Exame Logo

As lições de carreira do médico de Jorge Paulo Lemann

Leonardo Metsavaht já foi o pior aluno da turma. Hoje é o ortopedista de figuras como Jorge Paulo Lemann, Victor Belfort e Rafael Nadal, e tem muito a ensinar

Leonardo Metsavaht: seus pacientes incluem Jorge Paulo Lemann, Victor Belfort e Rafael Nadal (Reprodução/YouTube/Na Prática)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2016 às 19h00.

De pior aluno da turma a cientista chefe do próprio instituto, o médico Leonardo Metsavaht sabe uma ou duas coisas sobre obstáculos. Quando a família enfrentou uma crise financeira, por exemplo, acabou perdendo um ano da faculdade por excesso de faltas – e aumentou em cinco vezes a produção de botas do empreedimento que assumiu no processo para ganhar um dinheiro extra. Não sei se é qualidade ou defeito, mas sou destemido mesmo, diz.

Hoje, servem como termômetro do seu sucesso não só os pacientes (em seu consultório ele atende esportistas como o tenista Rafael Nadal, o lutador Victor Belfort e a triatleta Fernanda Keller, além do empresário Jorge Paulo Lemann) mas também os seguidos reconhecimentos científicos; foi premiado pela escola de medicina de Harvard durante sua pós-graduação e recebeu o prêmio Michel Pistor, importante distinção em uma de suas especialidades médicas, a mesoterapia.

Nos vídeos a seguir, ele conversa com o Na Prática sobre os desafios de sua carreira, que servem de lição para jovens profissionais da área médica ou de qualquer outra. Assista:

A carreira na medicina

https://youtube.com/watch?v=niZ81_5bAIA%3Flist%3DPLxemPb5ZJovM9KfRgTPdQjcU-JCWNbuNf

Foi a carreira que motivou sua mudança de Porto Alegre ao Rio de Janeiro, onde hoje mantém o Instituto Brasil de Tecnologias da Saúde (IBTS) e a própria clínica. Especializado em Ortopedia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, passou um período na Harvard Medical School, em 2010. Era o único ortopedista do programa que cursava. Eu me senti o burrinho da turma, lembra. Ao final, foi premiado pelos professores.

O amor pela profissão veio da infância. Leonardo fazia visitas ao banco de sangue do pai, também médico, e invadia armários em busca de seringas e frascos coloridos. Eu dava injeção em lagarta, lesma, caracol… Era determinado, lembra.

O mau aluno
Os primeiros anos de ensino, no entanto, não foram fáceis. Dono de notas problemáticas, passava horas cumprindo castigos na diretoria e repetiu a oitava série antes de decidir-se por um intercâmbio nos EUA, onde concluiu o ensino médio. A experiência fora, pela qual é grato, também trouxe um problema de ajuste na hora do vestibular e exigiu um ano de cursinho preparatório.

Quando finalmente ingressou na Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA), Leonardo pensava em ser cirurgião plástico. Ivo Pitanguy, amigo da família e referência no campo, estava disposto a recebê-lo com uma condição. Ele disse que eu era bem-vindo na clínica desde que fosse primeiro um grande médico, conta.

A escolha da especialização

https://youtube.com/watch?v=2GM87RiaY4I%3Flist%3DPLxemPb5ZJovM9KfRgTPdQjcU-JCWNbuNf

Ao longo dos estudos, Leonardo desencantou-se com a especialização, em que via pouca dedicação às cirurgias reparadoras. Encontrou-se no mestrado em ortopedia, no Rio. Fiquei muito feliz e a coisa foi fechando, diz. O talento veio à tona e ele ficou entre os trinta melhores colocados na prova da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

Profissionalmente, passou pelo Ambulatório de Cirurgia do Joelho do Hospital da Lagoa e instalou-se de vez na cidade. Entre 1999 e 2009, trabalhou na Santa Casa de Misericórdia do Rio, onde coordenou o curso de Pós-Graduação em Cirurgia Reconstrutiva da Mão e Membro Superior e formou mais de quarenta alunos.

Conhecido por empregar e estudar técnicas minimamente invasivas – até 2014, era presidente deste departamento na Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação –, foi assim que conquistou a clientela fiel de esportistas e atletas de alta performance.

O sucesso, explica, veio antes do esperado e deixou-o meio perdido. Apesar de gostar do trabalho, começou a ansiar por fazer mais. Operei quatro mil pacientes em meu tempo na Santa Casa, mas queria fazer algo maior, atingir milhões de pessoas, diz.

O aprendizado com Jorge Paulo Lemann

https://youtube.com/watch?v=jqsE28F1n28%3Flist%3DPLxemPb5ZJovM9KfRgTPdQjcU-JCWNbuNf

A chave veio em meados de 2007, quando tratou Jorge Paulo Lemann e tornou-se próximo do empresário. A combinação do modus operandi dos dois, cada um bem-sucedido em sua área, fez com que Metsavaht passasse a incorporar no seu dia a dia de médico e pesquisador ferramentas de produtividade que tinham se provado nas empreitadas de Lemann. Assim, levou para suas iniciativas na saúde a famosa cultura de metas, e passou a pensar em ‘sonho grande’.

O sonho grande

https://youtube.com/watch?v=hBNG21Zt3uQ%3Flist%3DPLxemPb5ZJovM9KfRgTPdQjcU-JCWNbuNf

Juntos, os dois planejaram um centro de pesquisas em três linhas – risco de lesão em esportes e de queda em idosos, otimização de medicamentos e estudo de casos raros ou complexos – e criaram o IBTS. Foquei em tentar inventar alguma coisa e encontrei essa brecha na biomecânica, conta ele, que ocupa o posto de cientista chefe da instituição e divulga suas pesquisas internacionalmente. Quando pensa no futuro, o médico aposta no desenvolvimento de áreas como análises de movimentos em 3D e biomecânica e sonha com melhorar a qualidade de vida de idosos.

Ao lado das pesquisas, mantém sua clínica privada ativa em Ipanema. Como sobreviver às custas de ciências é difícil no Brasil, diz, é ela quem acaba sustentando seu lado científico teórico. Ambas as partes vão bem, e Leonardo não está surpreso. Aprendi com meu pai que a medicina é muito honesta e, se você for medíocre, não vai conseguir ser medíocre por muito tempo, conclui.

Conselhos para os jovens

Decida pelas coisas que você tem prazer. Esta, para o médico, é uma condição para o sucesso, e vale também para quem está escolhendo a carreira. Cultivar uma veia empreendedora, independente da profissão, e focar em grandes objetivos também são práticas que ele valoriza.

https://youtube.com/watch?v=4t7nSmvd8DY%3Flist%3DPLxemPb5ZJovM9KfRgTPdQjcU-JCWNbuNf

* Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal da Fundação Estudar

São Paulo – A medicina há muito caiu nas graças da 7ª arte. É inegável que a profissão de médico rende histórias emocionantes e inspiradoras, que, geralmente, são muito bem aproveitadas por diretores, roteiristas e atores.  Mas quais seriam os filmes "obrigatórios" no currículo cultural de quem se dedica a salvar vidas? É o que Exame.com foi perguntar a seis médicos. Na lista estão alguns títulos que retratam profissionais da medicina e filmes que, a princípio, podem parecer “estranhos no ninho”, mas que trazem em seu cerne questões fundamentais para o exercício da profissão. Veja os trailers clicando nas fotos desta galeria:
  • 2. O Físico

    2 /11

  • Veja também

    É o filme mais recente desta lista e a indicação é da pediatra Denise Bedoni, do Hospital Leforte. “Destaca a importância de realizar um trabalho com amor, resignação, humildade, não em busca de uma supervalorização social, mas pela gratificação e pela condição humana que lhe foi permitida”, diz. O Físico (The Physician)
    Ano: 2014
    Direção: Philipp Stölzl
  • 3. Patch Adams - O amor é contagioso

    3 /11

  • O filme é indicado por dois dos médicos entrevistados: o cirurgião plástico André Colaneri e a pediatra Denise Bedoni, do Hospital Leforte.
    “Mostra que a medicina pode ter um cunho muito mais humano, lembrando sempre do ser humano por trás da doença, contrastando com a visão técnica e fria da nossa formação”, diz Colaneri. A pediatra Denise também destaca o filme pelo fato de ele enfatizar o dom dos médicos de amenizar o sofrimento das pessoas. Patch Adams – O amor é contagioso (Patch Adams)
    Ano: 1998
    Direção: Tom Shadyac
  • 4. Um Golpe do Destino

    4 /11

    O longa-metragem conta a história de um renomado cirurgião - arrogante e indiferente aos seus pacientes - que sofre uma reviravolta em sua vida ao receber o diagnóstico de câncer. Quem indica é Flavio Iizuka, urologista do Hospital Leforte. “O filme é um ótimo pretexto para repensar a relação médico-paciente. Aprendi ao longo da minha carreira que a humildade e o relacionamento humanizado são sábios conselhos para um bom desenvolvimento profissional. A empatia é tão importante quanto o conhecimento e o bom senso na nossa profissão”, diz o médico. Um Golpe do Destino (The Doctor)
    Ano: 1991
    Direção: Handa Haines
  • 5. Tempo de Despertar

    5 /11

    O neurologista Diego Salarini indica este filme da década 90 que mostra as primeiras experiências em tratamentos médicos hoje amplamente utilizados no mundo. “Mostra o início do uso da levodopa no tratamento do Mal de Parkinson e o amor do médico neurologista pela profissão e pelos pacientes, ficando extremamente feliz com os resultados e triste pelos insucessos”, diz Salarini. Tempo de Despertar (Awakenings)
    Ano: 1990
    Direção: Penny Marshall
  • 6. A Vida É Bela

    6 /11

    O filme foi indicado por dois dos médicos entrevistados: o gastroenterologista do Hospital Leforte, Eduardo Grecco, e o cardiologista Hélio Castello, diretor da Angiocardio. “A mensagem é de como superar as dificuldades e lidar com elas de maneira criativa. A rotina de se trabalhar em hospitais faz com que você tenha que transmitir aos pacientes uma maior confiança e segurança para que se obtenham melhores resultados”, explica Grecco. Castello concorda. De acordo com ele, a verdade, às vezes, deve ser manipulada para oferecer alguma felicidade residual ao paciente. “O filho, no filme, pode ser comparado ao paciente com uma doença em fase terminal. Embora a verdade deva ser dita sempre, podemos, nós médicos, influenciar para que a realidade do paciente seja pouco menos dura e que ele consiga ter alguma alegria em momentos até simples”, diz. A qualidade de vida, diz Castello, deve ser preservada e perseguida, por menor que seja. A Vida É Bela (La Vitta è Bella)
    Ano: 1997
    Direção: Roberto Benigni
  • 7. Lado a Lado

    7 /11

    “Esse filme traz a realidade de muitas ocasiões nas quais uma patologia modifica o relacionamento entre as pessoas. Exemplifica, com muita propriedade, as angústias e as diferentes fases  com que o paciente se depara ao receber um diagnóstico. Lição de vida e de aprendizado ao se cuidar do lado emocional dos pacientes”, diz o gastroenterologista Eduardo Grecco, do Hospital Leforte. Lado a Lado (Stepmom)
    Ano: 1998
    Direção: Chris Columbus
  • 8. Um Método Perigoso

    8 /11

    O filme, indicado pelo neurologista Diego Salarini do Hospital Leforte,  mostra a interação entre Carl Jung e Sigmund Freud, pais da psicanálise. “A formação das vertentes junguianas e freudianas é muito interessante, e principalmente traz à tona a histeria, doença muito pouco comentada, porém cada vez mais presente no nosso dia a dia”, diz. Um Método Perigoso (A Dangerous Method)
    Ano: 2011
    Direção: David Cronenberg
  • 9. A Lista de Schindler

    9 /11

    Por trazer à tona a discussão sobre o valor da vida, o filme é uma das indicações do cardiologista Hélio Castello, diretor da Angiocardio. “O bem e o amor ao próximo colocados acima de tudo:  conceitos, crenças, preconceitos e raças. O valor de uma vida é impagável e deverá ser a meta indiscutível de nossos atos como médicos”,diz Castello. A Lista de Schindler (Schindler’s List)
    Ano: 1993
    Direção: Steven Spielberg
  • 10. A Sociedade dos Poetas Mortos

    10 /11

    O filme, segundo o cardiologista Hélio Castello, diretor da Angiocardio, traz subsídios importantes para estudantes e professores de medicina. “Além da valorização da individualidade, pois cada profissional de saúde tem seu valor e sua forma de pensar e agir, o foco na inovação proporcionará melhores formas no atendimento, na assistência e na capacidade de se adaptar às adversidades, tão comuns na assistência à saúde em nosso país”, explica. A Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society)
    Ano: 1989
    Direção: Peter Weir
  • 11. Agora, veja os filmes indicados para os estudantes de Direito

    11 /11(Oxford/Getty Images)

  • Acompanhe tudo sobre:Bilionários brasileiroscarreira-e-salariosDicas de carreiraJorge Paulo LemannMedicinaMédicosPersonalidadesSucesso

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Carreira

    Mais na Exame