Armadilhas da grana: descubra quais são e aprenda a evitá-las (Daniel Vincent)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2015 às 08h56.
Na hora de investir, até gente com experiência de mercado pode cometer enganos. Acostumados a se deparar com situações assim, economistas e professores da Fundação Getulio Vargas de São Paulo prepararam um livro em que identificam deslizes na relação das pessoas com suas aplicações. Em Armadilhas de Investimento — O Que Você Não Deve Fazer ou Deixar Que Façam com Seus Investimentos Financeiros, os autores Paulo Tenani, Roberto Cintra, Ernesto Leme e Caio Weil Villares identificam cinco erros que acometem tanto pequenos investidores quanto gestores de fortunas e oferecem lições sobre o que não fazer na hora de colocar o dinheiro para render. “Existem centenas de livros sobre investimentos dizendo o que se deve fazer, mas poucos que dizem o que não fazer”, segundo Tenani, professor da Escola de Economia da FGV/SP e ex-executivo com passagem por bancos como Citibank e UBS. A obra foca investidores de maior fôlego, mas as lições são válidas para quem tem pequenos volumes de dinheiro para aplicar. Fique atento às pegadinhas apontadas e faça seu dinheiro render.
1ª ARMADILHA: Falta de controle
A responsabilidade sobre o dinheiro é do dono. Escolher uma aplicação sem conhecê-la é um risco. Muita gente faz uma avaliação superficial dos investimentos e depois se percebe incapaz de saber se fez uma boa escolha. “O dono do dinheiro tem de deixar a ingenuidade de lado, desconfiar e se informar”, diz Tenani. Não vale delegar a função para alguém, como o gerente do banco. Ele tem interesses próprios, como metas a cumprir, e não vai necessariamente oferecer as melhores opções.
Como se prevenir
Se você não é um investidor profissional, precisa fazer um esforço para estudar as opções disponíveis. Extraia do gestor do fundo ou do gerente do banco o máximo de informações. Faça cursos de educação financeira para se apoiar.
2ª ARMADILHA: Ignorar os riscos
No livro, a segunda armadilha é chamada de O Superinvestidor, alusão ao cliente que encontra um gestor de fundos excessivamente confiante que não expõe corretamente os riscos do negócio. Na vida do investidor individual, a metáfora se aplica a quem recebe um mau aconselhamento e constrói uma visão distorcida sobre aquela modalidade. Toda aplicação tem risco e é preciso entendê-lo. “Às vezes, uma ação em bolsa pode ser um investimento mais sólido do que um imóvel”, diz Tenani. “Depende do contexto.”
Como se prevenir
Certifique-se do tipo de investimento que o banco ou o gestor fará. Pergunte sobre os riscos envolvidos. Pecar pelo excesso de desconfiança é melhor do que pecar pela ingenuidade. Por isso, informe-se, estude, questione e leia as letras miúdas dos contratos.
3ª ARMADILHA: Conflito de interesses
Bancos e corretores de ações, gerentes, gestores e analistas são entidades e profissionais com seus próprios estilos, motivações e estratégias de investimentos. Não devem nunca ser tratados como entidades neutras. Acreditar nisso é outra ingenuidade comum entre investidores. Cuidado, por exemplo, quando o gerente oferece uma aplicação com retorno “muito bom”. Pode ser que seja bom para o perfil dele, mas não para o seu.
Como se prevenir
“Em uma estratégia de investimento, deve-se sempre levar em consideração a fase da vida em que se está, os anseios e as necessidades individuais”, diz Tenani. Conheça seu perfil antes de escolher a aplicação.
4ª ARMADILHA: Falta de disciplina
De acordo com o próprio perfil, um investidor deve criar uma estratégia financeira de médio e longo prazo que precisa ser respeitada mesmo nos períodos de baixa. Quando a disciplina de investimentos é quebrada, os objetivos são abandonados e se adota um comportamento de manada — geralmente fazendo com que se perca muito dinheiro. “Investir requer pouca emoção e muita racionalidade”, diz Tenani.
Como se prevenir
Se você é uma pessoa ansiosa, evite ficar checando as oscilações do mercado. Não se desespere, não dê ouvidos a boatos e, a não ser que seja extremamente necessário, não venda ou faça uma retirada do investimento durante uma fase de turbulência. “Investir não é apenas usufruir do retorno mas também estar preparado para as crises. Elas vão acontecer e devem ser parte de uma estratégia de investimentos”, diz Tenani.
5ª ARMADILHA: Risco sem retorno
Muita gente fica deslumbrada com as possibilidades de ganhar dinheiro e embarca em investimentos de sucesso improvável. Trata-se da ilusão de que o retorno será proporcional ao tamanho do risco. Outro erro é aumentar o risco imprudentemente, engano cometido por quem não diversifica a carteira — ou seja, aposta todas as fichas em um único investimento.
Como se prevenir
A escolha do investimento deve ser um balanceamento entre risco e retorno esperado. “Não é porque determinada estratégia é complexa, diferente, exótica ou simplesmente arriscada que ela necessariamente resultará no retorno esperado”, diz Tenani. Diversificar a carteira é a melhor maneira de evitar que todo o patrimônio seja colocado numa barca furada.