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Controlador ou comunicativo? Esses são os 3 traços mais comuns dos gestores brasileiros

Estudo revela líderes fortes em comando, mas com desafios em resultados sustentáveis

O estudo também classifica os líderes em perfis dominantes, influentes, estáveis e conformes (Artis777/Getty Images)

O estudo também classifica os líderes em perfis dominantes, influentes, estáveis e conformes (Artis777/Getty Images)

Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 06h34.

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Uma análise do perfil de 50,6 mil gestores brasileiros revela um ponto em comum entre líderes de diferentes áreas e níveis hierárquicos: embora tenham alta capacidade de comando e comunicação, ainda demonstram fragilidades importantes em competências relacionadas à constância, paciência e planejamento.

O levantamento foi conduzido pela Febracis, considerada a maior escola de transformação pessoal e profissional da América Latina, por meio do CIS Assessment, ferramenta de diagnóstico comportamental utilizada para mapear tendências emocionais e padrões de liderança.

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Os pontos fortes da liderança brasileira

De acordo com o estudo, três características se destacam entre gestores, diretores e gerentes:

  • Comando (59,7%) – indica presença forte, tomada de decisão rápida e capacidade de assumir protagonismo.
  • Objetividade (58,4%) – habilidade de resolver problemas de forma direta, prática e focada em resultados.
  • Extroversão (58,2%) – facilidade de comunicação, motivação de equipes e influência em ambientes coletivos.

Esses atributos constroem o que a Febracis chama de um líder naturalmente ativo, que circula bem entre pessoas, inspira confiança e tende a puxar projetos e decisões.

Os maiores desafios: paciência, prudência e planejamento

Em contrapartida, traços ligados à construção de processos e à disciplina de longo prazo aparecem como os menos desenvolvidos:

  • Prudência (51%)
  • Paciência (51,6%)
  • Planejamento (52,9%)

As lacunas revelam uma liderança que, embora ágil e comunicativa, ainda luta para sustentar rotinas, criar estruturas sólidas e resistir à pressão do curto prazo.

Para Vanilson Leite, diretor do CIS Assessment, o desafio é combinar potência com maturidade emocional.

“Um gestor com perfil dominante tende a ser mais estratégico e competitivo. Mas, sem preparo emocional, pode se tornar ríspido, centralizador e intolerante. Já os líderes influentes tendem a ser carismáticos e bons comunicadores, mas também correm o risco de serem dispersos, pouco organizados e ineficazes em processos detalhados.”

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Os perfis comportamentais mais frequentes

O estudo também classifica os participantes em perfis dominantes, influentes, estáveis e conformes. Entre os líderes avaliados:

  • Dominante (54,5%): perfil marcado por assertividade, energia, senso de urgência e competitividade. São líderes diretos, rápidos e orientados a resultados.
  • Influente (52,5%): comunicadores naturais, carismáticos e persuasivos. Têm facilidade para motivar equipes e criar conexões.
  • Estável (49,7%): profissionais mais colaborativos, pacientes e cuidadosos, que prezam pela harmonia do ambiente, mas podem ser mais avessos a mudanças bruscas.
  • Conforme (48,3%): focados em qualidade, precisão, normas e processos estruturados. São analíticos e detalhistas, mas tendem a evitar riscos e improvisos.

São perfis considerados altamente proativos e orientados a resultados. Porém, quando emocionalmente despreparados, podem gerar efeitos colaterais — desde microgestão e conflitos até perda de foco e falhas em execução.

“Os pontos fracos entre esses dois perfis revelam um descompasso frequente entre a capacidade de liderança e a manutenção de processos de longo prazo. São profissionais que sabem liderar com energia, mas ainda precisam desenvolver resiliência e visão de continuidade.”

O que motiva os gestores brasileiros?

Além de traços comportamentais, o levantamento analisou valores que impulsionam as ações de líderes no país. Os principais são:

  • Teórico (64,2%) – desejo por conhecimento, aprendizado contínuo e domínio intelectual.
  • Econômico (59,7%) – foco em eficiência, retorno e utilidade prática.
  • Político (58,3%) – motivação por influência, liderança e protagonismo.

A combinação mostra líderes orientados tanto ao desenvolvimento pessoal quanto ao impacto que conseguem gerar em suas organizações.

Autoconhecimento como fator-chave de liderança

Para Paulo Vieira, fundador da Febracis, compreender os próprios padrões emocionais é o principal caminho para uma liderança equilibrada e consistente.

“Um líder com perfil dominante sem preparo emocional pode ser centralizador e inflexível, enquanto um influente desregulado tende a se perder em discursos sem entrega. Quando um gestor compreende seus padrões e desafios, ele lidera com mais maturidade, e não apenas com autoridade.”

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