Empresas buscam eficiência a qualquer custo, mas funcionário pode não estar preparado (AdobeStock/Reprodução)
Repórter colaborador
Publicado em 12 de novembro de 2024 às 13h13.
Em um memorando de setembro para a equipe, o presidente-executivo da Amazon, Andy Jassy, apresentou uma lista de mudanças que tornariam a empresa mais burocrática. Jassy sugeriu algumas soluções práticas, como reestruturação, redução de níveis de gestão e achatamento da hierarquia, segundo reportagem do Financial Times.
A Amazon está longe de estar sozinha em seu novo foco na produtividade. Mark Zuckerberg, da Meta, declarou 2023 como um "ano de eficiência", estabelecendo seu objetivo de "desfragmentar camadas" e, assim como Jassy, aumentar a proporção de funcionários subordinados a cada gerente restante.
No Citigroup, um projeto cortou cinco camadas de gestão. Empresas como HSBC, Deloitte e Unilever lançaram reestruturações no ano passado. A Nissan lançou esta semana um plano de recuperação de emergência em uma tentativa de conter a queda dos lucros. Milhares de empregos serão cortados.
Os anúncios geralmente são muito promissores. “Estamos cortando os processos burocráticos e a complexidade desnecessária que nos impedem de dar o nosso melhor”, disse Jane Fraser, do Citi, em um memorando em março. “Afinal, nenhuma organização bem-sucedida é estática.”
O mantra de Fraser pode ser uma desculpa para que os CEOs, auxiliados por consultores, imponham reestruturações que podem semear incertezas nas organizações e desmotivar os trabalhadores.
Mesmo quando há boas razões para reestruturar, a falta de planejamento adequado pode minar quaisquer benefícios, dizem executivos que supervisionaram esses planos ao FT.
Ashley Goodall, ex-executivo de recursos humanos da Deloitte e da empresa de tecnologia Cisco, diz que a mudança é "uma coisa que impede as pessoas de fazerem seu trabalho".
Para seu livro, The Problem with Change (O problema com a mudança, em tradução livre), Goodall entrevistou dezenas de pessoas que passaram por reorganizações. Elas testemunharam como a reestruturação mal explicada e a consequente incerteza e falta de controle tiveram um impacto psicológico negativo mesmo naqueles que mantiveram seus empregos.