Teclado de computador (AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2014 às 14h49.
São Paulo - O muro ficou muito alto para você ficar em cima. A revolução das redes sociais abriu o caminho para a opinião. Em nenhuma era da história o homem teve tanta liberdade para se expressar.
Estamos dando um passo à frente no exercício de dizer o que pensamos. O inglês John Howkins, considerado o pai da economia criativa, diz que “nossas necessidades mudaram. Sai a sobrevivência e entram as emoções”. Ao ouvir a voz da multidão digital, descobrimos que a maioria das pessoas está insatisfeita.
Três situações mostram que as pessoas enfrentam o poder quando o encontram nas redes sociais:
• Marjin Dekkers, CEO da farmacêutica Bayer, disse em dezembro que um dos medicamentos do laboratório não havia sido desenvolvido para o mercado indiano, dando a entender que se tratava de uma droga para ricos. Foi criticado em todo o mundo e precisou se explicar aos acionistas da empresa.
• O chef de um restaurante fino de Lisboa, onde a presidente Dilma Rousseff jantou secretamente, publicou fotos com ela no Instagram e no Facebook após a refeição. E criou uma saia justa política para a presidência da República.
• Uma professora da PUC- RJ postou no Facebook a foto de um frequentador do Aeroporto Santos Dumont ironizando a figura do retratado com os dizeres “aeroporto ou rodoviária?”. Após reação pública, a professora acabou afastada pela direção da universidade.
Discordo do extremismo, na rede e nas ruas. O escritor britânico George Orwell estava certo ao dizer que, “se a liberdade significa alguma coisa, será, sobretudo, o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir”.
O problema é que a linha entre liberdade e libertinagem ainda é muito tênue. Aos erros cometidos há reações desproporcionais. Muitas vezes, de uma agressividade que destrói os bons argumentos.
Um profissional precisa ser responsável para dar opiniões na rede. Quando cunhou o conceito de design thinking, o americano Tim Brown profetizou: “Há um papel claro e real para a alta liderança, mas não é o de ter as ideias, e sim o de criar as condições para que elas existam”.
Use as redes para fazer o bem. Faça como o americano Jack Andraka, de 18 anos, que, após seu tio morrer de câncer de pâncreas, pesquisou na web e inventou um jeito barato de detectar os tipos da doença. A rede não é B2B ou B2C. É H2H, de humano para humano.