Joana D'Arc Felix de Sousa (YouTube/Reprodução)
Camila Pati
Publicado em 17 de maio de 2019 às 12h06.
Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 11h54.
São Paulo – É provável que, entre os profissionais que nesta semana se disseram escandalizados com a suposta fraude no currículo da professora de ensino técnico Joana D’Arc Félix de Sousa, haja alguns que já falsearam informações para abrilhantar sua trajetória profissional diante de um recrutador.
Um levantamento feito pela DNA Outplacement com base em 6 mil currículos aponta que 75% dos documentos enviados aos departamentos de recursos humanos das empresas em 2018 no Brasil continham informações distorcidas. A pesquisa foi realizada durante seis meses com 500 empresas baseadas no Brasil, Chile, Peru e Colômbia.
Protagonista de uma história de superação cotada para o cinema, Joana D’Arc cursou graduação mestrado e doutorado em química na Unicamp. Mas um dos pontos mais destacados de sua trajetória profissional, o título de pós-doutorado em Harvard, que era informado na plataforma Lattes, é uma mentira, conforme revelou reportagem do jornal o Estados São Paulo. Em nota, a professora admitiu não ter cursado Harvard mas destaca que o jornal tenta” denegrir” sua imagem, segundo publicou o Estadão.
As mentiras mais comuns nos currículos dos profissionais brasileiros, no entanto, não estão ligadas aos títulos tão altos na hierarquia acadêmica. Inflar o salário atual ou o último holerite recebido é a prática mais frequente (48%), seguida pelo nível de domínio de inglês (41%).
Aumento do grau de escolaridade e cursos falsos foram revelados em 12% e 10% dos currículos, segundo a pesquisa.
As mentiras são descobertas tanto em currículos de pessoas em começo de carreira quanto nos de profissionais com mais experiência, como o foi o caso da professora Joana D’Arc. E não são fruto da cultura do “jeitinho brasileiro”. A DNA mostra que a frequência de informações mentirosas no CVs é de 85% na Colômbia, 78% no Peru e 72% no Chile.