Intercâmbio: existem concursos que oferecem intercâmbio para os vencedores (LeoPatrizi/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2021 às 08h00.
Última atualização em 30 de agosto de 2021 às 13h02.
Por Priscila Bellini, do Estudar Fora
A experiência de estudar no exterior pode não parecer das mais baratas, a princípio. São os gastos com vistos, passagens, hospedagem e cursos, que parecem ser grandes. Nesse texto, mostraremos as formas possíveis de baratear os custos ou, em alguns casos, até fazer um intercâmbio grátis!
Caso você esteja procurando por bolsas de estudo em outros países, acompanhe a página com as melhores oportunidades com inscrições abertas!
Antes de tudo, tente entender os motivos que estão por trás da decisão de realizar um intercâmbio e como tornar essa vivência mais próxima da sua personalidade e vontade. Na prática, isso significa achar o programa ideal para o momento, que pode ser embasado por motivos pessoais, acadêmicos e profissionais.
O processo de viajar para fora do país costuma ser longo, além de ser necessário pesar fatores como os recursos disponíveis, planejamento financeiro e considerar em qual fase da vida você está.
Decidido isso, o próximo passo é tornar o intercâmbio mais acessível. E, independentemente do motivo que te leva a querer realizá-lo, o primeiro passo deve ser sempre procurar por bolsas de estudo disponíveis.
As opções de subsídios são várias e servem às mais diversas modalidades, do ensino médio à pós-graduação. Não é exagero dizer que há bolsas de estudo para qualquer período da vida acadêmica. Muitas delas podem cobrir todos os custos do programa – desde a tuition de uma universidade, por exemplo, até despesas com passagem e visto – ou parte deles, mas permitir que o estudante mantenha um trabalho de meio período para cobrir o restante dos gastos.
A língua estrangeira costuma ser a principal barreira de estudantes que desejam fazer intercâmbio. Isso acontece porque para concorrer em grande parte das bolsas de estudo, o aluno precisa comprovar domínio de, pelo menos, uma segunda língua e apresentar o certificado de idioma.
Nossa primeira dica para quem deseja fazer um intercâmbio é estudar bem o inglês. Isso te abrirá muitas possibilidades de bolsas de estudo em praticamente todos os países que oferecem programas para estudantes internacionais.
Além disso, ao contrário do que pode parecer, inglês é uma das línguas que são possíveis de estudar por conta própria e atingir um alto nível de fluência. São vários os fatores que permitem isso: a ampla disponibilidade de cursos e ferramentas gratuitas online, é uma língua que possui regras gramaticais parecidas e alfabeto mais parecidos com o português, quando comparado com línguas como o árabe ou o japonês.
Aqui no Estudar Fora você pode encontrar muitos materiais sobre estudos de idiomas e preparação para as provas de fluência em línguas estrangeiras, incluindo espanhol, francês alemão e até mandarim. Alguns textos disponíveis são:
A vontade é fazer um intercâmbio grátis e melhorar o currículo com uma experiência no exterior logo no ensino médio? Para os alunos interessados no high school americano, por exemplo, há programas específicos, como o da ONG ANS.
Esse projeto é destinado a jovens que não têm condições de fazer intercâmbio sem bolsas de estudo. A ANS cobre as despesas com emissão do visto, passagens áreas de ida e volta aos Estados Unidos, hospedagem e alimentação em casa de família, transporte para a escola, materiais didáticos e seguro saúde. Fora tudo isso, o estudante ainda tem uma ajuda de custo de US$ 120 mensais.
Já os United World Colleges (UWC) também oferecem oportunidades de intercâmbio gratuito aos alunos de ensino médio que buscam uma experiência internacional. Nesses colégios internacionais, localizados em diversos países, a missão é promover a paz e a compreensão entre povos por meio da educação. Por isso, o UWC oferece bolsas integrais de estudo a jovens que estejam no primeiro ou segundo ano do ensino médio, e tenham entre 15 e 18 anos de idade.
No nível superior, há mais caminhos para obter uma bolsa de estudos. O primeiro deles é recorrer às parcerias estabelecidas entre universidades brasileiras e as estrangeiras – ou, em outras palavras, os convênios. O outro é recorrer às bolsas oferecidas por organizações, empresas e governos.
Os programas ligados ao Banco Santander, por exemplo, concedem apoio financeiro para intercâmbios acadêmicos com duração menor (de algumas semanas a seis meses). Há ainda bolsas para graduação completa, como acontece nas universidades estrangeiras que dão bolsas merit-based ou need-based. Para quem se dá bem com esportes, por exemplo, há ainda bolsas para atletas.
Já os processos seletivos disponíveis para quem deseja cursar a pós-graduação fora do Brasil são ainda mais numerosos. Entidades como a Fundação Carolina, por exemplo, apoiam alunos latino-americanos nas mais diferentes áreas e focam instituições de destino na Espanha. No caso da fundação espanhola, os benefícios variam de acordo com o curso escolhido e podem cobrir entre 50 e 100% do valor da anuidade. Além disso, a lista de benefícios conta com passagens aéreas, seguro saúde e auxílio para manutenção no país.
Governos como o dos Estados Unidos também atraem interessados em pós-graduação para os cursos no exterior. O programa Fulbright, no caso dos Estados Unidos, é o mais conhecido. Há bolsas para graduação, mestrado, doutorado sanduíche e pós doutorado, além de visiting scholars (quando um pesquisador passa um período trabalhando em outra instituição de ensino).
As bolsas de graduação, no entanto, só se aplicam a alunos que desejam estudar em community colleges, e as bolsas de mestrado são exclusivas para cursos de Cinema. O forte realmente do programa são as bolsas de doutorado sanduíche e pós doutorado que cobrem praticamente todas as áreas. A bolsa Fulbright já revelou diversos talentos ao redor do mundo: no total, 53 ex-bolsistas foram agraciados com o prêmio Nobel.
O governo britânico também tem tradição em termos de bolsas de estudo para brasileiros. O programa Chevening contempla candidatos de todas as áreas (humanas, exatas e biológicas) e apoia estudos em diversas instituições do Reino Unido. A bolsa cobre as passagens de ida e volta para o Reino Unido, anuidade de até £ 13.000 (caso este valor seja ultrapassado, o aluno deverá arcar com o valor remanescente) e gastos com despesas pessoais. Em geral, as bolsas são concedidas para programas de pós-graduação de um ano (mestrado ou MBA). Os interessados passam por um processo de seleção e devem seguir um passo a passo para garantir a bolsa.
Há ainda bolsas do governo holandês, que também oferecem vagas específicas para brasileiros, e fundos que oferecem bolsas de estudo para qualquer mestrado.
Em matéria de intercâmbio grátis, muitos países já deram o primeiro passo. Em outras palavras, há diversos países que não cobram anuidade (a tuition, em inglês), ou que optam por um valor simbólico para manutenção do estudante. As bolsas, entretanto, são bastante competitivas e por vezes demandam que o estudante atenda a uma série de pré-requisitos.
Além de oferecer mais de 800 programas de pós-graduação ministrados em inglês, as universidades da Alemanha não cobram nenhuma anuidade de estudantes de graduação, e alunos de mestrado devem pagar apenas um valor simbólico, que varia de estado para estado. Nesta página é possível encontrar informações atualizadas sobre os valores cobrados nas diferentes províncias.
Doutorados e PhDs na Alemanha também são, a princípio, de graça. Dependendo da instituição, pode haver a cobrança de uma contribuição semestral de 150 a 200 euros. Em todo caso, não é raro que estudantes de doutorado trabalhem em um projeto de pesquisa (em que são remunerados pelo seu estudo) ou recebem bolsas de estudo.
Para finalizar, a Alemanha não é um país caro para se viver. Em geral, estudantes alemães gastam entre 500 e 700 euros por mês com acomodação, transporte, alimentação e despesas gerais.
Confira aqui uma lista com as principais instituições de ensino do país e aqui relatos de estudantes brasileiros na Alemanha.
A França possui mais de 80 cursos de graduação em inglês, mas a maioria é oferecida por universidades particulares, com valores que podem chegar a 12 mil euros. Quem está disposto a falar francês, porém, pode se beneficiar do ensino de qualidade e barato das universités e écoles.
As primeiras oferecem graduações e mestrados por valores que variam entre 200 e 400 euros anuais; as segundas, que oferecem formações mais específicas como engenharia e arquitetura, cobram cerca de 600 euros anuais.
Segundo o governo francês, o universitário precisa de 430 euros por mês para se manter enquanto estuda no país. Alunos internacionais podem trabalhar até 964 horas ao ano na França, o que corresponde a 60% da carga horária de uma pessoa com emprego em tempo integral.
Diversas organizações – de instituições internacionais a agências de intercâmbio – promovem concursos online que têm como prêmio algum intercâmbio gratuito ou quase. A ONU, por exemplo, todos os anos realiza o concurso de redação “Many Languages, One World“, que leva estudantes de ensino superior para uma semana de eventos em Nova York com todas as despesas pagas.
Agências de intercâmbio e escolas de idiomas também oferecem, ocasionalmente, bolsas de isenção de todas as taxas do curso e materiais didáticos – embora alojamento e passagens aéreas sejam por conta do estudante. A LAE Educação Internacional, por exemplo, lançou em 2016 uma bolsa para estudar inglês na Austrália através de um jogo online.
Existe inclusive uma plataforma especializada em promover competições por intercâmbio grátis, prêmios e bolsas de estudos. Baseada na Suécia, a Sqore tem concursos abrindo e fechando inscrições durante todo o ano.
Em geral, as oportunidades solicitam que seja preenchido um teste específico – de conhecimentos gerais e informações sobre a instituição (com duração de 6 a 10 minutos) e envio de uma carta de motivação. Documentos e testes complementares podem ser requisitados, de acordo com a vaga oferecida.
Uma das competições promovidas pelo Sqore em foi uma bolsa para curso de verão na Universidade de Edimburgo, na Escócia. O vencedor de uma das edições foi o brasileiro Giovani Pozzo, que ganhou um intercÂmbio gratuito e escreveu ao Estudar Fora falando sobre a experiência e dando dicas para quem quer seguir o mesmo caminho.
“O teste é curto e não é complexo, mas as questões são bastante específicas e requerem uma leitura minuciosa do website e materiais da universidade antes de serem respondidas – além disso, o teste é cronometrado e pode ser feito uma única vez”, relembra ele.
Também acontece às vezes de escolas de idiomas oferecerem oportunidades de intercâmbio gratuito. O SEDA College, por exemplo, oferece às vezes bolsas para seus cursos online de inglês, e sorteia entre os bolsistas alguns pacotes de intercâmbio de graça. Veja aqui mais informações.
No Estudar Fora, estamos sempre de olho nas principais oportunidades – de bolsas, competições e oportunidades de intercâmbio gratuito.
"Como fazer intercâmbio de graça (ou quase)" foi originalmente publicado pelo portal Estudar Fora da Fundação Estudar.
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