De Arial a Comic Sans, o que 10 fontes dizem sobre o seu CV
Sóbrio ou moderninho? Elegante ou escrachado? Veja o que 10 fontes como Times New Roman, Comic Sans e Arial podem revelar sobre você no seu currículo
Claudia Gasparini
Publicado em 15 de maio de 2015 às 06h08.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h43.
São Paulo - Design , ensinava Steve Jobs, não é aparência de uma coisa; é como ela funciona. Currículos não são iPhones, mas nem por isso escapam à máxima do gênio da Apple: seu papel diante de um recrutador depende fortemente de seu visual. Você é um profissional sóbrio ou irreverente? Moderno ou tradicionalista? A estética do seu CV contribuirá muito para essa resposta. Segundo o designer Gustavo Pizzo, as fontes usadas no texto são uma parte importante da mensagem não-verbal contida no documento. A escolha deve ser "calibrada" de acordo com o cargo ou a área pretendida pelo candidato. Também há uma questão importante atrelada à legibilidade do texto. "Algumas fontes são fáceis de enxergar na tela do computador, outras ficam melhor no papel impresso", comenta Pizzo. Da clássica Arial à execrada Comic Sans, reunimos 10 exemplos de fontes populares e suas respectivas peculiaridades para o contexto dos currículos. Clique nas fotos para vê-las.
A Arial é uma cópia aproximada da Helvetica, uma fonte idolatrada pelos designers e presente em muitas mídias do dia a dia - até nas placas do metrô de São Paulo. Tradicional, sóbria e fácil de ler, ela tem uma desvantagem importante, segundo Pizzo. "É básica demais, saturada", explica. "É uma fonte adequada, correta, mas não diferencia nenhum candidato". Além disso, em textos longos, a fonte pode se tornar cansativa. Uma saída para isso, diz o designer, é aumentar um pouco o espaçamento entre as linhas.
Criada para acompanhar a chegada de monitores de computador mais modernos, a fonte tem visibilidade ótima em telas de LED e LCD. "A Calibri é ótima para currículos em formato digital, especialmente para textos corridos", afirma Pizzo. "Também tem a vantagem de ser sóbria, mas não tão saturada e quadrada quanto a Arial, por exemplo".
Criada nos anos 1930 para o jornal britânico "The Times", a fonte tem uma estética associada ao mundo dos jornais impressos. "Ela é ótima para currículos impressos, com letra pequena, mas tem uma legibilidade péssima para o meio digital", diz Pizzo. Se a sua intenção é mandar o arquivo para o recrutador pela internet, portanto, é melhor desistir da fonte. Como a Arial, a Times é vítima de sua própria popularidade: ninguém mais aguenta vê-la. Mas há alternativas menos saturadas, como a Cambria, a próxima fonte desta lista.
Da mesma forma como a Calibri é uma boa substituta para a Arial, a Cambria pode ser uma alternativa interessante à Times New Roman. Isso porque, além de funcionar bem no papel impresso, ela também proporciona uma boa leitura em telas de computador. Como é menos usada, ela também conta pontos em originalidade. "Ela tem a sobriedade da Times, sem ser tão cansativa", explica Pizzo.
Motivo de ódio e chacota, a Comic Sans foi criada para o mundo dos quadrinhos. Mas seu uso acabou escapando aos gibis: de cardápios de restaurante a comunicados no elevador do prédio, a fonte é usada em todos os possíveis contextos. "Os designers têm pavor dela, e ficou engraçado dizer como ela é horrível pelo uso inadequado que acabou adquirindo ao longo do tempo", explica Gustavo. Para currículos, a negativa do designer é enfática. "A mensagem é brincalhona, infantil", diz. "Até se você fosse um palhaço profissional, existiriam outras fontes mais interessantes para o seu currículo".
Criada nos anos 1960, a Impact adquiriu um status cultural imprevisto a partir dos anos 2000: virou a fonte oficial dos memes de internet. A associação com as imagens engraçadinhas das redes sociais é motivo mais que suficiente para ela passar longe dos currículos, diz Pizzo. "Ela traz inevitavelmente um tom cômico, irônico, nada profissional", explica.
Inspirada na letra cursiva, a fonte fica bem em materiais impressos - e só. Segundo Gustavo, ela não deve ser usada de forma alguma em currículos digitais. Além de ser difícil de ler em telas, a Monotype Corsiva tem outra particularidade que pode comprometer seu uso: sua aparência elaborada, quase kitsch, tem tudo a ver com convites de casamento e formaturas. "No máximo, pode ser usada por profissionais mais tradicionais em títulos e assinaturas", diz o designer. Mesmo nesses casos, é importante usá-la com parcimônia.
A fonte é outro "patinho feio" entre os designers. Pelo seu ar antiquado, típico dos textos de máquinas de escrever, ela é pesada, grosseira e cansativa para a leitura, na visão de Gustavo. A Courier New também traz uma associação com o mundo da informática, por ser tipicamente usada em código de programação de computadores. "É um visual que pode causar estranhamento no contexto de um currículo", afirma o designer.
O nome da fonte não deixa dúvidas: ela pertence ao universo dos livros. Graças ao seu estilo clássico, ela pode ser uma boa opção para profissionais de áreas tradicionais, como Direito. Apesar disso, a Book Antiqua tem algumas limitações. "Ela fica bem melhor no papel, já que foi projetada para uma mídia impressa", explica Pizzo. Para aumentar a legibilidade na tela, você pode aumentar ligeiramente o tamanho das letras e o espaçamento entre as linhas.
Como a Book Antiqua, a fonte deve suas origens à impressão dos livros. Sua ancestral mais remota, projetada pelo francês Claude Garamond, apareceu numa obra publicada no ano de 1530. A fonte dá um ar sério e tradicionalista a currículos, com a vantagem de ter uma legibilidade melhor em telas de computador do que a Book Antiqua. "A Garamond é sóbria, elegante e muito usada por designers", diz Pizzo. "Ela está saturada no mundo dos livros, mas em outros contextos pode ser uma ótima opção".
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