Segurança psicológica: a visão de que o erro leva à punição acaba com muitas ideias e oportunidades boas (Creative-Family/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2019 às 15h00.
Última atualização em 22 de junho de 2019 às 16h58.
Em termos de gestão e produtividade, é essencial que as empresas consigam proporcionar um ambiente saudável e vantajoso para seus colaboradores.
Parte disso envolve promover uma cultura na qual todos possam propor ideias e se arriscar, sem medo de julgamentos. Para que isso ocorra, os líderes devem desenvolver, dentro do local de trabalho, a segurança psicológica.
“A ideia de segurança psicológica é fazer com que as pessoas de uma equipe sintam que podem correr riscos interpessoais. São coisas simples como pedir ajudar, propor uma ideia ou reconhecer que não sabe algo. Mas se o ambiente pune demonstrações de vulnerabilidade, você inibe esse comportamento que é importante para o funcionamento de uma boa equipe”, explica o mestre em psicologia e coach Alan Pogrebinschi.
Mestre em psicologia organizacional e gestão, Rafaella Andrade aponta que a segurança psicológica ainda é capaz de aumentar a produtividade das equipes.
“É como se você criasse modelos mentais compartilhados entre as pessoas. Isso facilita e agiliza a realização das atividades porque cada membro pode falar abertamente e os gestores conseguem identificar quem é melhor para qual tarefa e quem precisa de mais desenvolvimento”, exemplifica.
A psicóloga acredita que, em um ambiente com segurança psicológica, as pessoas estão mais propensas a gerar ideias e inovação. “Porque elas sabem que podem sugerir coisas novas e testar. Se houver algum erro, ele vai ser usado para aprendizado e não punição. A colaboração e a inovação são muito beneficiadas”, analisa.
Alan afirma que não existe ambiente mais sensível à segurança psicológica do que aquele que requer inovação.
“Porque para inovar, precisar correr o risco de errar e ser capaz de apreender com os erros, seus e dos outros. Mas para que isso ocorra, você precisa de um espaço no qual possa propor ideias mesmo que pareçam ridículas, fazer perguntas mesmo que sejam estúpidas e admitir as falhas, sem ser punido ou alvo de deboche”, defende.
O coach esclarece que a visão de que o erro leva à punição acaba com muitas ideias e oportunidades boas que tinham o potencial de serem revolucionários.
“O erro faz parte da nossa natureza. A nossa própria evolução, como seres humanos, só ocorreu por conta de falhas na mutação da genética. Você precisa de vários erros para uma hora acertar”, opina.
E os resultados positivos de se aplicar a segurança psicológica no trabalho são comprovados. Em uma pesquisa interna para descobrir qual era o segredo das equipes mais produtivas, o Google percebeu que a segurança psicológica era a característica mais marcante dos grupos altamente produtivos.
A capacidade de se arriscar e se colocar em posição de vulnerabilidade frente aos outros importava mais do que experiência profissional e background acadêmico, por exemplo.
Coach empresarial especialista em eficiência e carisma, Mari Lannes percebe que muitas pessoas são inseguras dentro do ambiente de trabalho e isso as impedem de serem protagonistas do que fazem.
“Porque não tem uma segurança nos valores, não sabem onde podem chegar ou como agir. O líder tem que direcionar essas questões, mas muitas vezes a empresa não proporciona isso”, afirma.
Ela acredita que a segurança vem a partir do empoderamento das forças e do conhecimento que a pessoa tem consolidado.
“Se conhecer, identificar suas competências e o que você precisa para melhorar, ter controle emocional, entender que cada pessoa tem suas particularidades e treinar habilidades positivas de relacionamento são fatores importantes”, exemplifica.
Como promover a segurança psicológica (para você e para os outros)
#1 Mostre-se aberto ao feedback
#2 Ofereça feedback
#3 Seja mais tolerante aos erros e às diferenças
#4 Entenda o impacto do ambiente nas pessoas
#5 Não se puna por seus erros
#6 Pratique a segurança psicológica com si mesmo
#7 Não replique comportamentos hostis
#8 Incentive os outros a se arriscarem
Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal da Fundação Estudar.