(Divulgação: Tim Robberts/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de dezembro de 2023 às 15h12.
Por Rose Souza, sócia e CEO da @verbify.oficial, e da @companhiadeidiomas
Como o mundo é competitivo, e as organizações também, escolas com ambiente competitivo argumentam que estão preparando as crianças e adolescentes para o mundo. Na melhor das intenções, ao colocar aprendizes para competir, essas escolas ensinam que precisamos nos esforçar para sermos melhores que outros, de preferência os primeiros, porque o sucesso pertence a poucos. O que você acha disso? Quero saber.
Há famílias competitivas.
Igualmente com boas intenções, há pais e mães que comparam seus filhos, dizendo coisas como “o Marcelo é mais estudioso que você”, “a Mariana tira melhores notas que você”, ou coisas assim. Não é fácil educar filhos, eu bem sei.
Ao criar um ambiente competitivo em casa, os irmãos aprendem a se comparar o tempo todo, sempre relativizando a sua performance, suas conquistas, suas perdas - e a competição não é muito amiga da colaboração (algo necessário na vida de irmãos). Outro problema aqui é que, se meu irmão desenha MUITO bem, eu nem tento, porque já sei que não sou muito talentosa, e que ele vai se destacar, talvez eu até seja ridicularizada na comparação. Então, para quê desenhar se não vou ser melhor que ele, né? Que pena. Pensando assim, não exploramos, não nos divertimos, não melhoramos nossa prática, não abrimos espaço para conhecermos conteúdos e habilidades que poderiam contribuir muito em nossa vida pessoal e profissional. Ficamos com medo de sermos “só bons”. E, em muitos contextos, ser bom é mais que suficiente. Mas, por medo de não sermos incríveis, ficamos com o não-saber, o não-fazer, o não-ser.
Entender isso pode nos ajudar a compreender o quanto a competição pode ser algo que impulsiona algumas pessoas, que faz com que elas se movam na direção que querem, por verem que outras pessoas estão se movendo. Faz com que andem mais rápido, quando veem que há pessoas correndo. Isso me parece bom, em alguns momentos da vida, né? Eu tenho pessoas que funcionam como meus gatilhos, no sentido de me puxarem para cima, de me darem uma sacudida, mesmo sem intenção. Mas eu uso a competição com moderação, porque ela vicia.
E para alguns, ela trava. Ela mexe com a autoestima que já pode ser baixa, e paralisa mesmo. Por anos, pela vida.
Boa parte das pessoas que eu mentoro na Verbify, são profissionais que travam na hora de falar um idioma, ou na hora de aprender algo. Essas pessoas querem e precisam aprender algo, mas nunca começam. Ou começam e desistem. Ou persistem, mas não se mostram. Porque se comparam, se sentem inferiorizadas, não lidam bem com seus erros, são exigentes demais consigo mesmas, ou se tornaram perfeccionistas.