Carreira

De burnout a depressão: doenças psicológicas ligadas à vida profissional

Ansiedade, depressão e síndrome de burnout são palavras cada vez mais comuns no ambiente corporativo, mas o tema ainda é um grande tabu nas organizações

Síndrome de Burnout: número de problemas psicológicos ligados à rotina de trabalho tem aumentado no Brasil e no mundo (Westend61/Getty Images)

Síndrome de Burnout: número de problemas psicológicos ligados à rotina de trabalho tem aumentado no Brasil e no mundo (Westend61/Getty Images)

BC

Beatriz Correia

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 15h00.

Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 15h45.

O ano de 2020 foi conturbado e trouxe muitos desafios a todos os setores da sociedade, tanto na esfera individual quanto nos meios coletivos. Ansiedade e depressão são palavras mais comuns no ambiente corporativo (e na vida pessoal) hoje em dia do que há anos, cenário que foi agravado durante a pandemia. Companhias em todo mundo têm registrado quedas de produtividade e lucros devido à ansiedade e depressão de seus colaboradores.

De acordo com uma pesquisa feita pela Mastercard, 62% dos brasileiros passaram a se preocupar mais com sua saúde mental, enquanto 58% acreditam que cuidar da saúde se tornou essencial. A pandemia trouxe uma nova realidade para a área de recursos humanos, mudando a maneira como as equipes interagem e trabalham.

Nesse contexto de mudanças, muitos colaboradores sentiram o peso do cansaço físico e mental, e o ritmo de produtividade desacelerou. Mesmo em meses de quarentena, descansar foi uma tarefa complicada. Afinal, não é fácil desligar a mente das preocupações sobre temas como a saúde e a economia. Além disso, muitas equipes trabalharam a mais para suprir a necessidade das empresas no período. O resultado: o aumento de problemas psicológicos ligados ao ambiente de trabalho.

“Os índices de pessoas no mercado de trabalho com crises de ansiedade, pânico, burnout e depressão no Brasil são estarrecedores. Nós vemos crescer as soluções paliativas para minimizar os sintomas, mas precisamos discutir cada vez mais a raiz do problema. Se não fizermos nada agora, unindo especialistas, líderes, gestores, todos os stakeholders, não haverá uma solução”, afirma a executiva e co-fundadora da Cia de Talentos, Sofia Esteves.

Os anos 2020 deverão ser marcados como aqueles que popularizaram a síndrome de burnout, ou esgotamento pelo trabalho. Caracterizado pela exaustão física e psíquica, o transtorno está registrado no grupo 24 da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID-11). No Brasil, 75% da população tem alguma sequela de estresse e 30% destes sofrem de burnout, de acordo com uma pesquisa da Isma-BR e da consultoria Betânia Tanure Associados. O resultado afeta diretamente a lucratividade da empresa. Quem sofre de burnout trabalha, em média, 5 horas a menos que os funcionários livres da síndrome.

Não há um consenso sobre a definição de burnout. Numa tradução livre, o termo quer dizer “queimar até o fim”, estando relacionado a uma estafa física e mental por excesso de trabalho.  Outras síndromes como ansiedade e depressão também estão, muitas vezes, relacionadas ao ambiente de trabalho. “Um ano conturbado como esse causa muita ansiedade, estresse e até mesmo depressão. Os gestores precisam manter contato próximo com suas equipes, para entender o que estão passando e como ajudar e promover motivação”, afirma Ligia Molina, professora da FGV .

Apesar de haver profissões mais propensas ao desenvolvimento de um quadro de burnout — caso dos médicos e policiais —, não existe um perfil profissional específico para isso. Qualquer pessoa economicamente ativa pode ter uma crise. Os sintomas são igualmente diversos: existe uma gama ampla de sensações, que variam de acordo com a pessoa afetada.

Summit de Saúde Mental nas Organizações

A pesquisa da Isma-BR e da consultoria Betânia Tanure Associados apontou que o burnout custa em média 80 bilhões de dólares ao Brasil e 300 bilhões de dólares aos Estados Unidos. Os gastos são com custos médicos, baixa produtividade, absentismo, turnover, passivos trabalhistas e orçamentos para treinamentos de novos profissionais.

Apesar dos prejuízos que mexem com a vida e com o bolso, falar sobre saúde mental nas empresas ainda é um grande tabu, tanto a gestores quanto funcionários. O Summit de Saúde Mental nas Organizações estreia como o evento que busca mudar essa realidade. A EXAME Experience vai reunir os melhores especialistas nacionais e internacionais para romper estigmas sobre o tema e promover iniciativas de autocuidado, autoconhecimento e empatia dentro e fora das empresas.

Serão 3 dias de painéis e talk shows ao vivo, em uma programação totalmente online e gratuita. A iniciativa que ocorre nos dias 8, 9 e 10 de dezembro às 20h no YouTube da EXAME é uma parceria EXAME com a Cia de Talentos, o Hospital Albert Einstein e a GetAhead.

“Através da EXAME Experience, temos a missão de discutir temas cada vez mais atuais e necessários para a sociedade. Em um mundo em pandemia, saúde mental tornou-se mais do que um tabu a ser superado, é uma agenda da EXAME junto às corporações brasileiras”, afirma Pedro Thompson, CEO da EXAME.

No primeiro dia do Summit de Saúde Mental nas Organizações, especialistas debateram sobre a necessidade de se trabalhar sobre o tema atualmente e a sinergia da saúde mental com outros aspectos sociais (cultura, mudança e diversidade).

No segundo dia de evento os temas serão a redução do preconceito e a promoção da saúde mental; estratégias de prevenção para o burnout e o papel do líder como promotor de saúde mental na organização.

Por fim, no último dia de discussão, os painéis vão trazer discussões sobre como lidar com os sinais de estresse excessivo; como construir um business case para investir em saúde mental nas organizações; impactos positivos e desafios de implementar saúde mental nas empresas e o futuro do trabalho com a saúde mental como foco da geração Z.

“No fórum nós vamos analisar a situação atual em relação à saúde mental nas organizações no mundo e no Brasil, tendências para o futuro, como as organizações estão lidando com a prevenção e também encarar como os futuros líderes vão tratar o problema”, conclui Sofia Esteves.

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