Carreira

Conexões femininas movidas por Sheryl Sandberg, do Facebook

As mulheres ainda têm dificuldade para manter contatos profissionais. Mas, com a tecnologia e atitudes simples, é possível vencer a barreira da timidez (e da falta de tempo) e criar uma rede de relacionamentos eficaz

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2014 às 18h01.

São Paulo - Sheryl Sandberg, executiva do Facebook e autora do livro Faça Acontecer (Companhia das letras), é uma entusiasta da ascensão feminina no trabalho. Ela criou uma fundação e um site para estimular as mulheres a crescer profissionalmente.

Uma das novidades lançadas pela executiva são os circles (círculos em português), grupos online em que profissionais podem se encontrar e fazer networking. O aplicativo (leanin.org/circles) está virando febre nos Estados Unidos.

Presidentes de grandes empresas, como Cisco e PricewaterhouseCoopers, estão incentivando as funcionárias a usar essa rede para discutir sobre carreira e sobre tópicos específicos das empresas — como os círculos são fechados, não há risco de as informações vazarem.

No Brasil, a ferramenta é pouco conhecida pelas mulheres. Hoje, são cerca de dez círculos — um número bem baixo comparado com o total de 11.000 círculos que a rede já hospeda em mais de 50 países. Mesmo com a pequena adesão brasileira, a novidade levanta a discussão: o que as mulheres devem fazer para ampliar e cultivar suas redes de contato?

Objetivos claros

Por mais que as mulheres estejam conseguindo se igualar aos homens no trabalho (e tenham maiores oportunidades de crescimento), o networking ainda é uma atividade que fica de lado na agenda feminina.

"As profssionais costumam criar mais laços de amizade do que de negócios", diz Adriana Prates, presidente da Dasein Executive Search, consultoria de recrutamento de Belo Horizonte. A vida profissional exige uma criação de laços mais objetiva. "Saber como determinada pessoa de sua rede pode ajudar, e como você pode ajudá-la, faz com que a aproximação fque natural", diz Adriana.


A clareza auxilia a quebrar a timidez — algumas vezes, as mulheres deixam de abordar alguém porque não sabem como se aproximar. "Muitas profissionais acham que pega mal chamar um executivo para almoçar, sem explicações", diz Adriana. "Mas se o objetivo é falar sobre um projeto específico em que está trabalhando, por exemplo, não há por que ter inibições."

As redes sociais podem simplificar a tarefa. "Com a internet, ficou mais fácil encontrar pontos em comum e fazer um mapeamento de contatos úteis", diz Paulo Campos, professor do Insper e consultor do Affero Lab, de São Paulo. Com informações na cabeça, a aproximação ganha conteúdo e eficácia.

Contatos mapeados

Você lembra quais foram as 20 pessoas com quem conversou nas últimas semanas por telefone, e-mail, Whatsapp ou Facebook? A resposta para essa pergunta pode ser a chave para deixar sua rede de contatos mais robusta. "Selecione as 20 últimas pessoas e depois faça uma lista com mais dez que podem ser estratégicas para seu crescimento", diz Paulo.

Esse mapeamento funciona como uma planilha de organização financeira: você enxerga quais investimentos pessoais estão dando lucro e de quais você precisa cuidar com mais atenção.

Feita a lista, o próximo passo é avaliar cada um dos contatos em três dimensões: intimidade (qual é a proximidade de vocês), poder (como o cargo que ele ocupa pode ajudar ou atrapalhar você) e frequência (quantas vezes vocês costumam se encontrar ou conversar).

"Depois disso começa a organização dos contatos a partir da coluna poder — os que mais podem ajudar ficam no topo", diz Paulo. Com isso tudo em mãos, escolha os cinco ou seis contatos mais importantes e invista.

Se a frequência e a intimidade estiverem baixas, não tem problema. Encontre um ponto em comum ou se coloque à disposição para resolver alguma questão que aquela pessoa possa ter, e aí vale mandar um e-mail, dar um telefonema ou convidar para um café. 

"O segredo do bom relacionamento é se preocupar genuinamente pelos interesses das pessoas que são importantes para você", afirma Paulo. Fazendo isso, você não passará uma imagem de profissional interesseira. 


Radar ligado

As mulheres costumam ser mais reservadas na hora de misturar vida pessoal e profissional. Se encontram algum contato na fila do cinema, morrem de vergonha de trocar cartões ou dizer que precisam de ajuda para um assunto profissional. Só que os momentos de lazer são armas importantes para o networking.

"Fora do ambiente de trabalho, a conversa começa na troca de amenidades, mas, se você direcioná-la com leveza para questões profissionais, vai plantar uma semente", diz Adriana. Não é preciso nem aprofundar o tópico, apenas sinalizar que gostaria de conversar com mais calma sobre determinado assunto — basta trocar cartões para um relacionamento começar.

A paulistana Lênia Luz, de 45 anos, fundadora e CEO do site Empreendedorismo Rosa, sabe que contatos são fundamentais para o crescimento profissional. Seu projeto, que começou com um blog sobre empreendedorismo, cresceu graças ao networking.

"Estou sempre com meus cartões e falo sobre negócios em qualquer lugar", diz Lênia. Sua tática é concentrar a conversa nos negócios. "Falar sobre a carreira precisa ser tão natural quanto falar sobre as últimas férias."

Dedicação constante

A rede de contatos só cresce com manutenção constante. Isso presume um esforço de escrever e-mails, telefonar e marcar encontros. Mas, como arrumar tempo para fazer isso com tantas metas para cumprir? A resposta é explorar bem as brechas da agenda. Uma forma é encarar o networking como parte de seu crescimento profissional (o mesmo tratamento dado ao MBA ou a um curso de línguas). 

"Se a profissional sai com as amigas três vezes por mês, pode trocar um desses encontros por uma reunião de relacionamento, por exemplo", diz Fabiana Nakazone, diretora da DM Especialistas, consultoria de recursos humanos de São Paulo. "Não é para se privar da vida pessoal, mas para fazer escolhas que combinem com seus objetivos de carreira", completa.

O esforço também vale no mundo virtual. "Às vezes, um simples curtir no Facebook mostra que você se importa com o que aquela pessoa pensa", diz Paulo. Os grupos, claro, como os criados por Sheryl Sandberg ou os disponíveis no Facebook e no LinkedIn, também são boas ferramentas. Afinal, são locais de pura conexão profssional — e você pode trocar sem prejuízo aqueles 10 minutos olhando sua timeline do Facebook por uma boa discussão sobre sua carreira em algum fórum relevante. 

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