Carreira

Estes passos e técnicas vão aumentar sua inteligência emocional

Confira um guia completo para entender o que é inteligência emocional, soft skills e técnicas para desenvolvê-las

Inteligência emocional: entenda os benefícios de ter alta inteligência emocional no trabalho (Klaus Vedfelt/Getty Images)

Inteligência emocional: entenda os benefícios de ter alta inteligência emocional no trabalho (Klaus Vedfelt/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2021 às 08h00.

Por Suria Barbosa, do Na Prática

A inteligência emocional é influenciada por uma combinação de traços de personalidade. Níveis mais altos dela são associados com inúmeros benefícios, inclusive relacionados à carreira.

Por isso, sua medida, o Quociente Emocional (QE), tem sido considerado como um bom radar para contratações em processos de recrutamento.

Alguns especialistas até o colocam à frente do QI (Quociente de Inteligência) em questão da eficiência para determinar um bom profissional. Atualmente um termo bastante utilizado, “inteligência emocional” foi aplicado pela primeira vez em documentos científicos no ano de 1966, em artigo do psicólogo americano Hanskare Leuner.

Porém, sua concepção só foi aprofundada em 1989, primeiro pelo psiquiatra infantil Stanley Greenspan e, posteriormente, em 1990, pelos psicólogos Peter Salovey e John Mayer.

O que é inteligência emocional

Inteligência emocional é o nome que se dá ao conjunto de competências relacionadas a lidar com emoções. Mais especificamente, a como (e o quanto) se percebe, processa, compreende e tem habilidade de gerenciá-las.

Dentre as competências que a IE compreende, estão, por exemplo, as chamadas soft skills, especialmente conectadas com as características que se “traz” às interações com os outros.

Definição segundo especialistas

Em sua definição, a dupla Salovey e Mayer explica que IE é “a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros”.

O que é inteligência emocional, segundo os dois psicólogos, está muito ligado à quatro domínios básicos:

  • Percepção das emoções: a precisão com que uma pessoa identifica as emoções.
  • Raciocínio por meio das emoções: empregar as informações emocionais para facilitar o raciocínio.
  • Entendimento das emoções: captar variações emocionais nem sempre evidentes e compreender a fundo as emoções (mais sofisticado do que o “identificar” do primeiro domínio).
  • Gerenciamento das emoções: aptidão para lidar com os próprios sentimentos.

O papel de Daniel Goleman

Apesar de não ter introduzido o conceito de IE, Daniel Goleman, psicólogo, escritor e PhD da Universidade de Harvard, é o grande responsável por popularizá-lo. Em 1995, quando atuava como jornalista científico do New York Times, lançou o livro “Inteligência Emocional”, em que traz à tona o embate entre o QE e o QI (Quociente de Inteligência).

Com mais de 5 milhões de cópias vendidas no mundo todo e tradução para 40 idiomas, o best-seller impulsionou a atenção das pessoas pelo tema, tornando o conceito acessível a vários segmentos da sociedade. A partir dele, a mídia e outras entidades acadêmicas começaram a explorar ainda mais o assunto.

Goleman descreve a inteligência emocional como a capacidade de uma pessoa de gerenciar seus sentimentos, de modo que eles sejam expressos de maneira apropriada e eficaz.

Segundo o psicólogo, o controle das emoções é essencial para o desenvolvimento da inteligência de um indivíduo. Seu modelo sobre a IE foca em uma série de competências e habilidades que, de acordo com ele, propiciam melhores desempenhos profissionais – inclusive, como líder.

Fundamentos do modelo de Goleman

O modelo de Goleman posiciona a IE como o conjunto de competências e habilidades fundamentadas em cinco pilares:

# Autoconsciência

Capacidade de reconhecer as próprias emoções.

# Autorregulação

Capacidade de lidar com as próprias emoções.

# Automotivação

Capacidade de se motivar e de se manter motivado.

# Empatia

Capacidade de enxergar as situações pela perspectiva dos outros.

# Habilidades sociais

Conjunto de capacidades envolvidas na interação social.

Além disso, ele identifica 12 domínios como sendo os principais para desenvolvê-la:

  1. Autoconhecimento emocional
  2. Autocontrole emocional
  3. Adaptabilidade
  4. Orientação para realização
  5. Perspectiva positiva
  6. Empatia
  7. Consciência organizacional
  8. Influência
  9. Coach e mentoria
  10. Administração de conflitos
  11. Trabalho em equipe
  12. Liderança inspiradora

Autoconhecimento e inteligência emocional: entenda a relação dos dois

Qual é a relação de autoconhecimento e inteligência emocional? Para começar a entender, é importante saber que a inteligência emocional tem quatro pilares:

  • Perceber emoções (suas e dos outros)
  • Raciocinar a partir do que dizem as emoções (também suas e dos outros)
  • Entender o que as emoções significam
  • E gerenciar elas

É daí que vem o primeiro ponto da conexão.

Ter um bom nível de autoconhecimento ajuda a interpretar as próprias emoções, entender o que elas, de fato, querem dizer, fazer conexões com outros traços da sua personalidade, e, então, lidar da melhor forma com elas.

Então, para começar a se conhecer melhor e desenvolver a inteligência emocional, tente praticar uma auto-observação frequente em relação às suas emoções. Aprenda a identificar em você as emoções básicas e como elas se manifestam no dia a dia.

De outro lado, os principais aprendizados oriundos do esforço de se autoconhecer só são devidamente absorvidos quando se aceita sentir e falar sobre dor, vergonha, medo, etc., emoções negativas de forma geral. Ou seja, quando se é vulnerável.

A vulnerabilidade é o próximo link do autoconhecimento com a inteligência emocional. A vulnerabilidade, ou se colocar em posição de exposição emocional, é grande responsável pelas conexões mais profundas que fazemos.

Isso porque é muito mais fácil se identificar com pessoas que assumem erros, contam de momentos tristes e manifestam emoções. É bem mais difícil se conectar com pessoas que não transparecem nenhuma emoção ou fracasso; mostrar-se perfeito também é mostrar-se inatingível.

Por “se conectar”, você pode entender também “ter empatia”, – capacidade de enxergar as situações pela perspectiva dos outros – um dos principais componentes da inteligência emocional. É ela uma das grandes responsáveis pela possibilidade de conexão significativa entre as pessoas.

Em resumo, a inteligência emocional engloba empatia, que se manifesta a partir da vulnerabilidade do outro. A vulnerabilidade, por sua vez, depende de um processo de autoconhecimento.

Benefícios da IE, de acordo com a ciência

Há extensa pesquisa que fundamenta os benefícios de ter um nível alto de IE, inclusive relacionando-a à traços de generosidade. Um estudo mostrou que as pessoas com maior conhecimento sobre regulação emocional têm mais propensão a pensarem no “bem social” quando em face de um dilema.

Além disso, a IE influencia o sentimento de bem-estar. Pesquisadores descobriram, por exemplo, que existem relações inversas entre a capacidade de controle emocional e estresse no ambiente de trabalho.

Ter habilidade de identificar e gerenciar as emoções próprias e dos outros são atributos valiosos também para alcançar sucesso profissional, segundo pesquisadores de Harvard. O estudo, de mais de 20 anos, ainda mostrou que esta habilidade caracteriza mais êxito na vida social.

Empreendedores com bons níveis de IE também são mais resilientes quando enfrentam obstáculos e lidam melhor com seus funcionários e clientes. E os profissionais são melhores líderes. Uma análise que compreendeu diversos documentos científicos revelou que há uma relação positiva clara entre a IE e a eficácia da liderança nas empresas.

Parte da “automotivação” (um dos pilares da IE, segundo Goleman), a capacidade de ter perspectivas positivas – ou “otimismo” – está associada com maior habilidade de venda e maior taxa de sucesso acadêmico.

Para os estudiosos, a diferença primordial entre os pessimistas e otimistas é que, quando falham, os otimistas tendem a fazer atribuições causais externas, específicas e temporárias, enquanto os outros fazem atribuições internas e permanentes. Ou seja, após contratempos, possuem mais facilidade para se recompor e agir em prol de resultados.

Inteligência emocional tem tanto a ver com saber quando e como expressar emoções quanto com o controle delas – e esta capacidade é valiosa. Pesquisadores da Universidade de Yale descobriram que demonstrar emoções positivas pode beneficiar trabalhos em equipe. De acordo com eles, elas levaram à melhora na cooperação e na performance do grupo, além de maior preocupação com o que é justo.

Teste de inteligência emocional

Com base nos fundamentos do modelo de Daniel Goleman – e com adaptações para contexto profissionais brasileiros – o Na Prática elaborou um checklist gratuito que vai te ajudar a descobrir o seu nível de inteligência emocional, além de como você pode desenvolvê-lo ainda mais. Teste seu nível de Inteligência Emocional aqui!

Dá para aumentar a inteligência emocional?

Embora existam aspectos permanentes que determinam o temperamento e a personalidade – herança genética, por exemplo -, Goleman defende que muitos dos circuitos cerebrais da mente humana são maleáveis e podem ser trabalhados, impactando o nível de inteligência emocional.

Revisar mentalmente as habilidades que ela envolve e perceber em quais precisa trabalhar é o primeiro passo para aumentá-la. O psicólogo defende que o feedback externo também é um ótimo medidor para se orientar e desenvolver a IE.

Como desenvolver a sua IE – 5 práticas

Em um artigo para o Harvard Business Review, o psicólogo Tomas Chamorro-Premuzic, professor de psicologia empresarial na University College London e na Columbia University, além de associado do Laboratório de Finanças Empresariais de Harvard, recomendou cinco passos fundamentais para aumentar a inteligência emocional.

#1 Transformar o autoengano em autoconsciência

A personalidade, e consequentemente a IE, se molda, principalmente, com base na identidade e na reputação, explica Tomas. Para muitas pessoas existe uma disparidade entre os dois, o que pode fazer com que eles ignorem qualquer feedback negativo.

No entanto, a verdadeira autoconsciência consiste em conseguir ter uma visão realista dos próprios pontos fortes e fracos. Isso não vai acontecer sem feedback preciso, diz o psicólogo. Investir em avaliações baseadas em dados, como testes de personalidade e pesquisas de feedback é uma boa.

#2 Transformar o foco em si próprio em foco nos outros

Segundo Tomas, para quem tem níveis mais baixos de IE, é difícil visualizar as coisas pela perspectiva dos outros. Especialmente quando não há escolha certa ou errada. Desenvolver uma abordagem centrada nos outros começa com reconhecimento das forças, fraquezas e valores de cada um.

Em um contexto de trabalho, conversas frequentes com os membros da equipe levarão a um entendimento melhor de como motivar e influenciá-los.

#3 Agir de forma que torne a convivência gratificante

A convivência com pessoas que têm mais altos níveis de IE tende a ser vista como mais recompensadora. De acordo com o psicólogo, os mais “recompensadores” tendem a ser mais cooperativos, amigáveis, confiantes e altruístas.

Tomas diz que é importante garantir, sempre, um nível apropriado de contato antes de pedir ajuda ou passar uma tarefa a alguém. Além disso, procurar compartilhar conhecimento e recursos sem expectativa de reciprocidade.

#4 Controlar “explosões”

No mundo dos negócios, não é bom mostrar frustração sempre que surge um problema inesperado, explica o psicólogo. Então, se você é uma pessoa que tem o que ele chama de “muita transparência emocional”, é melhor se moderar.

Para fazer isso, é preciso perceber que situações tendem a desencadear sentimentos negativos. Detectando seus gatilhos, “você consegue evitar situações estressantes e inibir suas reações”, diz ele.

Procure trabalhar táticas que o ajudem a se tornar consciente sobre suas emoções, em tempo real. Não só sobre a forma que as sente, também em termos de como elas estão sendo vistas pelos outros.

#5 Mostrar humildade

Em questão de carreira, a autoconfiança, em certo grau, é vista como um traço inspiracional. Porém, o psicólogo afirma que os melhores líderes são os que parecem ser humildes. Estes transmitem segurança para a equipe.

“Encontrar um equilíbrio saudável entre assertividade e modéstia, demonstrando receptividade ao feedback e capacidade de admitir os erros, é uma das tarefas mais difíceis de dominar.”

Tomas explica que, no contexto profissional, é importante esconder a arrogância – caso ela exista – e mostrar humildade. Mesmo que ela tenha de ser fingida. Algumas atitudes a se considerar: acabar com o orgulho, escolher bem as brigas e procurar oportunidades para reconhecer os outros.

Soft skills, as habilidades sociais

Soft skills diz respeito às habilidades que lidam com a relação e interação com outros. “Habilidades como resiliência, empatia, colaboração e comunicação são todas competências baseadas na inteligência emocional e que distinguem profissionais incríveis da média”, afirma Daniel Goleman, psicólogo expert no assunto e autor do bestseller Inteligência Emocional.

O especialista, por sua vez, define o termo como “traços e comportamentos que caracterizam nossos relacionamentos com outros”.

Exemplos de soft skills em alta no mercado

  1. Colaboração: saber trabalhar bem em grupo
  2. Flexibilidade: saber se adaptar às mudanças
  3. Trabalhar sob pressão: gerenciar estresse sem perder o foco
  4. Comunicação eficaz: ouvir atentamente e se comunicar de maneira clara
  5. Orientação para resultados: atingir o resultado final da maneira mais eficaz possível
  6. Liderança de equipe: saber como motivar e engajar grupos

Habilidades sociais indispensáveis para qualquer profissional

As habilidades sociais variam de ser capaz de sintonizar os sentimentos de outra pessoa e entender como cada um pensa até a capacidade de negociação. Todas podem ser aprendidas na vida, contanto que se dedique tempo, esforço e seja perseverante durante o processo.

Por que elas interessam em todos os ambientes profissionais

O interesse pela inteligência emocional no local de trabalho vem do amplo reconhecimento de que essas habilidades diferenciam profissionais e líderes mais bem-sucedidos da média.

Isso é especialmente verdadeiro em funções em que todos têm que ter o mesmo nível técnico: nesses contextos, como as pessoas gerenciam a si mesmos e seus relacionamentos faz toda a diferença.

As 3 habilidades sociais mais valiosas no ambiente de trabalho

#1 Habilidade de comunicação

Habilidades de comunicação são vitais em qualquer ambiente de trabalho Você precisa ser capaz de ouvir os outros e também transmitir seus próprios pensamentos e, até mais importante, seus sentimentos. Da forma certa e levando em conta com quem se está se comunicando.

Bons comunicadores:

  • Praticam a escuta ativa: ouvem com atenção, sem estar apenas esperando sua deixa para “retrucar” e aguardam o outro falar sem interromper. Basicamente, ouvem todo o conteúdo, processam e só então respondem.
  • Certificam-se de que todos entendem o que é dito e buscam o compartilhamento completo e aberto de informações.
  • Sabem receber notícias não tão boas.
  • Lidam com situações difíceis antes de elas piorarem.
  • Agem de acordo com as “dicas emocionais” que os outros dão ao comunicar-se sobre seus sentimentos.

#2 Habilidade de cooperação

Esta habilidade social diz respeito a trabalhar bem com os outros, sendo produtivo e fortalecendo relações. As pessoas que têm altos níveis dela costumam ver a relação com a equipe como fator tão ou mais importante do que a atividade ou a meta.

Eles colaboram ativamente, compartilhando planos e ideias e trabalhando juntos para construir um todo melhor. Ao fazê-lo, promovem um clima cooperativo no qual todos se sentem convidados a contribuir. Além disso, também procuram ativamente oportunidades de trabalho colaborativo.

Com frequência, fazem com que a equipe tenha um desempenho melhor. Aqui, não se trata só de liderança formal, mas de procurar cooperar saudavelmente em qualquer função que se exerça.

#3 Habilidade de formar vínculos

É essencial para construir e manter relacionamentos com outras pessoas.

Desenvolver essa habilidade leva você a ter melhores relacionamentos. As pessoas que são boas nisso são grandes networkers, construindo e mantendo uma forte rede de contatos e conexões que lhe ajudam com acesso, suporte, informações, etc.

Quem tem boa habilidade de formar vínculos também trabalha em relacionamentos estabelecidos para mantê-los saudáveis.

Uma característica das pessoas que são boas nessa habilidade é que elas têm muitos amigos entre seus colegas de trabalho. É muito sobre a valorização dos outros: estar interessado e querer saber mais sobre eles de verdade.

Essas três habilidades não só fazem de você um profissional mais eficiente e te dão mais chance de ter alto desempenho e se destacar, como beneficiam enormemente as organizações. Por isso, costumam ser bastante procuradas em recrutamentos de todas as áreas.

Formas de desenvolver social skills?

Daniel Goleman apresenta algumas maneiras de desenvolver ou fortalecer as soft skills necessárias atualmente:

#1 Aprenda a se autorregular

“Se você aprender a administrar suas emoções, vai se recuperar rapidamente do estresse. Isso significa que quando você sentir uma emoção forte surgir, pode se tornar consciente dela, nomeá-la e deixá-la passar sem reagir instantaneamente.”

Para quem quer mergulhar mais profundamente no assunto, Goleman indica praticar meditação diariamente e treinar seu cérebro para lidar com as emoções.

#2 Aprenda a impor limites com gentileza

“Quando for interrompido, pratique se fazer esta pergunta: isso pode esperar? Posso deixar de lado? Você descobrirá que a resposta é quase sempre ‘sim’”, fala.

Comunique sua decisão com boa vontade e de maneira educada: líderes – e pessoas com boas soft skills – sabem se comunicar gentilmente

#3 Crie uma cultura pessoal de feedback 

A cultura de feedback é conhecida e fomentada no ambiente de trabalho, mas, segundo o especialista, seus benefícios são tantos, que ela deve ser cultivada também na vida pessoal.

Peça para amigos, colegas, professores, gestores e familiares – pessoas que o conhecem profissional e pessoalmente – avaliarem suas habilidades de soft skills e use as respostas para melhorar.

Sentimentos e emoções 

A Inteligência Emocional é relacionada à nossa habilidade de identificar os sinais internos do que estamos sentindo, e também a entender como eles se relacionam com todos os sinais externos que recebemos do ambiente ao nosso redor.

Agora, o campo da inteligência emocional diz muito respeito à identificação e regulação de emoções. E, em outros lugares, vemos as emoções sendo referenciadas também como sentimentos. Será que são a mesma coisa?

Um spoiler: emoções e sentimentos não são a mesma coisa. Inclusive, ao compreender a diferença entre os dois, o seu desenvolvimento em direção a uma vida mais emocionalmente saudável pode melhorar.

O que é emoção?

Imagine a seguinte situação: você acabou de chegar no aeroporto, e seu vôo já está na última chamada. Você sai em disparada pelo aeroporto, tentando passar pela fila enorme de pessoas aguardando na checagem de segurança… quando você avista o seu melhor amigo de infância, quem você não encontrava há anos. Antes que você possa falar alguma coisa, seus olhos lacrimejam de animação, e você esquece completamente da pressa que você estava sentindo.

A sua emoção é a resposta do seu corpo perante um estímulo externo. Essas reações no nosso estado bioquímico são ditadas pela amígdala, uma pequenina parte da região subcortical do nosso cérebro. É ela a responsável por ditar mudanças rápidas em nossos corpos a partir de uma ameaça, uma recompensa ou, como na nossa história, de um reencontro.

As nossas emoções, assim, precedem os nossos sentimentos, são físicas e bastante instintivas. Esse instinto vai além da espécie humana, e é o que explica quando sorrimos, o nosso cachorro balança o seu rabo – ele também tem essa reação emocional em seu corpo.

O que é sentimento?

Agora, sentimentos são as associações mentais que fazemos a partir de uma emoção. Ou seja, um sentimento é influenciado pela experiência pessoal de uma pessoa, assim como suas crenças, ou memórias.

Na história do aeroporto, você lacrimejou e sorriu de animação por ter compartilhado memórias e momentos felizes com o seu melhor amigo de infância. Agora, o sentimento poderia ser outro, caso essas memórias fossem infelizes, ou se você soubesse que esse seu amigo destratou um conhecido em comum em algum momento.

Nossos sentimentos são, assim, desencadeados por emoções, e coloridos por nossos pensamentos, memórias e imagens que estão inconscientemente atreladas àquela emoção em particular para você. Ou seja, enquanto seres humanos, nós possuímos um repertório emocional básico em comum, mas os sentimentos variam a cada indivíduo de acordo com as suas experiências e situações vividas.

Agora, importante também é saber que sentimentos podem desencadear emoções – o que forma um ciclo interminável de estímulos e emoções. É por isso que, por meramente pensarmos em cobras ou algum outro animal amedrontador, sentimos medo e temos um calafrio.

Quais são as emoções básicas?

Para decodificar as expressões características das emoções, um dos psicólogos mais reconhecidos no campo, Paul Ekman, viajou o mundo inteiro em busca do que fosse universal, compartilhado por todos e independente da cultura.

Disso, conseguiu mapear cinco emoções básicas universais:

  • Raiva
  • Tristeza
  • Desgosto
  • Medo 
  • Alegria

Elas são as mesmas que figuram como personagens no filme “Divertidamente”, no qual Ekman atuou como consultor especialista durante a produção.

Embora as cinco emoções mapeadas acima sejam encontradas em todos, seus gatilhos variam de pessoa a pessoa. Além disso, cada uma delas tem um propósito: as emoções não seguem a regra dicotômica bom/ruim – e não devem ser evitadas, mas sim compreendidas em suas particularidades.

Você consegue aprender mais sobre como decodificar emoções a partir de um projeto criado por Ekman em parceria com o líder espiritual e chefe de estado do Tibete Dalai Lama, o Atlas das Emoções.

A parte do cérebro que processa emoções (e onde nascem os sentimentos)

Não é mito que uma parte do cérebro processa as emoções – ela é conhecida como cérebro emocional. Enquanto o cérebro racional cuida do senso crítico e da capacidade de análise, o emocional promove as reações que dão origem aos sentimentos.

O cérebro emocional fica no sistema límbico, nome que se dá à parte frontal responsável por emoções, memória e aprendizagem. A parte que analisa riscos e vivências que posteriormente serão “resultarão” em sentimentos, é conhecida como Amígdala.

Autoconsciência

A autoconsciência emocional é um dos principais fundamentos da inteligência emocional – ao mesmo tempo em que é sua base, também é um primeiro passo essencial. Ela diz respeito à capacidade de entender suas próprias emoções e seus efeitos.

Basicamente, significa saber o que está sentindo e por que – e como isso te ajuda ou prejudica no momento -, ter noção dos próprios pontos fortes e fracos e até clareza sobre valores e propósito. Então, uma pessoa que possui essa habilidade bem desenvolvida tem conhecimento sobre o que sente e de que forma essas emoções afetam positiva ou negativamente o seu desempenho no contexto profissional e pessoal.

Claro que as pessoas têm diferentes níveis dessa capacidade de compreensão, mas é completamente possível (e vantajoso) desenvolver o seu.

“A autoconsciência emocional não é algo que você alcança uma vez e depois acaba. Em vez disso, todo momento é uma oportunidade para ser autoconsciente ou não. É um esforço contínuo, uma escolha consciente de ser autoconsciente. A boa notícia é que, quanto mais você pratica, mais fácil se torna”, diz Goleman.

Apesar de ter o foco mais interno, também abrange a chamada autoconsciência emocional “pública”, que é a percepção sobre como as emoções afetam os outros.

Segundo a psicóloga Shirley Canabrava, que conversou com o Na Prática sobre o tema, “olhar para fora” é essencial no aprendizado focado em identificar emoções. Observar o comportamento de outras pessoas aumenta o nosso referencial e ajuda, inclusive, a entender o jeito mais adequado de abordar cada pessoa e assim ter um retorno mais positivo para ambos os lados. Além de melhorar a capacidade de empatia.

Como desenvolver autoconsciência emocional

Shirley dá algumas dicas práticas para quem quer desenvolver a capacidade de autoconsciência emocional.

  1. Busque informações sobre o assunto – sites, canais no Youtube, páginas em redes sociais, livros, cursos, podcasts, etc;
  2. Encontre amigos ou se reúna com pessoas que estejam dispostas a conversar abertamente sobre esses temas;
  3. Identifique possíveis padrões nos seus comportamentos – começando por observar seu humor ao longo do dia, do mês, no trabalho e em casa, ao encontrar determinadas pessoas, etc;
  4. Responda a pergunta “o que estava passando pela minha cabeça no momento?” em situações que você perceber mudanças no seu humor – responda da maneira mais genuína e sincera (e quanto mais próximo da situação, mais você ajuda a sua memória a recuperar os pensamentos e sentimentos corretos);
  5. Pratique atividades que te ensinem e ajudem a se concentrar no presente e em você, como a meditação – especialmente práticas de mindfulness;
  6. Anote os aprendizados, descobertas e respostas que for tendo sobre você mesmo(a) para tentar driblar a preguiça e o esquecimento.

“Reflita se você quer mesmo iniciar esse processo, aumentar seu nível de consciência pessoal não é garantia de que você descobrirá apenas características das quais se orgulhe, mas isso também pode abrir um leque de oportunidades incríveis de melhoria”, destaca a especialista.

“São exatamente as pessoas que conhecem suas particularidades as mais capazes de compreender como podem mudar a sua forma de agir e utilizar essas características a seu favor para alcançar objetivos e obter melhores resultados.”

Autocontrole emocional

Autocontrole emocional é a habilidade de gerenciar emoções negativas ou desestabilizantes, inclusive em situações estressantes, enquanto se mantém operante e eficiente. A ideia aqui é, de fato, gerenciar, o que é completamente diferente de suprimir. A supressão não é sustentável visto que as emoções negativas são parte da vivência humana, e pode ter efeitos contrários.

Quanto mais se tem essa habilidade desenvolvida, mais a pessoa consegue exercer o autocontrole em contextos diferentes: uma coisa é ter uma conversa sincera com um amigo e outra é sentir frustração e raiva no ambiente de trabalho, por exemplo.

Como controlar a ansiedade no ambiente de trabalho?

O desenvolvimento dos transtornos de ansiedade tem sido fortemente relacionado ao ambiente de trabalho, diz a psicóloga especializada Mariângela Guerra. Muitos profissionais não conseguem gerenciar de forma saudável o grande volume tarefas ou metas agressivas, gerando um estresse mental que é um grande gatilho para que a ansiedade seja potencializada.

De modo geral, a ansiedade é uma reação biológica e fisiológica à percepção de ameaças à sua segurança ou perigo. Embora ela seja inevitável, em certos níveis pode prejudicar gravemente a saúde mental e a qualidade de vida.

No ambiente de trabalho, os sintomas podem ser percebidos em dificuldade de se concentrar, relacionamento com colegas e clientes, perda de prazos, problemas de insegurança e desistência de tarefas por medo de falhar, dentre outros. Confira algumas dicas da especialista para não deixar o distúrbio afetar seu desempenho no ambiente profissional.

#1 Seja flexível

Digamos que você sempre sonhou em ser um astronauta, mas percebeu que as tensões e a claustrofobia do trabalho estão lhe causando ataques de pânico. Só porque você sempre pensou que seria  um astronauta, ou já passou por treinamento, não significa que você tenha que seguir esse caminho.

Esteja aberto a trabalhos semelhantes que podem não ser exatamente o que você imaginava e que não possuem as mesmas situações de estresse. A NASA também precisa de profissionais na área de recursos humanos, marketing, planejamento e muitos outros. Não fique preso a uma ideia específica do que você deveria fazer.

#2 Seja realista sobre suas limitações

Se você tem ansiedade social, um trabalho que exige muita interação direta com o público pode te deixar totalmente estressado. Saber de antemão o que é um gatilho para a sua ansiedade pode ajudá-lo a descobrir potenciais zonas de perigo e a fazer as escolhas certas.

Para solucionar essa questão é possível utilizar a alocação de forma estratégica. Converse com seu líder sobre a possibilidade.

#3 Meditação e exercício físico

A preocupação é geralmente focada no futuro, e a meditação ajuda a trazer sua mente para o momento presente. A prática consiste em observar os pensamentos e deixá-los ir embora. Essa técnica pode ajudar você a identificar suas preocupações e a entrar em contato com suas emoções.

Fazer alguma atividade regularmente estimula o organismo a produzir endorfina, que causa sensação de bem-estar. Isso ajuda a aliviar os níveis de ansiedade e pode, também, ser um hobby para equilibrar seu cronograma.

Mas, afinal, o que é a motivação?

Motivação é a condição de influenciar a direção de um comportamento. Seu significado pode ser comparado aos das palavras: engajar, impulsionar e estimular.

O conceito pode ser aplicado em relação aos outros – como a capacidade que um líder tem de motivar -, mas seu outro lado é foco em um dos principais pilares da inteligência emocional: o da capacidade que alguém tem de se motivar – a chamada automotivação.

Como se automotivar?

Diante das mesmas expectativas, é fato que cada um responde de forma diferente. Por exemplo, uma situação em que se espera que os profissionais cumpram uma meta em um prazo estipulado. Alguns vão questionar o propósito, outros vão seguir o que foi proposto e outros simplesmente não vão agir. Mas por que essa diferença (essencialmente na característica da motivação pessoal) acontece?

A escritora Gretchen Rubin acredita ter encontrado a resposta. Durante a fase de pesquisas para seu livro “Better than Before: Mastering the Habits of Our Everyday Lives”, ela observou uma relação entre a personalidade e hábitos que as pessoas mantém. Partindo do pressuposto de que lidamos com dois tipos de expectativas: externas, como um prazo para entrega de resultados, e internas, como “parar de comer doces” – ela fez a pergunta: Como você responde a uma expectativa?

Na prática, Gretchen percebeu que a maioria se encaixa em quatro grupos distintos. São os que ela chamou de Defensores (Upholders), Questionadores (Questioners), Obrigados (Obligers) e, por último, os Rebeldes (Rebels).

A fórmula que a autora propõe é simples: entenda em qual deles você se encaixa, descubra o que te motiva e saiba como se automotivar para fazer o que precisa e até criar hábitos. Compreender como as quatro personalidades funcionam também ajuda a motivar os outros quando em um posição de liderança.

As 4 personalidades: entenda a sua para se motivar

#1 Defensores (Upholders)

Os defensores respondem prontamente às expectativas internas e externas. Eles não têm muito problema em cumprir compromissos, prazos ou manter resoluções.

Sua vontade de entender e atender ao que é esperado fomenta um instinto forte de autopreservação (de onde vem o nome da categoria), que contrabalanceia um pouco a disposição de cumprir o que os outros esperam.

No entanto, esse grupo tem dificuldade em situações em que as expectativas não estão claras. Eles podem se sentir compelidos a atender mesmo às que parecem inúteis e ficam desconfortáveis ​​ao infringir regras (até as completamente desnecessárias).

#2 Questionadores (Questioners)

Grupo dos que questionam todas as expectativas e só as atendem se acreditam que elas têm um propósito e podem ser justificadas. No geral, são pessoas motivadas por razão, lógica e justiça.

Os Questionadores decidem por si mesmos se uma ação é uma boa ideia, e resistem ao que parece arbitrário ou que não tenha finalidade válida. “Essencialmente, eles transformam todas as expectativas em expectativas internas”, resume a escritora. Isso faz com que sejam pessoas intelectualmente engajadas – dispostas a pesquisar incansavelmente para chegar as suas conclusões.

Nesse grupo, Gretchen destaca que as tentativas inesgotáveis de justificar qualquer atitude pode cansar os indivíduos.

#3 Obrigados (Obligers)

Os que são os Obrigados têm facilidade em responder às expectativas externas, mas não às próprias. “Eles não decepcionam os outros, mas decepcionam a si mesmos”, explica a autora. Resultado: dificuldade em se automotivar.

Esses precisam da responsabilidade exterior, com consequências – como prazos, taxas, medo de desapontar – a fim de atender a uma expectativa. Então, se um indivíduo desse grupo está com dificuldades em cumprir alguma atividade, provavelmente, é por conta da falta de responsabilidade externa.

O fato de se sentirem “obrigados” a cumprir todas as expectativas dos outros faz com que tenham dificuldade em dizer “não”. Em um certo momento, porém, podem atingir um ponto de rebeldia em que se negam a atender qualquer expectativa.

#4 Rebeldes (Rebels)

As pessoas que resistem a todos os tipos de expectativa compõem o grupo dos Rebeldes. Elas só escolhem agir a partir de um senso de escolha, de liberdade. Os rebeldes resistem ao controle – até mesmo ao autocontrole – e gostam de desrespeitar regras e expectativas.

Embora se recusem a fazer o que “devem”, conseguem atingir seus objetivos do seu próprio jeito. É um grupo que valoriza muito a autenticidade e a autodeterminação.

São indivíduos que, por vezes, desagradam os outros porque não se deixam ser solicitados ou instruídos. De acordo com Gretchen: “pedir ou dizer aos Rebeldes que façam algo faz com que eles façam exatamente o oposto”. Ou seja: quem está em volta sempre corre o risco de acordar seu “espírito de oposição”. Eles não conseguem nem dizer a si mesmos o que fazer – e isso é uma das fontes de frustração desse grupo.

Ao mesmo tempo, são muito motivados por desafios; na verdade, pela vontade de mostrar que são capazes. “Diga a um rebelde: ‘Não acho que você possa preparar o rascunho do relatório até sexta-feira’ e ele vai entregar na quinta-feira para provar que você está errado”, ilustra a escritora.

Utilizando a teoria das personalidades para se motivar

Tentar equilibrar seus estímulos, de acordo com seu estilo de personalidade, pode ser uma receita boa para se motivar. Outra é utilizar exatamente o que te motiva – estímulo externo, prazo, liberdade, etc. – para conseguir alcançar suas metas. Um Obrigado pode procurar alternativas para ampliar a responsabilidade interna – que não tem tanto efeito para ele – em relação à externa, por exemplo.

Encontrando motivação no trabalho

Ninguém está 100% motivado, 100% do tempo. Seres humanos são influenciados por uma miríade de fatores e é natural que, de vez em quando, você sinta que precisa encontrar motivação novamente.

O alicerce de todas as ações que podem te ajudar a encontrar (ou reencontrar) essa motivação é o autoconhecimento, que proporciona uma compreensão mais profunda sobre você mesmo e de onde vem os seus impulsos, estímulos e vontades.

Existem diversas formas de promover o autoconhecimento, desde sessões de psicoterapia a cursos, seminários, retiros e workshops. A Fundação Estudar, por meio do Estudar Na Prática, oferece desde 2016 um curso online de Autoconhecimento para quem quer se iniciar no tema.

Quando você começa a entender esse processo, é possível ressignificar suas experiências e se motivar – e a boa notícia é que não é preciso esperar a conclusão do curso para começar a botar algumas mudanças em prática. A seguir, listamos insights simples de especialistas em comportamento que podem te ajudar desde já:

#1 Conquiste pequenas vitórias

Teresa Amabile, professora da Harvard Business School e autora de O princípio do progresso: Como usar pequenas vitórias para estimular satisfação, empenho e criatividade no trabalho, diz que progresso é o maior motor da motivação.

“De todos os eventos positivos que influenciam a vida de trabalho interna, o mais poderoso é progredir num trabalho significativo. De todos os eventos negativos, o mais poderoso é o oposto do progresso: obstáculos”, escreveu ela.

Facilitar esse progresso é, portanto, o melhor jeito de se motivar. E quando ele acontece em pequenos passos consistentemente, surge uma sensação de movimento contínuo que pode fazer toda a diferença entre um dia ótimo e um dia terrível. “Pequenas vitórias tem um efeito positivo forte surpreendente”, continuou ela.

#2 Enfatize seu progresso

Para extrair o máximo de motivação possível do progresso, enfatize-o para si mesmo. Reflita sobre quão longe você chegou e o bom trabalho que fez. (Você pode fazer isso por colegas desmotivados também!)

Pensando no que já conquistou em retrospecto, fica mais fácil encarar novas tarefas e acreditar que você é capaz de fazê-las.

#3 Recompense-se

Quando fizer algo da sua lista, recompense-se de alguma maneira – isso é um motivador muito forte. Dê uma volta, passe cinco minutos no sol, coma algo gostoso, veja suas mensagens no celular, ouça uma música… O que quiser dentro dos limites do bom senso, especialmente se você for voltar a trabalhar logo!

Caso apenas pequenas recompensas não bastem, você pode testar algo mais radical, como dar R$ 100 para um amigo e dizer que, se até o fim do dia sua tarefa não estiver pronta, você não recebe o dinheiro de volta. Ficou sério de repente, certo?

#4 Foque no significado

Para Dan Pink, autor de Drive: The Surprising Truth About What Motivates Us que gravou uma TED Talk viral sobre motivação, propósito também é um motivador forte. “Estou fazendo algo a serviço de uma causa maior ou, pelo menos, fazendo uma contribuição para o mundo?”, questiona.

Autossabotagem

Em algum momento da vida, as pessoas costumam tomar atitudes que vão na direção contrária aos seus interesses. Seja por meio de palavras, omissão ou procrastinação, todo mundo é suscetível, e eventualmente pratica, a autossabotagem. O psicólogo organizacional Igor Barros afirma que a autossabotagem é um hábito do ser humano.

“Muitas vezes, as pessoas inconscientemente começam a pensar que não são capazes e desenvolver comportamentos que deixam seus planos apenas no mundo das ideias. A autossabotagem acontece no momento que elas começam a se burlar para que que não aconteça algo para elas”, explica.

Especialista em desenvolvimento humano, Israel Augusto complementa que a autossabotagem pode acontecer de forma consciente ou inconsciente. “Na maioria das vezes, ela é inconsciente porque grande parte das nossas ações diárias também são. Existem pesquisas que mostram que o nosso cérebro age em modo automático entre 90% e 95% do tempo. A nossa forma de agir e de pensar está automatizada e o nosso cérebro acaba criando esses padrões de pensamento e de comportamentos para diversas situações e estímulos”, esclarece.

A dupla garante que todos os indivíduos, eventualmente, se autossabotam, em maior ou menor grau e dependendo da situação. Exemplificando formas de autossabotagem no trabalho, Igor Barros indica que o processo está ligado ao medo e à autocobrança.

“O profissional começa a se cobrar, mas ao mesmo tempo não sabe como chegar onde quer. Então, ele entra em um ciclo doentio de não conseguir ser igual ao que desejava ser. Algumas pessoas apresentam burnout, que é o estresse elevado. Outro caso muito comum são as crises de ansiedade, relacionadas a pessoas com bloqueio de evolução”, aponta.

O psicólogo ressalta que as pessoas costumam ligar à autossabotagem no trabalho a alguma forma de bloqueio, mas nem sempre é isso que ocorre.

“Uma das formas mais comuns de autossabotagem, que as pessoas não percebem, é ter uma cobrança de resultados muito elevados, se forçar a entregar algo, ser diferente ou fazer mais. A autossabotagem começa silenciosamente, mas pode apresentar sintomas físicos como palpitações, sudorese, dificuldades de dormir e até sensações de pânico”, destaca.

O processo de autossabotagem geralmente é fundamentado em uma crença, conforme explica Israel.

“Vem de algo que eu acredito que é verdade. São pensamentos recorrentes e padrões de pensamentos instalados em mim, que geralmente são fortes. Nosso crítico interior tem muito impacto nisso. Todos nós temos medo de alguma coisa e é essa emoção que nos faz adquirir comportamentos sabotadores”, revela.

Formas de driblar a autossabotagem

#1 Mantenha relacionamentos assertivos com os colegas

Se você é capaz de conversar com os pares, entender a realidades de situações e fatos relacionados a elas provavelmente não irá recorrer a comportamentos precipitados que podem ser sabotadores. Os especialistas afirmam que, além da realidade, existe a interpretação individual de cada um, por isso é essencial manter relações francas e baseadas em fatos.

#2 Pratique o autoconhecimento

Para sair do ciclo de autossabotagem, o primeiro passo é tomar consciência dessa ação ou omissão. Se conhecer melhor é uma ação que depende de você e potencializa o processo de mudança. Com o autoconhecimento,  é possível desligar o piloto automático e questionar padrões, habilidades, crenças e valores.

#3 Peça feedback

Pessoas do seu convívio pessoal podem ter uma percepção melhor da sabotagem de colegas e isso pode ser transmitido com feedbacks efetivos.

#4 Transforme os hábitos sabotadores

Se você já identificou situações em que costuma se sabotar, pode traçar um plano ou fazer um planejamento para aprender a construir um novo hábito que seja mais positivo e alinhado com seus objetivos.

Os especialistas apontam que os líderes tem um papel fundamental em impedir que seus colaboradores perpetuem atitudes autossabotadoras. Isso pode ser feito por meio do feedback, da valorização de competências socioemocionais (como a inteligência emocional), ajudar a inserir palavras e hábitos positivos, da motivação e acompanhamento das equipes.

Empatia

O que é empatia? Segundo o filósofo australiano Roman Krznaric, empatia é sobre “achar a humanidade compartilhada”. Considerado uma autoridade no assunto, o especialista é autor do livro “O poder da empatia: A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo”. Além disso, é membro docente e fundador da The School of Life, de Londres, e professor de Sociologia e Política na Universidade Cambridge e na City University.

O que é empatia? “Calçar o sapato do outro”?

Em muitas ocasiões, a prática da empatia é resumida por “calçar o sapato do outro”. Embora não esteja errado – até o filósofo utiliza essa descrição – abre margem para uma possível interpretação (e experiência) erradas. “Não é apenas sobre calçar os sapatos do outro com os seus próprios preconceitos e estereótipos”, destaca ele.

É necessário ter uma mentalidade aberta para conhecer. Entre outras coisas, isso significa fazer conexões inesperadas, sair da forma usual de pensar e falar, se preciso, superar barreiras (preconceitos, esterótipos, etc.).

“Quase não existe jeito melhor de desafiar seus preconceitos e estereótipos sobre alguém do que falar com essa pessoa e ouvir o que eles têm a falar”, afirma Krznaric, “e você pode muito bem descobrir que estava errado e isso te ajuda a não transferir muito de si mesmo”.

Por que ela é aliada no ambiente de trabalho 

Segundo o especialista, a empatia é o que cria bons relacionamentos, tão indispensáveis para ser bem-sucedido em qualquer ambiente de trabalho. Mas como fazer isso, de fato? “A chave é desenvolver a habilidade de ‘ouvir empaticamente’”, explica Kznaric.

Isso significa, primeiro, saber ouvir outras pessoas sem interrompê-las e dar oportunidade para que elas se abram. E também se atentar a dois tipos de informações, que o interlocutor pode passar até inconscientemente: sentimentos e necessidades.

“A ‘habilidade de ouvir empaticamente’ realmente unifica as organizações e faz os relacionamentos funcionarem. E isso é, de fato, crucial para uma carreira de sucesso.”

Compreensão interpessoal

Para ser comunicar efetivamente com diversos grupos, compreensão interpessoal e empatia são habilidades de extrema importância. Isso porque, por meio delas, é possível entender intenções, motivações e desejos de outras pessoas, o que torna os relacionamentos interpessoais mais fáceis.

Apesar dessas características serem valorizadas, principalmente no mercado de trabalho, o Brasil ocupa a 51ª posição no ranking mundial de países empáticos, de 63 nações analisadas, segundo pesquisa da Universidade de Michigan. Entenda mais sobre os conceitos e como desenvolver essas competências.

O que é?

Neuropsicólogo e mestre em processos de desenvolvimento humano, Fabrício Almeida explica que compreensão interpessoal e empatia são traços que começam a ser desenvolvidos na infância.

“Desde muito cedo, somos programados a perceber nuances no rosto dos seres humanos e nos comportamentos sociais que nos indicam o que o outro está sentindo ou pensando. A partir da  capacidade de compreender e atribuir estados mentais a si e aos outros (conhecida como teoria da mente), a criança começa a conseguir funcionar socialmente”, esclarece.

Por meio desse cenário, nasce a empatia, uma forma de “achar a humanidade compartilhada”, segundo Krznaric. “A empatia vem da percepção da necessidade e da vontade do outro”, complementa Fabrício. Nesse sentido, a compreensão interpessoal se alia como uma maneira de entender as emoções e pensamentos dos diversos indivíduos que compõem um grupo.

Empatia e produtividade: uma relação inusitada

Além de beneficiar a criação de relacionamentos significativos, e primordiais para a trajetória profissional, Krznaric explica uma relação existente entre a empatia e produtividade. Na realidade, são duas as relações, mas uma reforça a empatia e sua importância, inclusive no trabalho.

“Uma das coisas que diminui a empatia é um desejo de eficiência e velocidade”, diz o especialista sobre a primeira das associações, que é inversamente proporcional. Por exemplo, se você está correndo para não se atrasar para uma reunião e passa por alguém que precisa de cuidado ou de ajuda, há menos chances de parar, segundo estudos.

De outro lado, há mais chances de se criar um ambiente de trabalho produtivo se existem relacionamentos altamente empáticos, porque as pessoas compartilham informações e aprendizado. “Pensamos em eficiência como sendo racional e empatia como sendo emocional. No entanto, essas coisas sempre trabalham juntas.”

Desenvolva sua capacidade de empatia

Reunimos algumas dicas do filósofo Krznaric e do neuropsicólogo Fabrício sobre as melhores formas de desenvolver a empatia.

#1 Coloque-se em contexto

A prática de se colocar no lugar do outro é fundamental para aprimorar a empatia e a compreensão interpessoal, afirma o neuropsicólogo. “Vivemos em uma sociedade que cada vez mais isola os seres humanos e faz com que eles sejam autocentrados.

Então, a primeira coisa a se fazer para desenvolver essas habilidades é estar em um local social, como um grupo ou time. Profissionais que trabalham em casa, por exemplo, são menos propensos a ter feedback social e desenvolver essas competências interpessoais”, aponta.

#2 Desenvolva autoconhecimento

Buscar o autoconhecimento também é uma ferramenta valiosa para fortalecer a empatia e a compreensão interpessoal. “Se você conhece seus limites, sabe fundamentar suas opiniões e tem uma autoestima fortalecida, acaba não se privando de entrar em situações que possam colocar em cheque o que você acredita. Consequentemente, isso aumenta a probabilidade de troca com outras pessoas e isso puxa a empatia”, analisa Fabrício.

Além disso, trabalhar a inteligência social é primordial para existir em uma sociedade exige os mesmos comportamentos em momentos e maneiras distintos.

#3 Fomente sua curiosidade sobre os outros

“Desenvolva sua curiosidade sobre os desconhecidos conversando com um estranho uma vez por semana. Fale com alguém que é diferente de você – a mulher que lhe vende jornal ou pão a cada manhã. Tente ultrapassar a conversa superficial, porque é sobre achar a humanidade compartilhada, desafiar suposições.

#4 “Ouça” os sentimentos

“Pense ‘como posso praticar empatia nas minhas relações cotidianas?’ Em particular, ouvindo empaticamente. Como eu posso realmente ouvir meu filho, filha, marido, esposa, colega de trabalho, e realmente praticar a habilidade de ouvir os sentimentos e necessidades das pessoas.”

#5 Lute por alguma causa que te move

“A terceira coisa é [pensar] ‘como posso me empenhar em ser empático em uma comunidade maior?’, ‘como posso fazer parte de um movimento?’. É sobre entender a perspectiva dos outros e lutar pelos direitos de quem a humanidade foi marginalizada.

O que você pode fazer? Quais são as causas com que você se importa? E acho que os seres humanos prosperam quando são parte de algo maior do que eles mesmos.”

As melhores palestras sobre inteligência emocional

A fim de assistir uma palestra de inteligência emocional? Selecionamos três boas TED Talks sobre o tema, confira:

Daniel Goleman

Na primeira palestra sobre inteligência emocional recomendada, Daniel Goleman, especialista referência mundial e autor de “Inteligência Emocional”, pergunta por que não somos mais compassivos na maior parte do tempo.

Natalie Fratto

Quando a investidora de risco Natalie Fratto escolhe qual fundador de startup apoiar, ela não procura apenas inteligência ou carisma; ela procura por adaptabilidade.

Em sua TED Talk, Natalie compartilha três maneiras de medir seu “quociente de adaptabilidade” – e mostra por que sua capacidade de responder às mudanças (um traço de altos níveis de inteligência emocional) realmente importa.

Tiffany Watt Smith

As palavras que usamos para descrever nossas emoções afetam o modo como nos sentimos, diz a historiadora Tiffany Watt Smith. E elas frequentemente mudam (às vezes de maneira dramática) em resposta a novas expectativas e contextos culturais.

Nesta palestra, aprenda mais sobre como a linguagem que usamos para descrever como nos sentimos continua evoluindo.

3 livros sobre inteligência emocional

#1 “Inteligência emocional”, de Daniel Goleman

Nesta obra, Daniel Goleman traduz algumas importantes descobertas neurológicas acerca do tema de inteligência emocional para o público leigo, além de explicar como essa base científica apoia suas teses mundialmente famosas.

#2 “Autocompaixão”, de Kristin Neff

Em “Autocompaixão: Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás”, a professora, escritora e palestrante americana Kristin Neff – doutora em Desenvolvimento Humano pela Universidade de Berkeley, na Califórnia – fala sobre a autocompaixão e a necessidade de autoconhecimento como fonte geradora de empatia entre os seres humanos.

#3 “Agilidade emocional”, de Susan David

Em “Autocompaixão: Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás”, a professora, escritora e palestrante americana Kristin Neff – doutora em Desenvolvimento Humano pela Universidade de Berkeley, na Califórnia – fala sobre a autocompaixão e a necessidade de autoconhecimento como fonte geradora de empatia entre os seres humanos.

Bônus: “10 leituras essenciais: inteligência emocional”, da Harvard Business Review

Seleção de 10 artigos escritos por especialistas no assunto, compilados pela Harvard Business Review entre centenas de textos publicados na tradicional revista com o objetivo de ajudar no aprimoramento de habilidades e dos relacionamentos.

Você conhece o curso de inteligência emocional?

Sabia que a Fundação Estudar – organização da qual o Na Prática é uma das iniciativas – tem um curso de inteligência emocional para te ajudar a desenvolver a sua? Com o curso Inteligência Emocional Na Prática, você aprende a usar as emoções a seu favor para uma vida mais equilibrada.

São cinco módulos presenciais de conteúdo focado nos temas de:

  1. Autoconhecimento emocional
  2. Autorregulação emocional
  3. Automotivação
  4. Empatia
  5. Relacionamentos interpessoais

"Inteligência Emocional: entenda o que é, a importância e como desenvolver" foi originalmente publicado pelo portal Na Prática da Fundação Estudar.

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