Carreira

Contratam-se designers

As indústrias de móveis, de utilidades domésticas e de moda concentram a maior parte das vagas, Mas esse mercado ainda pode crescer bastante nos segmentos de joias e games

Ana Paula Grings, da Piccadilly: design para agregar valor ao produto (Jefferson Bernardes)

Ana Paula Grings, da Piccadilly: design para agregar valor ao produto (Jefferson Bernardes)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2013 às 10h57.

São Paulo - O Rio Grande do Sul é o primeiro estado brasileiro em exportação de móveis. Em 2012, esse setor faturou 6,5 bilhões de reais e gerou quase 41.000 postos de trabalho.

Muitas dessas vagas absorveram designers, contratados para projetar as peças comercializadas por essas empresas. A região da Serra Gaúcha, com 33,8% do mercado estadual e o maior polo moveleiro do Brasil, é uma das que mais contratam esses profissionais. Na Unicasa, dona das marcas Dell Anno, Favorita e New, a equipe de designers tem seis profissionais, além do gerente do setor, Marlon Braga, de 35 anos.

Depois de trabalhar num dos maiores escritórios de design de Porto Alegre, ele se mudou para a região da Serra Gaúcha por ter sido contratado pela Unicasa, situada em Bento Gonçalves, município que reúne 300 empresas moveleiras.

“A polarização da indústria moveleira na Serra Gaúcha fomenta as remunerações, que ficam sensivelmente melhores do que na capital, onde essa indústria é pouco expressiva”, diz Braga.

A Serra também concentra oportunidades para designers nos setores metalmecânico, moveleiro e de injeção de plásticos. A Coza, fabricante de produtos para casa, se destaca como um negócio que cresceu por ser centrado no design.

“O design vive uma nova fase. É uma das carreiras mais promissoras do momento. As nações mais inovadoras têm hoje o design no centro de suas políticas de desenvolvimento, já que design e inovação andam de mãos dadas”, defende Mário Verdi, presidente da Associação dos Profissionais do Design no estado.

Outro segmento de grande expressão na economia gaúcha, o de calçados, também tem na contratação de designers uma prática comum. Com a competição internacional dos calçados chineses, mais baratos, o caminho encontrado pela indústria calçadista da região tem sido investir no design para criar um diferencial competitivo.


Essa tem sido a estratégia adotada, por exemplo, pela Piccadilly, localizada na região metropolitana de Porto Alegre, e que conta com uma equipe de criação de três designers. No comando desse time está a diretora de Desenvolvimento, Ana Carolina Grings, filha do presidente, Paulo Grings.

Ela teve um escritório de desenvolvimento de modelagens para o mercado europeu, entre 2003 e 2006, e levou essa influência criativa para a empresa de seu pai. No ano passado, o faturamento da organização aumentou 12% em relação ao ano anterior, apesar da queda no número de pares vendidos, graças ao aumento do valor agregado dos produtos.

O design diferenciado também tem aberto as portas do mercado internacional para a Piccadilly, que já exporta para 90 países. Um dos mais novos clientes é a Rússia, que pode se tornar o mercado internacional mais importante da marca. As cores vibrantes dos calçados brasileiros têm chamado a atenção das consumidoras russas de alta renda, ávidas por produtos de luxo. 

Hoje já existem cerca de 40 opções de cursos superiores de Design no Rio Grande do Sul. Só na Uniritter, há quatro modalidades do curso: Produto, Gráfico, Moda e Jogos. “Há cursos suficientes, mas a indústria deveria contratar mais”, acredita Júlio Caetano, coordenador das faculdades de Design da Uniritter.

Ele se refere a setores como a indústria de joias. A região de Soledade, no norte do estado, produz pedras preciosas e semipreciosas, mas as gemas são exportadas, em grande parte, na forma bruta. Guaporé, na Serra Gaúcha, reúne mais de 100 fábricas de joias e semijoias, mas a presença de designers ainda é reduzida.  

Na capital gaúcha, a maior parte dos designers trabalha na área visual, e muitos têm sido absorvidos por empresas especializadas em games, como a Aquiris, criada em 2006. Para Mário Verdi, da APDesign, a economia do estado como um todo se beneficia do investimento em design.

“À medida que os empresários virem o design como estratégico para os negócios, o mercado poderá crescer até mais rápido que a economia do país”, diz. 

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