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Afinal, qual será o tamanho do home office no pós-pandemia? Depende

Pesquisas ora divergem, ora concordam sobre a força do home-office após a pandemia. No fim das contas, tudo depende do recorte e do setor

Pessoas na rua: pandemia acelerou trabalho à distância, mas popularidade depende do setor (Rodrigo Paiva/Getty Images)

Pessoas na rua: pandemia acelerou trabalho à distância, mas popularidade depende do setor (Rodrigo Paiva/Getty Images)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 12h08.

Última atualização em 21 de dezembro de 2020 às 14h26.

Entre as tendências apontadas para a economia e os negócios no pós-pandemia, o modelo de trabalho à distância figura entre os mais citados.

Em 2020, os profissionais descobriram as dores e as delícias do home office e diversas empresas, como as gigantes de tecnologia, anunciaram que boa parte das suas equipes trabalharão de casa, mesmo com a volta à normalidade.

Se confirmada, essa mudança cultural deve afetar as dinâmicas do mercado de trabalho, a gestão das empresas e a força da migração de talentos para cidades grandes, como mostrou a última reportagem de capa da revista EXAME. A dúvida que fica, porém, é o tamanho que o trabalho remoto vai ter após a pandemia. 

Pesquisas apontam dados diferentes, e especialistas destacam que esse tipo de trabalho deve se concentrar em profissões de maior escolaridade, com forte utilização de tecnologia. 

Alguns estudos questionam se parte das equipes terão alguma flexibilidade para trabalhar de casa, outras perguntam se a empresa adotará o home office definitivamente para certos funcionários e outras se será só para uma parte das equipes. No fim das contas, tudo depende do recorte e do setor.

De acordo com uma pesquisa da empresa de softwares Salesforce com 20.000 profissionais do mundo inteiro, inclusive do Brasil, 42% dos entrevistados gostariam de seguir em casa mesmo com o fim da pandemia.  No Brasil, o interesse é ainda maior: 57% dos entrevistados sonham com essa possibilidade. 

Uma pesquisa da plataforma de freelancers Workana mostra, pela perspectiva dos gestores de empresas, que 16,1% dos líderes vão olhar mais para as habilidades dos funcionários, independentemente de onde ele mora.

A pesquisa também mostra que 84,2% dos gestores pretendem promover algum formato de trabalho remoto no pós-pandemia. 

Na visão do coordenador do MBA em marketing, inteligência de negócios digitais da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Miceli, o home office no Brasil deve ter um crescimento de 30% a partir do fim da pandemia. Na prática, ele deve envolver 80% das empresas do país, que terão algum tipo de home office.

“Entre as mudanças que a pandemia acelerou no mercado, o home office é mais notável porque ele foi onipresente. Esse experimento forçado acabou com as barreiras culturais que as empresas tinham. Acredito que o que deve acabar prevalecendo é o modelo híbrido. Minha aposta é que o home office fique entre dois e três dias por semana”

André Miceli, coordenador do MBA em marketing, inteligência de negócios digitais da Fundação Getulio Vargas

Miceli também afirma que o modelo de trabalho integral não deve funcionar integralmente para a maioria dos setores, principalmente porque os seres humanos precisam de interação e é desafiador para as empresas estimularem o senso de pertencimento à distância.

Uma pesquisa da consultoria Mercer, feita com 819 gestores, mostra um interesse de mais ou menos o mesmo nível. 83% dos empregados afirmam que vão oferecer algum tipo de flexibilidade quanto ao local de trabalho no pós pandemia.

Um em cada três empregadores afirmou que pelo menos 50% de sua força de trabalho vai trabalhar de forma remota no pós-pandemia. Antes da pandemia, essa proporção era de um para 30.

A intenção em alta de oferecer serviços de home office também ocorre nas multinacionais que atuam no Brasil.

Neste recorte do mercado, 74% dos executivos afirmam que a intenção é manter o home office no pós-pandemia, de acordo com uma pesquisa da Cushman & Wakefield.

Já uma pesquisa feita pela consultoria McKinsey & Company, feita com 800 executivos no mundo, mostra que a tendência não será tão forte. 

No relatório What 800 executives envision for the post pandemic workforce, a consultoria destaca que a quantidade de pessoas em trabalho remoto deve ser menor do que o que foi visto no auge da pandemia, e que a tendência é um modelo híbrido.

Em todos os setores, 15% dos executivos pesquisados em meio à pandemia disseram que pelo menos um décimo de seus funcionários poderiam trabalhar remotamente dois ou mais dias por semana daqui para frente. 

A pesquisa também mostra que apenas 7% dizem que um décimo de seus funcionários poderia trabalhar três ou mais dias por semana remotamente.

O potencial para trabalho remoto é altamente concentrado em um punhado de setores, como tecnologia da informação, finanças, seguros e gestão. 

Cerca de 34% dos entrevistados deste setor disseram que esperam ter pelo menos um décimo de seus funcionários trabalhando remotamente por pelo menos dois dias por semana depois da pandemia. Nos últimos meses, diversas empresas no Brasil têm anunciado vagas de home office principalmente para as áreas de tecnologia.

Com uma expectativa de home office mais popular no pós-pandemia, uma pesquisa realizada pela empresa de cibersegurança Fortinet e divulgada mostra que 29% das empresas pesquisadas devem seguir com o home office completo como regime de trabalho para pelo menos metade das equipes. A pesquisa foi feita em junho com executivos de 17 países.

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