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Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2013 às 18h12.
São Paulo A vaga é sua, parabéns.” Ouvir essa frase é um alívio para o recém-contratado. Porém, o período de comemoração dura pouco e logo o profissional entra na fase de provação. Decisivo para a permanência no cargo, o processo de integração e adaptação pode ser extenuante e complicado.
Um estudo da década de 90 da consultoria Stanton Chase avaliou o que levava pessoas recém-admitidas a ficar ou sair. A pesquisa mostrou que o risco de deixar o emprego é maior nos primeiros 18 meses — depois dessa etapa as coisas tendem a se acomodar.
Entre os fatores mais valorizados por novos empregados estavam a forma como foram recebidos pelo time e pela chefia e o nível de competitividade do ambiente de trabalho. Todos eles são assuntos comportamentais. Itens como competência, qualificação ou valores da companhia só apareciam depois. Apesar de ser antigo, o estudo da Stanton Chase continua atual.
A questão da integração está na pauta do dia porque, com o mercado de trabalho aquecido, muita gente foi contratada (ou contratou) pessoas nos últimos meses. Além disso, é comum encontrar desgastes nos primeiros meses de casa nova.
Segundo Carlos Eduardo Altona, sócio-diretor da Exec, empresa de recrutamento especializado, o Brasil está muito atrasado em relação à contratação e à integração de funcionários.
“Metade das contratações que não dão certo é fruto da má adaptação dos novos empregados à empresa e aos cargos”, diz ele, que está oferecendo aos clientes um serviço de acompanhamento de profissionais recrutados por ele nos primeiros meses de trabalho.
Mas como desenvolver uma adaptação bem-sucedida? A busca por uma solução cabe mais ao gestor ou ao novo empregado? Cada um tem sua parcela de responsabilidade, mas a principal, segundo Carlos Eduardo, é do gestor, que deve explicar com clareza o que é esperado de um profissional.
“As pessoas entram nas companhias sem ter ideias claras de suas metas. Isso gera muito problema porque a avaliação delas passa a ser subjetiva”, diz Carlos Eduardo. Portanto, se você é recém-contratado, pergunte, esclareça e cobre seu chefe diante de qualquer dúvida que você tiver.
Não tenha vergonha: é melhor parecer desinformado no início do que dizer que houve um mal-entendido depois. Uma orientação importante de especialistas em carreira é dedicar os primeiros meses de trabalho à construção de alianças com outros profissionais na organização.
São essas pessoas que vão lhe indicar os caminhos menos visíveis, não registrados nos processos corporativos. “A empresa funciona como uma engrenagem. Se você não tiver bons relacionamentos, fica difícil trabalhar”, diz Marcelo Freund, de 31 anos, gerente de vendas da Vitopel. “Logo no início, é importante identificar quem são as pessoas com quem você vai trabalhar e criar as suas alianças.”
Um trabalho paralelo é procurar compreender as diferenças socioculturais que podem existir com colegas, pessoas-chave da empresa e, principalmente, seu chefe. É o que vem fazendo Marcos Carmona, de 40 anos, gerente de contas da Gemalto. Mesmo com uma boa bagagem corporativa, ele tem encarado a novidade de lidar com um chefe de diferente religião.
Apesar de não ser uma grande barreira, a situação exige medidas sutis, que aparentemente nada têm a ver com o trabalho. “Fico atento para não dizer algo ou adotar um comportamento que possa gerar algum tipo de indisposição entre nós”, diz Marcos. Hoje em dia, o alto nível de exigência nas contratações, principalmente em níveis gerenciais, pode dificultar o processo de adaptação dos novos profissionais.
Carlos Eduardo Altona acredita que a necessidade de imediatismo do mercado aliado à demora na contratação e os altos custos desse processo fazem com que os novos funcionários já entrem com a sensação de estar devendo. “Logo nas primeiras semanas, o contratado é envolvido em uma enxurrada de responsabilidades e atividades da companhia sem ter tempo de digerir coisas básicas, super-relevantes.”
A área de recursos humanos também deve ser atuante no processo de adaptação do novo contratado, informando adequadamente quais são as políticas da companhia, quais são seus benefícios, se existem códigos de conduta e o que a empresa mais valoriza nos empregados.
Os tradicionais programas de integração, que a maioria das grandes corporações tem, muitas vezes ficam no papel. “Poucas investem realmente em passar essas informações, dando um treinamento mais apropriado aos novos profissionais”, diz Carlos Eduardo. Por isso, se você está de casa nova, procure conhecê-la o melhor possível.