Bayer abre trainee para profissionais negros e com salário de R$ 6,9 mil
O programa de trainee 2021 aceita jovens de todo o Brasil, de qualquer curso e não exige teste de inglês
Luísa Granato
Publicado em 18 de setembro de 2020 às 12h43.
Última atualização em 23 de setembro de 2020 às 11h43.
A Bayer , empresa química e farmacêutica alemã, abre nesta-sexta-feira, 18, as inscrições para um programa inédito de trainee com vagas exclusivas para profissionais negros .
São 19 vagas voltadas para a valorização étnico racial e no desenvolvimento de carreira para posições de liderança.
“Estamos falando do maior programa que já lançamos e que é resultado de um processo dentro da empresa que vem caminhando há um tempo, com uma série de medidas para reforçar o compromisso da empresa com diversidade e inclusão”, fala Maurício Rodrigues, vice-presidente de Finanças da Bayer Crop Science.
O executivo é o patrocinador do grupo BayAfro, a vertente do grupo de diversidade que trabalha a temática racial. Segundo ele, a companhia colocou um direcionamento muito claro de que precisa ser inclusiva para inovar. Um dos trabalhos feito internamente foi o de educar os colaboradores para trabalhar vieses inconscientes.
“Não adianta só trazer a pessoa para dentro da empresa, você precisa trabalhar para assegurar que o ambiente é inclusivo. E outro lado é o desenvolvimento das pessoas que contratarmos para termos equidade”, explica o VP.
Para reforçar esse compromisso, a Bayer implementou paralelamente um novo programa de mentoria da BayAfro para os colaboradores que já trabalham lá. Serão 16 estagiários e analistas juniores que passarão três meses sendo orientados por outros profissionais mais experientes de diversas áreas.
Hoje, a Bayer possui cerca de 430 estagiários no Brasil, e 120 representantes da população negra. Para a primeira turma do programa de mentoria, foram escolhidos 13 estagiários e três analistas.
Segundo Elisabete Rello, líder de Recursos Humanos, a mentoria e o programa de trainee com o maior número de vagas nos últimos 10 anos são investimentos da Bayer para uma inclusão que vai além do currículo.
“Queremos entender os valores e propósito que movem as pessoas, queremos ajudá-las a realizar suas aspirações, respeitando as experiências de vida. Queremos que o programa seja uma fonte valiosa de novos talentos, buscando conciliar necessidades dos negócios e expectativas das pessoas”, afirma.
Para se candidatar ao Programa Liderança Negra, os profissionais negros devem ter graduação (superior ou tecnólogo) completa ou pós-graduação, entre dezembro de 2017 e dezembro de 2020. Não há restrição de curso, os perfis serão selecionados de acordo com as necessidades de cada área.
O processo também não terá teste de inglês. A empresa vai oferecer um auxílio para o aprendizado da língua aos contratados que precisarem e todos passarão por uma trilha de desenvolvimento.
As oportunidades são nas cidades de São Paulo (SP), Belford Roxo (RJ), Camaçari (BA), Petrolina (PE) e Uberlândia (MG).
“Queremos trazer pessoas com alto potencial, resiliência e condições de se adaptar. Algumas restrições tradicionais não faziam sentido para esse objetivo e fizemos esforços para tirar essas amarras. Outras aprendizagens técnicas podem ser aprendidas dentro da companhia”, explica Rodrigues.
Para o vice-presidente, existem passos necessários e ações efetivas a serem feitas para haver uma mudança real. Ele fala que a iniciativa da Bayer representa uma tentativa, que está sujeita a erros e aberta para melhorias no futuro. “Queremos continuar crescendo e que essa não seja uma iniciativa isolada. Queremos também dar luz a um problema da sociedade e mostrar uma jornada que começou a anos”, fala.
“Eu olho para trás na carreira e fui trainee em um grande banco há 22 anos, quando o tema de diversidade nem era falado. Eu tive oportunidades pelos meus pais terem quebrado um ciclo e entrado no ensino superior. Mas sei que não é a realidade para todos”, comenta ele.
As inscrições ficam abertas até o dia 21 de outubro pelo site da Cia de Talentos. E na divulgação do programa, a Bayer não colocou atores, mas funcionários reais da companhia.