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Mergulhe na rotina dos gênios, de Freud a Andy Warhol

O livro Daily Rituals: How Artists Work ("Rituais diários: como os artistas trabalham") traz cenas cotidianas, bons e maus hábitos profissionais de grandes mestres

Autorretrato de Andy Warhol: artista relatava toda sua rotina diária em telefonemas (Jim Linwood/Creative Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2014 às 05h00.

São Paulo - O cineasta italiano Federico Fellini não conseguia dormir por mais de 3 horas seguidas. O compositor alemão Ludwig van Beethoven gostava de dar longas caminhadas para se inspirar. O pintor espanhol Joan Miró produzia muito por temer cair em depressão caso parasse de trabalhar.

Detalhes do dia a dia de grandes artistas estão reunidos no livro Daily Rituals: How Artists Work ("rituais diários: como os artistas trabalham"), do escritor americano Mason Currey, lançado em 2013. Inédito no Brasil, pode ser encomendado na Amazon por 17 dólares (a versão para Kindle custa 25 reais).

O livro mostra como os maiores nomes da arte tinham embates com questões mundanas para trabalhar com o que gostavam. Alguns eram workaholics convictos. Outros dependiam de outro emprego para se sustentar. A única certeza: para a genialidade não existe fórmula.

Andy Warhol - Artista plástico

Todos os dias de manhã, de 1976 à sua morte em 1987, o americano Andy Warhol (1928-1987) telefonava para seu amigo Pat Hackett e relatava todos os acontecimentos de sua vida nas 24 horas anteriores. A princípio, as ligações visavam organizar a vida financeira de
Warhol. Hackett anotava os gastos e as receitas do artista em uma caderneta.

Com o tempo, o registro foi ganhando as mais variadas informações até se tornar um verdadeiro diário do artista. Warhol gostava de rotina. De manhã, compras e telefonemas. À tarde, ler cartas e, por fim, trabalhar.


Jackson Pollock - Pintor

Em 1945, Lee Krasner, a mulher de Pollock (1912-1956), decidiu que o casal deveria se mudar para um vilarejo bucólico próximo de Nova York. A mudança visava afastar Pollock do uísque e das noitadas com os amigos, que estavam minando sua criatividade.

O pintor continuou a beber, mas, sem os companheiros de copo, tornou-se bem mais produtivo. Nessa fase, desenvolveu a técnica de pintura do gotejamento, sua marca registrada.

Jean-Paul Sartre - Filósofo

Três horas de manhã, 3 horas à tarde. Essa era a receita de trabalho do francês Sartre (1905-1980). O resto do dia era dedicado aos célebres encontros nos cafés parisienses com amigos e sua companheira, Simone de Beauvoir. Outra característica de Sartre era trabalhar turbinado por anfetaminas, aspirinas, álcool e dois maços de cigarro.

Dmitry Shostakovich Compositor

O russo Shostakovich era a personificação do músico excêntrico. Passava horas concebendo uma peça musical inteira na cabeça para, a seguir, sentar e escrever rapidamente 30 páginas de partitura. Segundo o livro, raramente errava. Outro hábito era sumir quando tinha um insight: largava o que estava fazendo e reaparecia minutos depois.


Sigmund Freud - Psiquiatra

O austríaco Freud (1856-1939), pai da psicanálise, era totalmente workaholic. Atendia pacientes das 8 horas ao meio-dia e das 15 às 21 horas. Fazia uma pausa para o almoço e uma caminhada e outra para um café nas ruas de Viena com a família, à noite. Ao voltar para casa, estudava e escrevia regularmente até a 1 da manhã. Teve um amigo que o acompanhou durante toda a sua obra: o charuto.

Vladimir Nabokov - Escritor

Autor de Lolita, o russo-americano Nabokov (1899-1977) tinha um método particular de criação. Ele rascunhava seus romances a lápis em cartões de papel e guardava os escritos.

Quando considerava concluída a história, começava a trocar os cartões de lugar, modifcando a sequência do romance até encontrar a ordem que mais lhe agradava. Gostava de passar 1 hora na cama assim que acordava para organizar as ideias mentalmente.

Igor Stravinsky - Compositor e maestro

O russo Stravinsky dedicava as manhãs a compor, em geral das 9 às 13 horas. O resto do dia era destinado a tarefas menos criativas (para ele): escrever cartas, copiar partituras, praticar piano. Apesar de não suportar compor por muitas horas, Stravinsky trabalhava diariamente, estivesse inspirado ou não. Para compor, precisava ter certeza de que ninguém o ouvia.

Pablo Picasso - Pintor

Em 1911, Picasso (1881-1973) começou ser reconhecido e comprou um apartamento confortável no bairro chique de Montparnasse, em Paris. O apartamento tinha um estúdio grande, onde o pintor trabalhava dedicadamente de segunda-feira a sábado. Lá estabeleceu o estilo de vida que procurou manter até a morte. "Vivo como um pobre, mas com muito dinheiro", disse.


Agatha Christie - Escritora

A maior curiosidade sobre a inglesa Agatha Christie (1890-1976) é que ela dava pouca importância à sua atividade de escritora de romances policiais. Tanto que nunca teve uma escrivaninha. Seu local de trabalho era a máquina de escrever. Bastava apoiá-la numa mesa qualquer e sair digitando um de seus mais de 80 livros.

Willem de Kooning - Pintor

O holandês De Kooning (1904-1997) era do tipo que só pegava no tranco de manhã. Para começar a pintar, por volta das 11 horas, mandava ver várias xícaras de café forte com um pouco de leite. Quando o trabalho não rendia, o resultado previsível era a insônia: frequentemente fazia longas caminhadas pela noite em Nova York, onde morou a partir dos 21 anos.

Somerset Maugham - Escritor

Ao longo de 92 anos de vida, o britânico Maugham (1874-1965) publicou 72 livros, entre eles Servidão Humana. Tinha disciplina feroz: manteve a meta de escrever diariamente de 1.000 a 1.500 palavras. Acreditava que era impossível escrever olhando para a janela porquetirava a concentração,  de modo que sua mesa era sempre voltada para uma parede.

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São Paulo - O cineasta italiano Federico Fellini não conseguia dormir por mais de 3 horas seguidas. O compositor alemão Ludwig van Beethoven gostava de dar longas caminhadas para se inspirar. O pintor espanhol Joan Miró produzia muito por temer cair em depressão caso parasse de trabalhar.

Detalhes do dia a dia de grandes artistas estão reunidos no livro Daily Rituals: How Artists Work ("rituais diários: como os artistas trabalham"), do escritor americano Mason Currey, lançado em 2013. Inédito no Brasil, pode ser encomendado na Amazon por 17 dólares (a versão para Kindle custa 25 reais).

O livro mostra como os maiores nomes da arte tinham embates com questões mundanas para trabalhar com o que gostavam. Alguns eram workaholics convictos. Outros dependiam de outro emprego para se sustentar. A única certeza: para a genialidade não existe fórmula.

Andy Warhol - Artista plástico

Todos os dias de manhã, de 1976 à sua morte em 1987, o americano Andy Warhol (1928-1987) telefonava para seu amigo Pat Hackett e relatava todos os acontecimentos de sua vida nas 24 horas anteriores. A princípio, as ligações visavam organizar a vida financeira de
Warhol. Hackett anotava os gastos e as receitas do artista em uma caderneta.

Com o tempo, o registro foi ganhando as mais variadas informações até se tornar um verdadeiro diário do artista. Warhol gostava de rotina. De manhã, compras e telefonemas. À tarde, ler cartas e, por fim, trabalhar.


Jackson Pollock - Pintor

Em 1945, Lee Krasner, a mulher de Pollock (1912-1956), decidiu que o casal deveria se mudar para um vilarejo bucólico próximo de Nova York. A mudança visava afastar Pollock do uísque e das noitadas com os amigos, que estavam minando sua criatividade.

O pintor continuou a beber, mas, sem os companheiros de copo, tornou-se bem mais produtivo. Nessa fase, desenvolveu a técnica de pintura do gotejamento, sua marca registrada.

Jean-Paul Sartre - Filósofo

Três horas de manhã, 3 horas à tarde. Essa era a receita de trabalho do francês Sartre (1905-1980). O resto do dia era dedicado aos célebres encontros nos cafés parisienses com amigos e sua companheira, Simone de Beauvoir. Outra característica de Sartre era trabalhar turbinado por anfetaminas, aspirinas, álcool e dois maços de cigarro.

Dmitry Shostakovich Compositor

O russo Shostakovich era a personificação do músico excêntrico. Passava horas concebendo uma peça musical inteira na cabeça para, a seguir, sentar e escrever rapidamente 30 páginas de partitura. Segundo o livro, raramente errava. Outro hábito era sumir quando tinha um insight: largava o que estava fazendo e reaparecia minutos depois.


Sigmund Freud - Psiquiatra

O austríaco Freud (1856-1939), pai da psicanálise, era totalmente workaholic. Atendia pacientes das 8 horas ao meio-dia e das 15 às 21 horas. Fazia uma pausa para o almoço e uma caminhada e outra para um café nas ruas de Viena com a família, à noite. Ao voltar para casa, estudava e escrevia regularmente até a 1 da manhã. Teve um amigo que o acompanhou durante toda a sua obra: o charuto.

Vladimir Nabokov - Escritor

Autor de Lolita, o russo-americano Nabokov (1899-1977) tinha um método particular de criação. Ele rascunhava seus romances a lápis em cartões de papel e guardava os escritos.

Quando considerava concluída a história, começava a trocar os cartões de lugar, modifcando a sequência do romance até encontrar a ordem que mais lhe agradava. Gostava de passar 1 hora na cama assim que acordava para organizar as ideias mentalmente.

Igor Stravinsky - Compositor e maestro

O russo Stravinsky dedicava as manhãs a compor, em geral das 9 às 13 horas. O resto do dia era destinado a tarefas menos criativas (para ele): escrever cartas, copiar partituras, praticar piano. Apesar de não suportar compor por muitas horas, Stravinsky trabalhava diariamente, estivesse inspirado ou não. Para compor, precisava ter certeza de que ninguém o ouvia.

Pablo Picasso - Pintor

Em 1911, Picasso (1881-1973) começou ser reconhecido e comprou um apartamento confortável no bairro chique de Montparnasse, em Paris. O apartamento tinha um estúdio grande, onde o pintor trabalhava dedicadamente de segunda-feira a sábado. Lá estabeleceu o estilo de vida que procurou manter até a morte. "Vivo como um pobre, mas com muito dinheiro", disse.


Agatha Christie - Escritora

A maior curiosidade sobre a inglesa Agatha Christie (1890-1976) é que ela dava pouca importância à sua atividade de escritora de romances policiais. Tanto que nunca teve uma escrivaninha. Seu local de trabalho era a máquina de escrever. Bastava apoiá-la numa mesa qualquer e sair digitando um de seus mais de 80 livros.

Willem de Kooning - Pintor

O holandês De Kooning (1904-1997) era do tipo que só pegava no tranco de manhã. Para começar a pintar, por volta das 11 horas, mandava ver várias xícaras de café forte com um pouco de leite. Quando o trabalho não rendia, o resultado previsível era a insônia: frequentemente fazia longas caminhadas pela noite em Nova York, onde morou a partir dos 21 anos.

Somerset Maugham - Escritor

Ao longo de 92 anos de vida, o britânico Maugham (1874-1965) publicou 72 livros, entre eles Servidão Humana. Tinha disciplina feroz: manteve a meta de escrever diariamente de 1.000 a 1.500 palavras. Acreditava que era impossível escrever olhando para a janela porquetirava a concentração,  de modo que sua mesa era sempre voltada para uma parede.

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