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Apelidos no trabalho: um guia prático

Funcionário da British Airways entrou com uma ação judicial contra a empresa porque colega o chamou de (acredite) “querido”

Homem usando apito (Getty Images)

Talita Abrantes

Publicado em 27 de abril de 2012 às 16h34.

São Paulo – De diminutivos a variações óbvias do nome, passando por termos que descrevem um traço hilário (ou não). Atire a primeira pedra quem nunca, na vida inteira, se rendeu a usar um apelido. Mas, no ambiente de trabalho, há limites para esse tipo de atitude.

No Reino Unido, o uso de apelidos durante o expediente foi parar na justiça. Recentemente, um comissário de bordo da British Airways entrou com um processo judicial contra a empresa aérea porque uma colega de trabalho o chamou de “querido” durante um voo.

Segundo Rothstein Williams, o comissário ofendido pelo apelido, chamá-lo de outro nome que não o seu próprio feria os princípios da religião que ele segue. Ele é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia. De acordo com informações do The Telegraph, a justiça britânica rejeitou o pedido de Willians pela falta de bases legais para o processo.

Apesar da decisão judicial contrária ao ofendido, o caso lança luz sobre um traço muito característico da cultura brasileira, mas que necessita de mais atenção e cuidado. “Todo comportamento que causa constrangimento ou outro sentimento negativo corre o risco de ser considerado assédio moral”, afirma Eliana Dutra, da Pro-Fit.

"O Brasil vive um excesso de informalidade e ninguém pensa nas consequências disso", afirma Silvio Celestino, sócio-fundador da Alliance Coaching. "Na cabeça da pessoa, ela até pode estar sendo carinhosa, mas na minha, não. Se estou no ambiente profissional, quero ser tratado com respeito".

Para não cair neste deslize de etiqueta corporativa, ofender terceiros e até manchar sua reputação na carreira , confira algumas regras básicas:

Fique atento ao outro, sempre

Antes de sair esbanjando toda a sua criatividade para denominações, fique atento ao tom que a pessoa do lado de lá dá para a relação. “As pessoas mais espertas chamam os outros pelo nome próprio ou pelo apelido que a outra pessoa pediu para ser chamada”, afirma a especialista.

Aposte na multiforme gentileza

Agora, há quem aposte no uso de apelidos como uma estratégia para deixar a relação mais humana ou (até) pessoal. “A cultura brasileira tem uma excessiva cordialidade que leva algumas pessoas a buscar intimidade com os outros, mesmo quando estes não estão disponíveis”, diz Eliana. A consequência desta postura é a invasão do espaço alheio.


Neste ponto, é importante lembrar que não são necessários apelidos carinhosos para comprovar que o tom da relação tem todo potencial para ser leve.

Ao contrário. A maneira mais contundente de mostrar isso se expressa no dia-a-dia: “Ao falar sempre bom dia, no sorriso, em convites para almoçar junto, ao falar sobre você e não mal dos outros”, enumera Eliana.

“O que mais indica que você está realmente interessado no outro é prestar atenção nas coisas que a pessoa fala, na postura de estar disponível”, afirma Romaly de Carvalho, consultora de etiqueta.

Intimidade deve ser construída, jamais forçada

Neste ponto, é essencial lembrar que uma relação íntima demanda tempo. E que não necessita de artifícios, como criar apelidos, para acelerá-la. “Apelido é uma coisa íntima, se você deliberadamente chama alguém assim chega a ser uma grosseria”, diz Romaly.

“Você precisa ter emoção pelo outro para ter intimidade. Tem que ser gradativo. É um dia após o outro que vai determinar este espaço”, afirma a consultora de etiqueta corporativa.

Ficou na dúvida? Comece pelo formal

Por isso, a dica é começar sempre pelo formal. Se você acabou de conhecer a pessoa, a chame pelo nome ou sobrenome. E nada mais. “Em casa, você chama os outros do que você quiser”, afirma Eliana. No trabalho, não. “Você só pode fazer isso com quem te deu autorização”, diz.

“É uma falta de respeito para com a pessoa não pedir licença. É uma ousadia”, diz Celestino. “Mesmo que você tenha o maior afeto pela pessoa e está na cara que ela vai deixar, é só uma pergunta, não vai matar ninguém”.

Além disso, por mais íntimo que você seja do seu colega de trabalho, não vale apresentá-lo para clientes ou fornecedores pelo apelido. “Você desqualifica seu colega ao fazer isso”, diz Romaly.

Cuide da sua marca

Agora, se o alvo do apelido é você, cuidado. “Quanto mais você avança para a carreira executiva é melhor evitar os apelidos”, diz Celestino. “Na carreira executiva, além de competente, você tem que se mostrar competente. E ao usar apelidos, você pode causar uma primeira impressão desfavorável”.

Para Romaly, o nome que usamos no meio profissional deve fazer parte de uma estratégia de marketing pessoal. “Como no marketing convencional, é importante que o nome seja atraente e guarde referência com a nossa atividade”, diz Romaly. “Usar apelido é muito depreciativo. Uma pessoa séria, com uma postura de mais credibilidade é conhecida pelo nome e sobrenome, com raríssimas exceções”.

Mas os especialistas lembram que isso varia de acordo com a área e empresa de atuação.

Coloque limites

Não tenha medo também de proibir o uso de apelidos com relação a você. Mas faça isso de uma maneira amigável. “Um cliente uma vez me disse: não é porque eu tenho que passar uma mensagem que eu devo embrulhar essa informação numa pedra e jogar na cabeça da pessoa”, diz Eliana.

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São Paulo – De diminutivos a variações óbvias do nome, passando por termos que descrevem um traço hilário (ou não). Atire a primeira pedra quem nunca, na vida inteira, se rendeu a usar um apelido. Mas, no ambiente de trabalho, há limites para esse tipo de atitude.

No Reino Unido, o uso de apelidos durante o expediente foi parar na justiça. Recentemente, um comissário de bordo da British Airways entrou com um processo judicial contra a empresa aérea porque uma colega de trabalho o chamou de “querido” durante um voo.

Segundo Rothstein Williams, o comissário ofendido pelo apelido, chamá-lo de outro nome que não o seu próprio feria os princípios da religião que ele segue. Ele é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia. De acordo com informações do The Telegraph, a justiça britânica rejeitou o pedido de Willians pela falta de bases legais para o processo.

Apesar da decisão judicial contrária ao ofendido, o caso lança luz sobre um traço muito característico da cultura brasileira, mas que necessita de mais atenção e cuidado. “Todo comportamento que causa constrangimento ou outro sentimento negativo corre o risco de ser considerado assédio moral”, afirma Eliana Dutra, da Pro-Fit.

"O Brasil vive um excesso de informalidade e ninguém pensa nas consequências disso", afirma Silvio Celestino, sócio-fundador da Alliance Coaching. "Na cabeça da pessoa, ela até pode estar sendo carinhosa, mas na minha, não. Se estou no ambiente profissional, quero ser tratado com respeito".

Para não cair neste deslize de etiqueta corporativa, ofender terceiros e até manchar sua reputação na carreira , confira algumas regras básicas:

Fique atento ao outro, sempre

Antes de sair esbanjando toda a sua criatividade para denominações, fique atento ao tom que a pessoa do lado de lá dá para a relação. “As pessoas mais espertas chamam os outros pelo nome próprio ou pelo apelido que a outra pessoa pediu para ser chamada”, afirma a especialista.

Aposte na multiforme gentileza

Agora, há quem aposte no uso de apelidos como uma estratégia para deixar a relação mais humana ou (até) pessoal. “A cultura brasileira tem uma excessiva cordialidade que leva algumas pessoas a buscar intimidade com os outros, mesmo quando estes não estão disponíveis”, diz Eliana. A consequência desta postura é a invasão do espaço alheio.


Neste ponto, é importante lembrar que não são necessários apelidos carinhosos para comprovar que o tom da relação tem todo potencial para ser leve.

Ao contrário. A maneira mais contundente de mostrar isso se expressa no dia-a-dia: “Ao falar sempre bom dia, no sorriso, em convites para almoçar junto, ao falar sobre você e não mal dos outros”, enumera Eliana.

“O que mais indica que você está realmente interessado no outro é prestar atenção nas coisas que a pessoa fala, na postura de estar disponível”, afirma Romaly de Carvalho, consultora de etiqueta.

Intimidade deve ser construída, jamais forçada

Neste ponto, é essencial lembrar que uma relação íntima demanda tempo. E que não necessita de artifícios, como criar apelidos, para acelerá-la. “Apelido é uma coisa íntima, se você deliberadamente chama alguém assim chega a ser uma grosseria”, diz Romaly.

“Você precisa ter emoção pelo outro para ter intimidade. Tem que ser gradativo. É um dia após o outro que vai determinar este espaço”, afirma a consultora de etiqueta corporativa.

Ficou na dúvida? Comece pelo formal

Por isso, a dica é começar sempre pelo formal. Se você acabou de conhecer a pessoa, a chame pelo nome ou sobrenome. E nada mais. “Em casa, você chama os outros do que você quiser”, afirma Eliana. No trabalho, não. “Você só pode fazer isso com quem te deu autorização”, diz.

“É uma falta de respeito para com a pessoa não pedir licença. É uma ousadia”, diz Celestino. “Mesmo que você tenha o maior afeto pela pessoa e está na cara que ela vai deixar, é só uma pergunta, não vai matar ninguém”.

Além disso, por mais íntimo que você seja do seu colega de trabalho, não vale apresentá-lo para clientes ou fornecedores pelo apelido. “Você desqualifica seu colega ao fazer isso”, diz Romaly.

Cuide da sua marca

Agora, se o alvo do apelido é você, cuidado. “Quanto mais você avança para a carreira executiva é melhor evitar os apelidos”, diz Celestino. “Na carreira executiva, além de competente, você tem que se mostrar competente. E ao usar apelidos, você pode causar uma primeira impressão desfavorável”.

Para Romaly, o nome que usamos no meio profissional deve fazer parte de uma estratégia de marketing pessoal. “Como no marketing convencional, é importante que o nome seja atraente e guarde referência com a nossa atividade”, diz Romaly. “Usar apelido é muito depreciativo. Uma pessoa séria, com uma postura de mais credibilidade é conhecida pelo nome e sobrenome, com raríssimas exceções”.

Mas os especialistas lembram que isso varia de acordo com a área e empresa de atuação.

Coloque limites

Não tenha medo também de proibir o uso de apelidos com relação a você. Mas faça isso de uma maneira amigável. “Um cliente uma vez me disse: não é porque eu tenho que passar uma mensagem que eu devo embrulhar essa informação numa pedra e jogar na cabeça da pessoa”, diz Eliana.

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