Cada mercado, uma sentença
As 150 melhores empresas de 2013 pretendem abrir 39.624 vagas Até dezembro. o volume é maior do que o de 2012, mas não representa um aquecimento em todos os setores
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2013 às 16h39.
São Paulo - No primeiro semestre de 2013, a taxa de desemprego no país atingiu o nível histórico de 5,7%, o mais baixo para o período nos últimos dez anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ).
Muitas das empresas classificadas nesta edição do Guia fizeram contratações nessa época, mas as projeções para os próximos meses são bem mais tímidas se comparadas aos anos anteriores. Até dezembro, elas planejam abrir, juntas, 39.624 vagas, um aumento de 25,5% em relação a 2012 e de 43% sobre 2011.
Mas os números não refletem um aumento real: das 23.140 vagas do varejo — que representam 41,6% do total —, 20.050 são apenas para o McDonald’s, graças a uma política de renovação anual de todo o quadro de atendentes.
"Faz parte da estratégia do nosso negócio oferecer oportunidades para o primeiro emprego. Por isso, o turnover médio entre os atendentes é de 100%. Mas a rotatividade entre os gestores é de menos de 8%", afirma Ana Teresa Apolaro, diretora de RH .
Se as oportunidades no McDonald’s não fossem contabilizadas, a quantidade de contratações previstas seria menor do que a dos dois anos anteriores. Faz sentido. Em 2010, a economia brasileira cresceu 7,5%.
"É evidente que não dá para manter esse ritmo e bater recordes, a não ser em segmentos específicos", diz Marcelo Cuellar, headhunter da consultoria de recrutamento Michael Page. "Não significa que exista uma crise, apenas uma manutenção de quadro que permite enfrentar diferentes cenários."
Se você está em busca de um emprego, saiba que o varejo é o setor que concentra as maiores oportunidades. Mantendo as características do segmento, com altas taxas de rotatividade, as varejistas pretendem abrir vários postos de trabalho — independentemente de inflação, juros altos e endividamento das famílias.
Algumas redes colocaram nessa conta não só a troca natural do quadro mas também os planos de expansão que vão obrigar a contratar mais gente — e logo.
É o caso da Renner, que tem aberto uma média de 30 lojas por ano e planeja passar de 14.840 funcionários para 15.600 até dezembro. Apenas quatro das 14 varejistas presentes na lista das 150 aguardam o mercado dar sinais de recuperação para projetar aumento das equipes.
O setor de serviços vem logo atrás na intenção de abertura de vagas, principalmente entre as que atuam no segmento de infraestrutura. Uma delas é a Ecorodovias, que acaba de iniciar a administração do trecho da BR-101 entre o Rio de Janeiro e a divisa com a Bahia.
"Até 2014, contrataremos cerca de 530 funcionários", diz Cláudio Costa, diretor corporativo de gestão de pessoas. "Esse segmento vai permanecer aquecido por pelo menos mais cinco anos, porque vários leilões de concessão de rodovias e aeroportos e de reorganização das áreas portuárias estão acontecendo no país."
O bom desempenho desse mercado repercute também na construção. A UTC Engenharia, que opera no ramo de manutenção industrial, concentra 81% das vagas do setor. Para quem é da área de saúde, a notícia também é boa. O setor de serviços na área médica está em expansão.
São vários os hospitais neste Guia que estão ampliando seus espaços ou construindo novas áreas. Só o Albert Einstein, em São Paulo, deve abrir 2 000 vagas até o fim do ano.
"Vamos aumentar nosso centro oncológico e construir uma nova unidade de treinamento", diz Miriam Branco da Cunha, diretora executiva de RH. Bens de consumo completam o time dos setores líderes em abertura de vagas.
O Grupo Boticário responde por quase metade delas. "Além de ampliar o centro de pesquisas, no Paraná, a companhia deu início à construção de uma fábrica e de um centro de distribuição na Bahia e ainda agregou as marcas Eudora, Quem disse, Berenice? e The Beau ty Box nos últimos anos", diz Lia Azevedo, diretora executiva de RH e sustentabilidade.
O único setor que ainda não tem planos de contratar é o da mineração, reflexo de um clima de incerteza. Um projeto enviado ao Congresso Nacional prevê a mudança das regras de concessão das áreas de minério. Hoje, a companhia que faz pesquisas em uma região para saber se ela é viável economicamente tem preferência nos direitos de exploração.
Se aprovada a lei, haverá licitação para promover a concorrência entre quem quiser assumir a atividade. "Isso favorece as empresas de grande porte, que podem dar lances maiores", afirma Denise Retamal, diretora executiva da consultoria Rhio’s.
"Os investidores estão cautelosos, porque não sabem se terão os direitos de exploração depois de colocar milhões de reais numa sondagem que pode durar até quatro anos." Com isso, o mercado se retrai.