Missão épica: arrumar 110 mil pessoas para as Olimpíadas
Henrique Gonzales tem de recrutar e treinar 110.000 pessoas para os Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2013 às 11h41.
São Paulo - O carioca Henrique Gonzalez, de 48 anos, prepara-se para o que considera seu maior desafio de vida: selecionar e treinar mais de 110.000 empregados, voluntários e funcionários terceirizados para atuar nos 17 dias dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, que vão acontecer no Rio de Janeiro. Engenheiro mecânico com mestrado no Instituto Militar de Engenharia, Henrique especializou-se em gestão de pessoas pela Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte.
Nos últimos dez anos, trabalhou na Shell, empresa global de energia, onde ocupou as posições de diretor de RH no Brasil e para a América Latina. Atualmente, ele é o diretor de RH do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos. Em entrevista à VOCÊ S/A, Henrique fala sobre as dificuldades de seu trabalho, as expectativas com o projeto e como isso vai mudar a carreira das pessoas que se juntarem a ele.
VOCÊ S/A - O que mais o atrai no trabalho?
Henrique Gonzalez - O que mais me atrai é a possibilidade de contribuir para a transformação social promovida pelo esporte, que tem um poder de complementar a educação formal e mudar a vida de muitos jovens. Além disso, tem todo o lado da transformação urbana. Poder participar de tudo isso é uma chance única na vida.
VOCÊ S/A - Quais são os maiores desafios que você deve encontrar pela frente?
Henrique Gonzalez - Estamos começando uma empresa a partir do zero, com a necessidade de estabelecer políticas, criar sistemas, desenvolver uma cultura organizacional e, acima de tudo, recrutar e treinar um exército de pessoas.
VOCÊ S/A - Quantas pessoas exatamente?
Henrique Gonzalez - Hoje, temos 320 pessoas na equipe. Daqui a dois anos, esse universo se multiplicar para 1.600 funcionários, até chegarmos a 4.000 pessoas durante os Jogos Olímpicos, em 2016. Além disso, recrutaremos entre 60.000 e 70.000 voluntários a partir de 2014, que se somarão a 35.000 terceirizados.
Estamos falando de recrutar 110.000 pessoas nos próximos cinco anos. É um baita trabalho. O interessante é que grande parte desse esforço será feita pelos voluntários, que não recebem nada por isso. Na cultura brasileira não estamos acostumados a esse tipo de experiência. Já temos a experiência bem-sucedida dos Jogos Pan-Americanos e estamos passando pela mesma questão na Copa do Mundo.
VOCÊ S/A - Quais treinamentos vocês fazem?
Henrique Gonzalez - Atualmente, um treinamento muito forte vem sendo realizado com a liderança para estabelecer a cultura da nossa empresa. Precisamos de líderes participativos, inspiradores e capazes de engajar os demais. Temos trabalhado também a questão do recrutamento. Esse será um grande desafio de todos até os Jogos. Nossos executivos precisam saber recrutar não somente por competência, mas por alinhamento de valores e comportamentos.
VOCÊ S/A - Quando começa o recrutamento dos voluntários?
Henrique Gonzalez - Em meados de 2014, começaremos o recrutamento desse pessoal. Em seguida, teremos um processo de triagem, entrevistas e, no ano seguinte, começaremos a testar a nossa operação, com a realização de aproximadamente 68 eventos testes nas instalações esportivas.
Porém, o trabalho mais intenso de formação dessa força de trabalho começa a seis meses dos jogos. Não adianta treinar com antecedência porque já sabemos que é normal perder alguns voluntários no meio do caminho. Todos, incluindo os empregados, deverão ter um treinamento de 16 horas, combinando educação a distância com eventos presenciais.
VOCÊ S/A - Qual o perfil das pessoas que vocês estão procurando?
Henrique Gonzalez - Queremos pessoas proativas, com capacidade de resolver problemas, uma energia contagiante e inglês fluente. Receberemos mais de 200 delegações e autoridades do mundo inteiro. O candidato também deve ter flexibilidade e adaptabilidade. As pessoas vão mudar de cargo ao longo do percurso e devem conviver bem com a mudança.
VOCÊ S/A - De que forma será feita a seleção dos candidatos?
Henrique Gonzalez - Temos uma equipe de recrutamento interno e parceiros de empresas especializadas. Todas as vagas são publicadas em nosso site. As pessoas podem fazer sua inscrição pela internet no site http://www.rio2016.com. Os voluntários poderão se inscrever pelo mesmo canal a partir de 2014.
VOCÊ S/A - Qual é a sua estratégia de retenção de pessoas?
Henrique Gonzalez - A retenção começa pela escolha da pessoa certa, que tenha as competências adequadas para o cargo e que enxergue claramente valor em passar os próximos quatro anos e meio aqui, vivendo esse projeto. São pessoas que vão querer chegar ao final não só para ter histórias para contar para a família e amigos, mas também para o futuro empregador.
VOCÊ S/A - Que boas práticas e experiências positivas vocês têm de outros Jogos Olímpicos?
Henrique Gonzalez - A troca é bastante estimulada pelo Comité Olímpico Internacional (COI), que possui uma área de gestão do conhecimento. Temos acessos a documentos de vários outros jogos, Sydney, Atenas, Londres e também dos eventos de inverno. Além disso, como parte de um Programa de Observadores aqui do Comitê, alguns de nossos funcionários passarão um período acompanhando os bastidores das competições em Londres, em uma ação que chamamos de Sombra.
Ao final do evento, em Londres, os principais líderes virão ao Rio, em novembro, junto com o COI para compartilhar o aprendizado. Uma transferência de conhecimento bem relevante e fundamental.
São Paulo - O carioca Henrique Gonzalez, de 48 anos, prepara-se para o que considera seu maior desafio de vida: selecionar e treinar mais de 110.000 empregados, voluntários e funcionários terceirizados para atuar nos 17 dias dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, que vão acontecer no Rio de Janeiro. Engenheiro mecânico com mestrado no Instituto Militar de Engenharia, Henrique especializou-se em gestão de pessoas pela Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte.
Nos últimos dez anos, trabalhou na Shell, empresa global de energia, onde ocupou as posições de diretor de RH no Brasil e para a América Latina. Atualmente, ele é o diretor de RH do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos. Em entrevista à VOCÊ S/A, Henrique fala sobre as dificuldades de seu trabalho, as expectativas com o projeto e como isso vai mudar a carreira das pessoas que se juntarem a ele.
VOCÊ S/A - O que mais o atrai no trabalho?
Henrique Gonzalez - O que mais me atrai é a possibilidade de contribuir para a transformação social promovida pelo esporte, que tem um poder de complementar a educação formal e mudar a vida de muitos jovens. Além disso, tem todo o lado da transformação urbana. Poder participar de tudo isso é uma chance única na vida.
VOCÊ S/A - Quais são os maiores desafios que você deve encontrar pela frente?
Henrique Gonzalez - Estamos começando uma empresa a partir do zero, com a necessidade de estabelecer políticas, criar sistemas, desenvolver uma cultura organizacional e, acima de tudo, recrutar e treinar um exército de pessoas.
VOCÊ S/A - Quantas pessoas exatamente?
Henrique Gonzalez - Hoje, temos 320 pessoas na equipe. Daqui a dois anos, esse universo se multiplicar para 1.600 funcionários, até chegarmos a 4.000 pessoas durante os Jogos Olímpicos, em 2016. Além disso, recrutaremos entre 60.000 e 70.000 voluntários a partir de 2014, que se somarão a 35.000 terceirizados.
Estamos falando de recrutar 110.000 pessoas nos próximos cinco anos. É um baita trabalho. O interessante é que grande parte desse esforço será feita pelos voluntários, que não recebem nada por isso. Na cultura brasileira não estamos acostumados a esse tipo de experiência. Já temos a experiência bem-sucedida dos Jogos Pan-Americanos e estamos passando pela mesma questão na Copa do Mundo.
VOCÊ S/A - Quais treinamentos vocês fazem?
Henrique Gonzalez - Atualmente, um treinamento muito forte vem sendo realizado com a liderança para estabelecer a cultura da nossa empresa. Precisamos de líderes participativos, inspiradores e capazes de engajar os demais. Temos trabalhado também a questão do recrutamento. Esse será um grande desafio de todos até os Jogos. Nossos executivos precisam saber recrutar não somente por competência, mas por alinhamento de valores e comportamentos.
VOCÊ S/A - Quando começa o recrutamento dos voluntários?
Henrique Gonzalez - Em meados de 2014, começaremos o recrutamento desse pessoal. Em seguida, teremos um processo de triagem, entrevistas e, no ano seguinte, começaremos a testar a nossa operação, com a realização de aproximadamente 68 eventos testes nas instalações esportivas.
Porém, o trabalho mais intenso de formação dessa força de trabalho começa a seis meses dos jogos. Não adianta treinar com antecedência porque já sabemos que é normal perder alguns voluntários no meio do caminho. Todos, incluindo os empregados, deverão ter um treinamento de 16 horas, combinando educação a distância com eventos presenciais.
VOCÊ S/A - Qual o perfil das pessoas que vocês estão procurando?
Henrique Gonzalez - Queremos pessoas proativas, com capacidade de resolver problemas, uma energia contagiante e inglês fluente. Receberemos mais de 200 delegações e autoridades do mundo inteiro. O candidato também deve ter flexibilidade e adaptabilidade. As pessoas vão mudar de cargo ao longo do percurso e devem conviver bem com a mudança.
VOCÊ S/A - De que forma será feita a seleção dos candidatos?
Henrique Gonzalez - Temos uma equipe de recrutamento interno e parceiros de empresas especializadas. Todas as vagas são publicadas em nosso site. As pessoas podem fazer sua inscrição pela internet no site http://www.rio2016.com. Os voluntários poderão se inscrever pelo mesmo canal a partir de 2014.
VOCÊ S/A - Qual é a sua estratégia de retenção de pessoas?
Henrique Gonzalez - A retenção começa pela escolha da pessoa certa, que tenha as competências adequadas para o cargo e que enxergue claramente valor em passar os próximos quatro anos e meio aqui, vivendo esse projeto. São pessoas que vão querer chegar ao final não só para ter histórias para contar para a família e amigos, mas também para o futuro empregador.
VOCÊ S/A - Que boas práticas e experiências positivas vocês têm de outros Jogos Olímpicos?
Henrique Gonzalez - A troca é bastante estimulada pelo Comité Olímpico Internacional (COI), que possui uma área de gestão do conhecimento. Temos acessos a documentos de vários outros jogos, Sydney, Atenas, Londres e também dos eventos de inverno. Além disso, como parte de um Programa de Observadores aqui do Comitê, alguns de nossos funcionários passarão um período acompanhando os bastidores das competições em Londres, em uma ação que chamamos de Sombra.
Ao final do evento, em Londres, os principais líderes virão ao Rio, em novembro, junto com o COI para compartilhar o aprendizado. Uma transferência de conhecimento bem relevante e fundamental.