”, faltam profissionais no mercado, garante o consultor Carlos Manhanelli, presidente da Abcop. A remuneração é concentrada e geralmente equivale aos ganhos de um ano inteiro.

Internet 2.0

O caráter multidisciplinar de uma campanha eleitoral acaba atraindo as mais variadas profissões, principalmente as ligadas à comunicação. De acordo com o consultor Gaudêncio Torquato, somente os gastos com marketing da campanha do governo do estado de São Paulo deverão ser equivalentes a 30 milhões de reais.


“É fácil chegar a esse número quando se acompanha eleições há 30 anos.” Entre os itens considerados estratégicos para um pleito hoje, está uma novidade nas eleições brasileiras: as mídias sociais.

A exemplo do que aconteceu nos Estados Unidos em 2008, que consagrou o uso da internet na campanha do presidente Barack Obama, os candidatos brasileiros prometem investir pesado na propaganda virtual, depois que a Justiça Eleitoral liberou o uso da web, uma boa notícia para os interessados nos 3 000 postos de trabalho que serão gerados na rede por todo o Brasil, segundo estimativa do consultor Carlos Manhanelli.

“Levando em consideração que é necessária, no mínimo, uma pessoa por campanha para gerenciar as redes sociais, e considerando que a quantidade de candidatos dessa eleição não fuja muito à da eleição de 2006, que foi de 17 429, esse é até um número bem conservador”, diz o consultor.

Outro meio de ganhar dinheiro com as eleições são os institutos de pesquisa, que se planejam para ampliar suas equipes durante o processo eleitoral. Em Belo Horizonte, as contratações já começaram no Instituto Sensus tanto para as pesquisas públicas quanto para aquelas divulgadas exclusivamente para os partidos.

“No período eleitoral, nossa equipe salta de 80 entrevistadores para 300”, diz o presidente, Ricardo Guedes. Em São Paulo, institutos como DataFolha e Ibope deverão contratar, juntos, até 1 500 entrevistadores com formação de nível médio e superior. “No auge da eleição chegamos a trabalhar com 1 200 entrevistadores em campo, número 14 vezes maior do que o contingente de pessoal em ano não eleitoral”, diz Márcia Cavallari, diretora executiva de atendimento e planejamento do Ibope Inteligência.

No Rio Grande do Sul, o Instituto Index espera crescer 30% em relação à eleição passada e também já iniciou seu processo de seleção de novos colaboradores, principalmente de entrevistadores. Para Cacá Arais, os graduandos dos cursos de ciências sociais são os mais procurados para o cargo de supervisor.

Outro profissional que passa despercebido e vem ganhando importância nos bastidores é o advogado eleitoral: sua função é blindar o candidato e fiscalizar os adversários. Para Paulo Taques, da Zamar Taques Advogados, banca de Cuiabá, no Mato Grosso, a Justiça Eleitoral está mais vigilante e nenhum candidato quer ver seu projeto político naufragar por causa de um descuido que infrinja a legislação.

De acordo com Paulo, que faz a pré-campanha do empresário Mauro Mendez, pelo PSB, ao governo do Mato Grosso, um advogado de candidato majoritário pode receber até 150 000 reais mensais na coordenação de uma equipe. “Hoje não há nenhum candidato majoritário que não tenha pelo menos dez advogados.” Mesmo acenando com essa grana ele avisa: está faltando profissional qualificado.

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