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84% dos cargos têm aumento abaixo da inflação, diz estudo

Pesquisa da Love Mondays mostra a evolução dos salários para 26 cargos no Brasil entre 2014 e 2015. A remuneração dos gerentes é a que mais caiu

Bolso vazio: remuneração dos gerentes brasileiros caiu 23% entre 2014 e 2015 (Thinkstock/belchonock)

Claudia Gasparini

Publicado em 7 de dezembro de 2015 às 14h04.

São Paulo - Os gerentes são os profissionais mais afetados pela crise econômica que castiga o Brasil - pelo menos sob o ponte de vista salarial .

A conclusão é de uma nova pesquisa da comunidade online de carreira Love Mondays, que cruzou informações fornecidas anonimamente por sua base de usuários entre julho de 2014 e setembro de 2015.

No período, a remuneração média dos gerentes caiu 23%. “É possível que muitos deles estejam sendo substituídos por quem aceita uma remuneração mais baixa”, explica Luciana Caletti, CEO da empresa responsável pelo estudo.

Outros profissionais que ficaram com os bolsos mais vazios em 2015 são os supervisores (-11%), professores (-9%) e consultores (-6%).

A redução do poder aquisitivo, porém, é generalizada. Dos 25 cargos analisados, 21 - ou 84% - tiveram aumento inferior à inflação acumulada no ano, que atingiu 9,57%. Na média, os salários subiram apenas 0,57%.

Quatro cargos registraram aumento superior ao índice de inflação: motorista (15%), técnico (13%), assistente (12%) e atendente (11%).

Luciana afirma que essas profissões têm piso salarial mais baixo e grande rotatividade. “Essa realidade faz com que as empresas invistam em uma remuneração mais atrativa para buscar bons profissionais”, explica.

Para chegar aos números, a Love Mondays tomou por base 11.909 salários declarados pelos usuários entre julho e dezembro de 2014, em contraste com 49.405 salários registrados entre janeiro e setembro de 2015.

Veja abaixo a tabela completa de cargos e salários, bem como sua variação no período. A média diz respeito à remuneração praticada em empresas privadas e públicas.

CargoMédia salarial em 2014 (R$)Média salarial em 2015 (R$)Variação
Gerente8.485,176.528,05-23%
Supervisor4.230,103.763,61-11%
Professor3.671,173.355,77-9%
Operador de caixa1.569,331.435,82-9%
Consultor5.066,864.766,87-6%
Analista júnior3.089,232.966,71-4%
Gerente comercial6.107,505.905,33-3%
Assistente administrativo1.856,161.810,03-2%
Estagiário1.284,101.273,82-1%
Recepcionista1.153,761.149,700%
Analista pleno4.470,494.504,191%
Coordenador5.836,905.883,041%
Operador1.667,021.682,611%
Auxiliar administrativo1.319,271.342,422%
Analista4.002,954.115,753%
Analista de sistemas sênior6.966,077.162,913%
Auxiliar de produção1.129,331.164,663%
Analista sênior5.889,156.073,923%
Engenheiro7.097,487.414,424%
Analista de sistemas4.712,595.015,346%
Vendedor1.733,921.871,968%
Atendente948,561.057,2211%
Assistente1.968,792.208,2212%
Técnico2.596,382.946,5813%
Motorista1.553,371.791,9815%

A Love Mondays também analisou a trajetória da remuneração em 26 setores. Desse total, 13 reajustaram abaixo da inflação.

A área de serviços empresariais foi a mais afetada, com queda de 8%. Também fizeram cortes consideráveis na folha de seus funcionários empresas de TI e telecom (-5%), eletrônica (-3%) e papel e celulose (-2%).

Ainda assim, há setores que reajustaram salários acima da inflação, tais como atacado (33%), água e saneamento (30%), bens de consumo (25%), metalurgia e mineração (24%) e agropecuária (22%).

“A alta do dólar não tem impacto negativo sobre todos”, diz Luciana, CEO da Love Mondays. “Em setores como o de commodities agrícolas e minerais, os produtos se tornam mais competitivos no mercado internacional, e o aumento das vendas influencia positivamente a remuneração dos funcionários”.

A seguir, veja a tabela com a evolução da remuneração nos setores analisados. Os dados se referem a empregadores tanto de natureza privada quanto pública:

SetorMédia salarial em 2014 (R$)Média salarial em 2015 (R$)Variação
Serviços a empresas2.637,732.433,36-8%
Têxteis2.385,182.203,68-8%
TI e telecom4.165,823.937,79-5%
Eletrônico3.975,693.841,65-3%
Papel e celulose3.506,083.450,47-2%
Farmacêutica e saúde2.674,332.647,80-1%
Consultoria e contabilidade3.652,673.636,580%
Educação2.953,212.940,800%
Governo, ONG e associações3.180,633.263,023%
Transportes e logística2.692,052.807,294%
Químico3.564,843.717,814%
Automotivo3.417,593.611,206%
Mídia e comunicação3.158,803.347,176%
Varejo1.886,832.069,2410%
Construção e engenharia3.284,763.690,6412%
Viagens, turismo e lazer2.025,152.315,2414%
Serviços ao consumidor1.869,832.171,8016%
Serviços financeiros3.464,904.079,4118%
Energia3.792,344.506,4719%
Manufatura industrial3.136,383.770,2220%
Agropecuária2.840,373.471,5422%
Metalurgia e mineração3.318,474.124,6124%
Bens de consumo2.568,063.211,2325%
Bares e restaurantes1.190,611.502,2126%
Água e saneamento2.696,833.499,5430%
Atacado1.346,061.794,9933%
São Paulo - As instituições financeiras, de seguros e corretoras lideram a lista de áreas de trabalho que pagam os melhores salários no Brasil. A informação vem da 51ª Pesquisa Salarial da Catho que mostra que a média praticada pelo segmento financeiro é até 166% maior do que a nacional. Na última edição, os maiores salários estavam na indústria de autopeças, de acordo com a Catho, a segunda área do ranking divulgado nesta semana pelo site de empregos. Confira, nas fotos, quais são os 10 segmentos que respondem pelas maiores remunerações , na comparação com a média salarial nacional.
  • 2 /15(Marcos Santos/USP Imagens)

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    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Instituições Financeiras, Seguros e Corretoras166,8não informado
  • 3 /15(Julia Carvalho/EXAME.com)

  • Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Fabricação de Equipamentos de Transporte85,125,4
  • 4 /15(Ian Waldie/Getty Images)

    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Mineração, Extração de Óleo e Gás62,8não informado
  • 5 /15(Germano Luders/Exame)

    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Indústria Automotiva41,75,3
  • 6 /15(Alexandre Battibugli/EXAME.com)

    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Indústria Farmacêutica /Cosméticos35,4não informado
  • 7 /15(hxdyl/ThinkStock)

    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Fabricação de Papel e Similares24,97,8
  • 8 /15(Alexandre Battibugli/EXAME.com)

    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Fabricação de Equipamentos Elétricos e Eletroeletrônicos24,15,1
  • 9 /15(Sean Gallup/Getty Images)

    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Indústria Metalúrgica de Metal Primário (Aço, Ferro e Alumínio)20,14,7
  • 10 /15(Germano Lüders / EXAME)

    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Incorporadora e Imobiliária18,9não informado
  • 11 /15(Marcelo Correa/Exame)

    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Saúde e Hospitalar (laboratórios, hospitais, análises clínicas, assistência médica)16,411,4
  • 12 /15(zhudifeng/ThinkStock)

    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Fabricação de Produtos de Borracha e Plásticos11,910,7
  • 13 /15(bugphai/Thinkstock)

    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Comércio atacadista10,49,5
  • 14 /15(Thinkstock)

    Área% acima da média nacional% de variação 2014-2015
    Construção4,66,9
  • 15. Agora, veja quanto ganham os gerentes na Ambev, no Itaú e outras empresas

    15 /15(Marcos Santos/usp imagens)

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