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De pai para filho: os desafios da sucessão familiar, segundo o CEO da Hering

A frente da companhia centenária, Thiago Hering conta sobre o que aprendeu com o pai não apenas como filho, mas como o sexto CEO de uma empresa familiar

Fábio Hering, ex-CEO da Hering, e Thiago Hering, atual CEO da Hering (Hering/Divulgação)

Publicado em 11 de agosto de 2024 às 08h01.

Última atualização em 11 de agosto de 2024 às 12h12.

Fundada em 1880, época ainda imperial, a marca Hering começa como uma pequena oficina de costura. Desde o início, a companhia tem uma gestão familiar. Fundada por dois irmãos alemães, Hermann e Bruno Hering, na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, o pequeno negócio começou a crescer em torno da comunidade de imigrantes alemães até se tornar uma indústria têxtil no Brasil.

Conhecida por suas roupas de estilo básico, como camisetas, vestidos e calças jeans, a companhia passou por cinco gerações e atualmente tem Thiago Hering como CEO.

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Thiago entrou na companhia aos 23 anos como estagiário de uma loja própria. Após acumular experiência, se formou em Direito, mas o lado empreendedor falou mais alto do que a carreira jurídica. Decidiu se tornar franqueado da marca e construiu a segunda maior rede de franquias da Hering. Mais tarde, em 2018, Thiago retornou à Hering como executivo, inicialmente trabalhando nos canais de venda e depois assumindo a direção de marca e produtos. Em 2021, o convite para ocupar a cadeira de CEO foi formalizado substituindo seu pai, Fabio Hering. "Hoje, como o sexto CEO, sou o único membro da família que permanece como executivo", afirma Thiago.

Como cada geração apostou na reinvenção do negócio?

Os 144 anos da companhia traz diferentes fases, aprendizados e evoluções. Entre os principais avanços ao longo das gerações de CEOs, Thiago destaca que o primeiro avanço foi produzir em escala industrial.

"Para perpetuar uma marca, você tem que ser capaz de manter sua origem e DNA, mas ao mesmo tempo, dialogar com o espírito do tempo, é preciso se adaptar às novas tendências do mercado", afirma o CEO.

Os desafios para empreender em família

Empreender em família pode parecer para muitos um lugar de privilégio, mas seguir com a responsabilidade de evolução sustentável de uma companhia familiar tem seus desafios, afirma Thiago, que destaca quatro pontos de atenção em uma sucessão familiar:

1) Separe a pessoa física da jurídica: É essencial conseguir distinguir as questões profissionais das pessoais. As conversas e discussões difíceis no ambiente de trabalho não devem afetar as relações familiares fora dele.

“Vão ter conversa difíceis e discussões mais duras no meio do trabalho, mas é importante ter momentos familiares, como reuniões aos finais de semana, para manter uma boa relação familiar”, afirma o CEO.

2) Saiba tomar decisões isentas: É necessário criar um ambiente onde as decisões profissionais sejam tomadas de forma isenta, focando nas competências e na performance de cada membro, ou seja, não confie exclusivamente na família para cargos de liderança.

“Escolher as melhores pessoas para o trabalho é a forma mais justa e eficaz para manter um sucesso sustentável de uma empresa. Só assim será possível comemorar os resultados da companhia no final de semana”, diz Thiago.

3) Evite o isolamento do CEO: especialmente em uma empresa familiar, pode haver uma tendência para o isolamento do líder, o que pode tornar a missão solitária, afirma Thiago.

“É importante formar um time forte e colaborativo para compartilhar responsabilidades. Não queira ser o herói, seja o líder. Desenvolve um grupo de pessoas que possa estar junto de você no fim do dia.”

A expectativa da empresa centenária

Para os próximos anos, o sexto CEO da família Hering visa expandir o número de suas megalojas, passando das atuais 42 para um total de 150 nos próximos três anos.

“Temos uma confiança muito grande nessa expansão de megalojas. Elas são maiores, oferecem uma experiência de compra completa e abrangem todas as linhas de produtos da marca”, afirma Thiago.

A outra aposta está no mercado digital, que desde 2019 cresceu mais de 7 vezes, afirma Thiago. “O objetivo será usar o digital não apenas como um canal de vendas, mas como uma plataforma de relacionamento e comunicação com os clientes.”

Pertencente ao grupo Soma desde 2021, a aposta da Hering seguirá forte em novas linhas e parcerias. “Teremos o lançamento da Hering Shoes em 2024, em colaboração com a Arezzo, o que representa uma expansão importante do portfólio”, afirma o CEO que buscará também aumentar a presença da marca Hering no Norte e Nordeste do Brasil.

Para atende a essas expectativas com a empresa, Thiago carrega lições que aprendeu com o pai Fabio Hering. Além do valor da cultura da empresa, do trabalho em equipe e da avaliação e escolha isenta, Thiago lembra constantemente da frase popular “se a velhice pudesse e a juventude soubesse”, que seu pai disse um dia quando ocupava a cadeira de CEO da companhia.

“Essa frase é marcante, porque ela me faz lembrar da importância de equilibrar a sabedoria dos mais velhos com a energia dos mais jovens, e é com esse entendimento que buscamos levar a Hering para a próxima geração de forma sustentável.”

O Grupo Soma , dono da Hering, encerrou o quarto trimestre de 2023 com receita líquida de R$ 5,3 milhões em 2023, um aumento de 10% em relação a 2022. "No ano passado, só a Hering cresceu em torno de 6% no ano, aexpectativa é que a gente consiga acelerar um pouco esse número neste ano", afirma Thiago.

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