A voz da experiência ajuda a queimar etapas na carreira
Preste atenção nos mais velhos. Eles costumam perceber o essencial, além do óbvio, que muitas vezes é invisível aos olhos não preparados
Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2013 às 15h59.
São Paulo - Não o contratem. Ele não vai rebater as bolas em curva de arremessadores mais experientes. Esse foi o conselho que Gus Lobel, velho “olheiro” americano de talentos do beisebol, deu aos dirigentes do Atlanta Braves, o time para o qual trabalhava.
O problema é que ele estava avaliando um jovem rebatedor muito cobiçado do time de uma escola com tradição em formar bons jogadores e que parecia ser um talento raro. Seu julgamento foi questionado porque era óbvio que ele andava, há tempos, apresentando problemas de visão. Quando lhe perguntaram como podia ter certeza, saiu-se com esta:
— O som da rebatida da bola curva não é bom.
O som? Como assim, o som? Nunca se ouviu falar de uma avaliação do som da rebatida. O que interessava era o que se via em campo e, claro, a estatística de acertos e erros do jogador, e o garoto em questão tinha uma boa coleção de belas rebatidas.
Mesmo assim, ele insistia no conselho, que não foi seguido. A consequência é que o jogador foi contratado e demonstrou ser um fiasco no time profissional. Gus tinha razão. O som...
É impressionante o que a experiência faz na vida de um profissional dedicado. Uma imensa quantidade de pequenos detalhes, quase imperceptíveis para a maioria das pessoas, acaba sendo o grande orientador das decisões dos mais experientes.
Malcolm Gladwell, em seu ótimo livro Fora de Série – Outliers, baseado em pesquisas sérias, cita a famosa Lei das 10.000 horas, que diz que qualquer pessoa, em qualquer área de atuação, pode atingir um estado de excelência, mas apenas depois de praticar por pelo menos esse tempo, que equivale a cerca de dez anos de atuação.
Jovens talentosos podem abreviar essa curva de aprendizagem, mas é importante observar que isso se deve a dois fatores: a dedicação deles é acima da média e, talvez o mais relevante, eles não perdem a chance de aprender com a experiência de outros — que passam a ser seus mentores, formais ou informais.
Preste atenção nos mais velhos. Só eles podem falar da força de um sorriso, do sabor do desafio ou do silêncio ensurdecedor que tomou conta de determinada reunião. Respeite quem consegue perceber além do óbvio, pois o essencial, muitas vezes, é invisível aos olhos não preparados. Em tempo: Gus Lobel é o personagem de Clint Eastwood no filme Curvas da Vida.
Eugênio Mussak escreve sobre liderança. É professor do MBA da fundação Instituto de Administração (FIA) e consultor da Sapiens Sapiens
São Paulo - Não o contratem. Ele não vai rebater as bolas em curva de arremessadores mais experientes. Esse foi o conselho que Gus Lobel, velho “olheiro” americano de talentos do beisebol, deu aos dirigentes do Atlanta Braves, o time para o qual trabalhava.
O problema é que ele estava avaliando um jovem rebatedor muito cobiçado do time de uma escola com tradição em formar bons jogadores e que parecia ser um talento raro. Seu julgamento foi questionado porque era óbvio que ele andava, há tempos, apresentando problemas de visão. Quando lhe perguntaram como podia ter certeza, saiu-se com esta:
— O som da rebatida da bola curva não é bom.
O som? Como assim, o som? Nunca se ouviu falar de uma avaliação do som da rebatida. O que interessava era o que se via em campo e, claro, a estatística de acertos e erros do jogador, e o garoto em questão tinha uma boa coleção de belas rebatidas.
Mesmo assim, ele insistia no conselho, que não foi seguido. A consequência é que o jogador foi contratado e demonstrou ser um fiasco no time profissional. Gus tinha razão. O som...
É impressionante o que a experiência faz na vida de um profissional dedicado. Uma imensa quantidade de pequenos detalhes, quase imperceptíveis para a maioria das pessoas, acaba sendo o grande orientador das decisões dos mais experientes.
Malcolm Gladwell, em seu ótimo livro Fora de Série – Outliers, baseado em pesquisas sérias, cita a famosa Lei das 10.000 horas, que diz que qualquer pessoa, em qualquer área de atuação, pode atingir um estado de excelência, mas apenas depois de praticar por pelo menos esse tempo, que equivale a cerca de dez anos de atuação.
Jovens talentosos podem abreviar essa curva de aprendizagem, mas é importante observar que isso se deve a dois fatores: a dedicação deles é acima da média e, talvez o mais relevante, eles não perdem a chance de aprender com a experiência de outros — que passam a ser seus mentores, formais ou informais.
Preste atenção nos mais velhos. Só eles podem falar da força de um sorriso, do sabor do desafio ou do silêncio ensurdecedor que tomou conta de determinada reunião. Respeite quem consegue perceber além do óbvio, pois o essencial, muitas vezes, é invisível aos olhos não preparados. Em tempo: Gus Lobel é o personagem de Clint Eastwood no filme Curvas da Vida.
Eugênio Mussak escreve sobre liderança. É professor do MBA da fundação Instituto de Administração (FIA) e consultor da Sapiens Sapiens