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Trainees estão cara a cara com quem decide

Cada vez mais top executivos têm acompanhado de perto o processo seletivo dos trainees. Saiba o que eles estão observando


	O alto escalão está cada vez mais próximo dos processos seletivos de trainees
 (Luca Baroncini/Stock.xchng)

O alto escalão está cada vez mais próximo dos processos seletivos de trainees (Luca Baroncini/Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 16h39.

São Paulo - Você já pensou em como reagiria ao saber que está sendo observado pelo presidente da empresa em que pretende trabalhar?

Ou descobrir que está sendo questionado diretamente por ele na apresentação de um painel de negócios? Se você acha que os altos executivos de uma organização dificilmente deixariam suas atividades para se envolver na avaliação de alguns jovens, prepare-se, pois pode ser que você se surpreenda. Isso tem sido cada vez mais frequente. 

Felipe Guimarães, superintendente comercial da América Latina Logística (ALL), passou por essa situação quando ainda era candidato a trainee da companhia. "Nas seletivas, fui entrevistado pelo atual presidente da ALL, Paulo Basílio", diz Felipe. "O programa de trainee é considerado um mapa de sucessão da diretoria da organização", afirma Melissa Werneck, diretora de gente e qualidade da empresa.

A maior prova disso é que até o presidente é egresso de um dos programas de trainee da ALL. "A escolha dos jovens é uma decisão compartilhada do comitê da diretoria", diz Melissa. 

Os altos executivos da ALL assistem às etapas presenciais da seleção. É uma forma de mostrar aos trainees o alto grau de comprometimento com o programa. Desde o primeiro ano na organização, o trainee da ALL tem metas individuais a entregar. E os desafios por lá são grandes mesmo, já que, ao fim do programa, o jovem pode comandar equipes de até 200 pessoas.

Para escolher os candidatos mais adequados, os diretores avaliam questões específicas e que estão relacionadas ao jeito de fazer as coisas na organização. "Observamos o potencial de liderança, a capacidade de analisar e solucionar problemas. Mas, principalmente, se é uma pessoa que sonha grande", diz Melissa. 

 Transparência

Para Manoela Costa, gerente da consultoria Page Talent, especializada em recrutamento de trainees, a participação de altos executivos permite aos candidatos vislumbrar com maior clareza quais são as expectativas sobre o trabalho deles, qual a cultura e como será o dia a dia na empresa.


"Muitos desistem ali mesmo, durante o processo, ao perceber que não se identificam de verdade com aquele grupo", diz Manoela. Por outro lado, para os candidatos que decidem permanecer na disputa por uma vaga, o grau de conhecimento sobre a companhia e seus executivos ganha muito mais peso.

"Há pessoas que mostram que vieram participar do nosso processo porque ficaram encantadas com nosso estilo de trabalho. Chama atenção aquele candidato bem informado, que conhece a história da empresa", diz Marcelo Alecrim, presidente do grupo Ale, de combustíveis.

Para ele, a presença da diretoria na seleção dos trainees cumpre a missão de fazer com que a organização, mesmo em constante crescimento, não perca a essência que garantiu seu sucesso até agora. "Precisamos encontrar pessoas que, além de competentes e talentosas, tenham o nosso DNA", diz ele. "Observamos a capacidade de inovação, a flexibilidade diante das mudanças, a sociabilidade e a disponibilidade para pedir ajuda", explica Marcelo. 

Quem demonstra um profundo grau de conhecimento sobre a empresa também ganha pontos nos processos de trainees da Usiminas. “Avaliamos na fala dos candidatos se eles estudaram a Usiminas, se estamos no projeto de carreira e de vida deles ou se é apenas mais um processo seletivo”, diz Vanderlei Schiller, vice-presidente de RH e desenvolvimento organizacional.

Para ele, são esses os jovens que demonstrarão a perseverança necessária diante da possibilidade de serem transferidos para cidades pequenas, no interior do país, ou da necessidade de trabalhar a cada semana em turnos alternados, inclusive à noite. "Nós vamos observar se o candidato está confortável com isso ou se remexeu na cadeira quando falamos dessas hipóteses, por exemplo", diz Vanderlei. 

Bagagem pessoal

Ter uma história de vida e perfil em sintonia com os valores que a empresa cultiva ou quer desenvolver também são pontos avaliados pelos executivos.


"Se destaca quem tem um misto de conhecimento sólido, vontade de abraçar os desafios e uma bagagem de vida interessante. Temos na empresa pessoas que escalaram o Himalaia ou que fizeram trabalho voluntário na África. Essas experiências, que mostram o grau de perseverança e doação, podem ser o diferencial de um candidato", diz Alexandre Mafra, diretor de RH da Totvs, do setor de TI.

De acordo com Manoela Costa, da Page Talent, por estarem profundamente integrados à cultura da organização os altos executivos identificam instintivamente os candidatos mais alinhados ao perfil que estão buscando.

"Eles batem o olho e veem alguém que se parece muito com um gestor da companhia ou com eles mesmos, e daí está criada a empatia”, diz a recrutadora Manoela.

“Observamos se o candidato está ensaiado e dá respostas padronizadas, ou se é autêntico e se o que verbaliza é coerente com as atitudes e decisões que tomou ao longo da vida. Buscamos pessoas que acreditam no que dizem", afirma Sônia Marques, diretora de RH da Johnson & Johnson, onde o programa de trainee entra na pauta do planejamento estratégico da organização e conta com a participação de profissionais sêniores já nas etapas iniciais, como os jogos presenciais e as dinâmicas a que os candidatos devem participar. 

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