Diretora da 500 Startups dá dicas para resolver conflitos no trabalho
Confira a jornada e dicas da Itali Collini, diretora do 500 Startups no Brasil e pesquisadora sobre desigualdade de gênero
Luísa Granato
Publicado em 4 de julho de 2021 às 08h00.
Última atualização em 5 de julho de 2021 às 12h17.
Com 14 anos, Itali Collini fez sua primeira escolha de carreira pensando em um curso técnico que teria mais meninos do que meninas. Ela gostava de eletroeletrônica, mas se lembra do outro fator pesar na decisão.
"Eu tinha essa visão de que menina fazia fofoca demais”, afirmou ela no podcast Como Cheguei Aqui , da Exame.
Hoje, como diretora do 500 Startups no Brasil, um dos principais fundos de venture capital do mundo, ela conta sobre como mudou da posição de “não sou como as outras garotas” para entender e pesquisar sobre a desigualdade de gênero no mercado financeiro.
A primeira coisa foi ela perceber que não gostava de eletroeletrônica. A segunda foi se apaixonar pelo mercado financeiro após fazer um curso com seus colegas (todos homens) na empresa automotiva em que estava estagiando.
Ela se lembra das primeiras 15 ações que comprou da Petrobras com o dinheiro da bolsa de estágio. Um valor que derreteu com a chegada da crise de 2008 e que ela só recuperou no ano seguinte. Mesmo com o amargo começo, ela adorou o desafio e ficou com um gostinho de quero mais.
“Mesmo comprando só 15 ações, deu para viver o turbilhão do mercado financeiro e aprender com análises gráficas”, afirma ela.
A carreira no mercado financeiro
Assim começou sua história no mercado financeiro – e uma trilha de autoconhecimento como profissional e como mulher no mercado. Depois de entrar na faculdade de Economia, ela começou a correr atrás de estágios e percebeu que vencer a desigualdade ia além do seu esforço individual.
“Quando fui fazer as entrevistas, comecei a perceber como tinham poucas mulheres nas mesas de ações e áreas técnicas, até menos do que na eletroeletrônica. E também que a dificuldade estava muito além um machismo ou estereótipo corriqueiro”, diz.
Para ela, as discussões na faculdade sobre gênero e de empoderamento fizeram muita diferença para sua formação. Mas as novas opiniões logo deram a Itali o apelido de “estagiária bocuda”.
“Meus supervisores tinham uma visão muito tacanha sobre as mulheres e eu constantemente questionava. Brinco que na época era só a versão Itali sangue nos olhos. Eu não tinha o estudo ou os argumentos, o que eu tinha era muito mais a vontade de fazer justiça, de não me deixar ser humilhada”, conta.
A batalha era muito maior e difícil de vencer: mesmo com bons resultados, seu trabalho era questionado com piadas de cunho sexual; ao apontar o tratamento desigual, ela era vista como agressiva demais “para uma garota”.
As experiências a ajudaram a dar o próximo passo na carreira e pesquisar sobre mulheres no mercado financeiro.
“E isso mudou o resto da minha vida. Ao entender os desafios de gênero, passei a entender outros grupos também. E isso mudou a forma como eu via o mundo e o que eu queria contribuir. Antes eu queria ficar milionária com 30 anos, e percebi o tanto que coisas que eu tinha para fazer que eram mais importantes do que ficar milionária e que iam me dar mais satisfação de participar”.
Veja a conversa completa no episódio:
Como Itali Collini aprendeu a criar diálogos sobre desigualdade no mercado
- Pesquisar e se aproximar de fontes de dados: “Você começa assim a ter conversas que não são achismo”.
- Escolha suas batalhas: “Quando você vive sendo um grupo minorizado dentro do ambiente de trabalho, é preciso conseguir escolher nossas batalhas. A energia que você gasta só tentando educar começa a pesar. Em 2013, eu entrava em qualquer discussão. Em 2021, não faço isso. Eu sei o nível de energia pra fazer bem meu trabalho e me dedicar onde pode ter mais impacto”.
- Manter bom relacionamento com a sua tribo: “Tenha uma rede de apoio para desabafar, perguntar e compartilhar conhecimento. É ótimo conversar com as pessoas, de minoria para minoria”.
Sua jornada de empoderamento
Ser protagonista da sua carreira e ter uma jornada de empoderamento pode começar em qualquer momento da vida profissional. Para ajudar mais mulheres a ter uma jornada de sucesso, a Exame Academy oferece o curso Woman Empowerment Program (WEP) junto com a Fin4she .
O curso promove encontros para ensinar mulheres (e homens também) sobre protagonismo, eneagrama, storytelling, autoconhecimento, comunicação e muito mais.
No dia 5 de julho, Carolina Cavenaghi, cofundadora da Fin4She, estará na Jornada da Super Mulher, um evento gratuito promovido pela EXAME Academy com o objetivo de promover esse compartilhamento de histórias e de impulsionar o desenvolvimento pessoal e proissional das mulheres. Faça sua inscrição aqui.
Para quem se engajar na programação e quiser mais, o curso WEP está com inscrições abertas para a próxima turma até o final de julho. Serão encontros online e ao vivo em agosto com carga horária de 9 horas. Confira mais aqui .