Líder é quem modifica, gerente executa
Para o britânico Derek Abell, fundador da escola de negócios alemã ESMT, líder é quem modifica e gerente é quem executa
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 16h08.
São Paulo - Guru de governos da Europa Oriental em tempos de crise e de uma série de empresas multinacionais, o britânico Derek Abell é reitor e fundador da ESMT, escola de negócios sediada em Berlim, capital da Alemanha. Na instituição, Derek criou um laboratório de investigações da prática da liderança para compreender como executivos podem desenvolver uma gestão que não destrua as empresas no longo prazo.
Derek cita um colega de Harvard ao avaliar o cenário atual de muitas companhias. “São super-gerenciadas e pouco lideradas”, diz. Formado em engenharia aeronáutica pela Universidade de Southampton, na Inglaterra, fez pós-graduação nos Estados Unidos: tem mestrado pelo Sloan School of Management do MIT e doutorado pela Harvard Business School, durante o qual passou 13 anos estudando estratégias de marketing e negócios.
Em visita a São Paulo, onde inaugurou um novo curso de liderança na HSM Educação, Derek concedeu entrevista à VOCÊ S/A, na qual apresenta as novas perspectivas da liderança, os anseios dos novos profissionais e as diferenças entre líder e gerente.
VOCÊ S/A - Qual é o panorama atual dos estudos sobre liderança?
Derek Abell - Existem dois tipos de mentalidade nas empresas: os gerentes e os líderes. Líderes são pessoas que modificam, enquanto gerentes são aqueles que executam. São coisas bem diferentes. Quanto mais o mundo muda, mais precisamos de líderes. Precisamos de centenas deles, que entendam de negócio e que sejam capazes de transformá-lo.
As lideranças de hoje devem ser especializadas para atender às particularidades e à complexidade de cada negócio. É necessário um líder para cada tipo de produto. A liderança está emergindo como uma árvore, cheia de galhos.
VOCÊ S/A - Os novos executivos estão preparados para seus cargos?
Derek Abell - É engraçado que algumas empresas apontem líderes de apenas 28 anos de idade. Antes, tínhamos, como ainda temos no Japão, hierarquias bem definidas, em que um profissional não ocupa um cargo de decisão antes dos 50 anos. E a responsabilidade era estreita, eles cuidavam de apenas uma área.
Hoje precisamos de mais pessoas e, então, colocamos jovens em posições de liderança. O problema é que as organizações exigem que eles tomem decisões muito difíceis, que não podem ser aprendidas nos livros e nos manuais, mas somente com experiência profissional.
VOCÊ S/A - O que os jovens buscam na educação executiva?
Derek Abell - Quando novos profissionais vão para as escolas de negócios hoje em dia, não querem apenas aprender sobre gerenciamento e manufatura. Eles querem aprender como mover as coisas, como modificá-las. E isso não é nem um pouco óbvio.
Porque gerentes precisam de conhecimento, de entender como um produto funciona ou como se dá uma estratégia de marketing, por exemplo. E nas faculdades eles aprendem a fazer esta ou aquela análise, mas, quando as pessoas querem aprender como ser um líder, é preciso ensinar também como se mover numa organização, como motivar os funcionários e como ser uma pessoa autêntica e inspiradora.
Há três aspectos da liderança: o conhecimento, o fazer e o autoconhecimento. E muitas escolas de negócios estão se concentrando apenas na questão do conhecimento.
VOCÊ S/A - Por que o senhor criou um centro de desenvolvimento de liderança na ESMT?
Derek Abell - Um colega de Harvard, Thierry Cottard, dizia que muitas companhias estão supergerenciadas e pouco lideradas. Quando falamos de liderança e do desenvolvimento de líderes, falamos de duas coisas: de estilo de liderança, que envolve o próprio perfil do profissional; e de outro aspecto, que abordamos na ESMT, que são as trocas que o líder deve saber fazer. Há algumas trocas que precisam ser feitas o tempo todo.
Por exemplo, entre o hoje e o amanhã. Quem é líder precisa saber planejar a longo prazo. Outro tipo de troca é entre risco e retorno. Estamos em um mundo em que as empresas exigem que as pessoas assumam riscos elevados para obter melhores retornos. Mas há muitos problemas nisso, como vimos no caso das hipotecas americanas quando houve a crise de 2008.
VOCÊ S/A - Falta liderança no mercado?
Derek Abell - Há poucos líderes que entendem quando as coisas são traiçoeiras. Líderes devem ser visionários. Precisamos de líderes que sejam previdentes, não imprudentes. Não adianta ficar oferecendo bônus para os gerentes se não estamos arriscando na coisa certa. Precisamos de bom julgamento e de gente capaz de ensinar para as pessoas como não cometer erros estúpidos.
VOCÊ S/A - Quais são os desafios dos atuais gestores?
Derek Abell - A liderança exige muito esforço. Não se inicia às 8h da manhã e termina às 5h da tarde. Começa até mesmo antes de você se levantar. Ainda estamos saindo de um tempo em que as pessoas achavam que ser líder era uma espécie de privilégio. É necessário ser ético e não ultrapassar etapas para conseguir resultados. Ele precisa ser correto e autêntico.
São Paulo - Guru de governos da Europa Oriental em tempos de crise e de uma série de empresas multinacionais, o britânico Derek Abell é reitor e fundador da ESMT, escola de negócios sediada em Berlim, capital da Alemanha. Na instituição, Derek criou um laboratório de investigações da prática da liderança para compreender como executivos podem desenvolver uma gestão que não destrua as empresas no longo prazo.
Derek cita um colega de Harvard ao avaliar o cenário atual de muitas companhias. “São super-gerenciadas e pouco lideradas”, diz. Formado em engenharia aeronáutica pela Universidade de Southampton, na Inglaterra, fez pós-graduação nos Estados Unidos: tem mestrado pelo Sloan School of Management do MIT e doutorado pela Harvard Business School, durante o qual passou 13 anos estudando estratégias de marketing e negócios.
Em visita a São Paulo, onde inaugurou um novo curso de liderança na HSM Educação, Derek concedeu entrevista à VOCÊ S/A, na qual apresenta as novas perspectivas da liderança, os anseios dos novos profissionais e as diferenças entre líder e gerente.
VOCÊ S/A - Qual é o panorama atual dos estudos sobre liderança?
Derek Abell - Existem dois tipos de mentalidade nas empresas: os gerentes e os líderes. Líderes são pessoas que modificam, enquanto gerentes são aqueles que executam. São coisas bem diferentes. Quanto mais o mundo muda, mais precisamos de líderes. Precisamos de centenas deles, que entendam de negócio e que sejam capazes de transformá-lo.
As lideranças de hoje devem ser especializadas para atender às particularidades e à complexidade de cada negócio. É necessário um líder para cada tipo de produto. A liderança está emergindo como uma árvore, cheia de galhos.
VOCÊ S/A - Os novos executivos estão preparados para seus cargos?
Derek Abell - É engraçado que algumas empresas apontem líderes de apenas 28 anos de idade. Antes, tínhamos, como ainda temos no Japão, hierarquias bem definidas, em que um profissional não ocupa um cargo de decisão antes dos 50 anos. E a responsabilidade era estreita, eles cuidavam de apenas uma área.
Hoje precisamos de mais pessoas e, então, colocamos jovens em posições de liderança. O problema é que as organizações exigem que eles tomem decisões muito difíceis, que não podem ser aprendidas nos livros e nos manuais, mas somente com experiência profissional.
VOCÊ S/A - O que os jovens buscam na educação executiva?
Derek Abell - Quando novos profissionais vão para as escolas de negócios hoje em dia, não querem apenas aprender sobre gerenciamento e manufatura. Eles querem aprender como mover as coisas, como modificá-las. E isso não é nem um pouco óbvio.
Porque gerentes precisam de conhecimento, de entender como um produto funciona ou como se dá uma estratégia de marketing, por exemplo. E nas faculdades eles aprendem a fazer esta ou aquela análise, mas, quando as pessoas querem aprender como ser um líder, é preciso ensinar também como se mover numa organização, como motivar os funcionários e como ser uma pessoa autêntica e inspiradora.
Há três aspectos da liderança: o conhecimento, o fazer e o autoconhecimento. E muitas escolas de negócios estão se concentrando apenas na questão do conhecimento.
VOCÊ S/A - Por que o senhor criou um centro de desenvolvimento de liderança na ESMT?
Derek Abell - Um colega de Harvard, Thierry Cottard, dizia que muitas companhias estão supergerenciadas e pouco lideradas. Quando falamos de liderança e do desenvolvimento de líderes, falamos de duas coisas: de estilo de liderança, que envolve o próprio perfil do profissional; e de outro aspecto, que abordamos na ESMT, que são as trocas que o líder deve saber fazer. Há algumas trocas que precisam ser feitas o tempo todo.
Por exemplo, entre o hoje e o amanhã. Quem é líder precisa saber planejar a longo prazo. Outro tipo de troca é entre risco e retorno. Estamos em um mundo em que as empresas exigem que as pessoas assumam riscos elevados para obter melhores retornos. Mas há muitos problemas nisso, como vimos no caso das hipotecas americanas quando houve a crise de 2008.
VOCÊ S/A - Falta liderança no mercado?
Derek Abell - Há poucos líderes que entendem quando as coisas são traiçoeiras. Líderes devem ser visionários. Precisamos de líderes que sejam previdentes, não imprudentes. Não adianta ficar oferecendo bônus para os gerentes se não estamos arriscando na coisa certa. Precisamos de bom julgamento e de gente capaz de ensinar para as pessoas como não cometer erros estúpidos.
VOCÊ S/A - Quais são os desafios dos atuais gestores?
Derek Abell - A liderança exige muito esforço. Não se inicia às 8h da manhã e termina às 5h da tarde. Começa até mesmo antes de você se levantar. Ainda estamos saindo de um tempo em que as pessoas achavam que ser líder era uma espécie de privilégio. É necessário ser ético e não ultrapassar etapas para conseguir resultados. Ele precisa ser correto e autêntico.