Aluno da Universidade de Stanford: treino para o GMAT e exames de proficiência em língua estrangeira é o primeiro passo para entrar no MBA (L.A. Cicero / Stanford News)
Talita Abrantes
Publicado em 3 de janeiro de 2012 às 09h59.
São Paulo – Quanto o assunto é carreira, a resolução de ano novo nem sempre se materializa totalmente logo nos primeiros dias do ano. Decidir fazer um MBA fora do Brasil, por exemplo, é um desses planos que levam tempo para sair do papel.
“Primeiro porque a pessoa tem que gastar uns cinco meses para se preparar para os testes. Depois, que leva cerca de duas semanas para preencher os formulários de cada escola”, diz Ricardo Betti, da MBA Empresarial.
Com isso, se você começou a cogitar fazer um MBA fora do país em 31 de dezembro, se correr, só estará apto para se inscrever em outubro – quando começam os primeiros turnos da seleção para os programas das principais escolas de negócios do mundo.
A maioria dos brasileiros, no entanto, opta por fazer as inscrições em janeiro, quando acontece o segundo turno de seleções. O último, que é realizado por volta de março e abril, não é recomendado para alunos estrangeiros. Motivo? Sobra pouco tempo para tirar o visto até o início das aulas, já no segundo semestre do ano.
Veja a seguir os passos para superar a saga por uma vaga nos programas de MBA mais concorridos do mundo. Mas, atenção, cada item abaixo não deve ser feito isoladamente se a sua intenção é entrar no MBA já em 2013:
1 Encare o GMAT e os testes de proficiência em língua estrangeira
Primeira lição para tirar o processo de seleção de MBA de letra? Não subestimar o GMAT (. Obter uma boa pontuação no teste não garante sua vaga no programa de MBA, mas tem a capacidade de abrir algumas portas nas melhores escolas de negócios do mundo.
Ao todo, a prova possui 3 horas e meia de duração. Parece muito, mas acredite: o tempo é curto para superar as 78 questões mais os dois ensaios que compõem a prova. Encará-las exige cerca de cinco meses de treino.
Além do GMAT, todas as escolas de negócios exigem também testes de proficiência em língua estrangeira para candidatos de outros países.
Nesse momento, a dica é priorizar os treinos para a prova do GMAT. “Ao estudar para o GMAT, o candidato já se prepara para 2/3 do teste de proficiência em língua estrangeira”, diz Betti.
Afinal, o que importa para as escolas de negócios quando o assunto é proficiência em língua inglesa é se o candidato consegue fazer a nota de corte. Se tirar uma nota maior do que o piso que elas determinam, nada vai mudar no processo de admissão.
No GMAT, ao contrário, isso conta. Quanto menor a pontuação, menores as chances de entrar nas escolas que sempre figuram nos rankings de MBA.
2 Faça seu próprio processo de seleção, no caso, das escolas
O peso da marca da escola é importante, mas não é tudo. No dia-a-dia do curso, o que vale é a coerência entre o estilo da instituição e o perfil do aluno. Sem o casamento entre essas duas variáveis, o dinheiro e tempo investido no programa podem render um custo benefício baixo.
Por isso, não se apegue apenas aos nomes (e renomes) das instituições. Priorize programas que tenham afinidades com quem você é e o que quer da sua vida profissional. Para isso, procure informações na internet, converse com ex-alunos e avalie qual programa de MBA no exterior é a sua cara.
3 Comece o cadastro
Atualmente, todos os formulários dos processos de admissão são feitos pela internet. Como documento online, é possível salvá-los e retornar em outro momento para editá-los. A regra vale até o momento em que você decidir enviá-los, de fato, para a escola.
Para não perder tempo, comece a preencher todos a partir do momento em que você escolheu a escola. “Sempre que surgir um tempo livre, preencha o cabeçalho ou as questões mais pontuais do questionário, por exemplo”, diz Betti.
4 Cuide dos documentos
Não deixe para as semanas ou minutos finais a preparação dos documentos exigidos pelas escolas. Requerê-los e fazer a tradução juramentada leva tempo. Via de regra, as instituições pedem os seguintes documentos:
. Histórico escolar da graduação original em português, além da tradução juramentada do documento.
. Histórico escolar da pós-graduação original em português, além da tradução juramentada do documento.
. Certificado de conclusão do curso, além da tradução juramentada dele.
. Uma carta oficial da universidade ou faculdade explicando o sistema de notas. “Algumas já têm um kit pronto com essas informações. Na Escola Politécnica da USP, por exemplo, eles informam que as notas variam de zero a dez, mas que os melhores alunos têm média 7”, diz o especialista.
5 Dedique tempo para as cartas de recomendação
“As cartas de recomendação são toda uma novela a parte. São tão complicadas quanto os ensaios”, diz Betti. Isso significa que você tem que ter muito critério ao escolher a pessoa que irá respondê-las. “Tem que ser alguém que te conheça bem”, diz o especialista.
Saber tudo sobre seu perfil e vida profissional, contudo, não é o bastante. O chefe, colega de trabalho ou cliente que irá testemunhar sobre você para as escolas de negócios também deve estar preparado para esta missão.
“Você tem que sentar com a pessoa, deixar o currículo e repassar as perguntas que podem ser feitas”, diz Betti. “Muitas vezes, o chefe não lembra mais suas conquistas. Se você contar, ele vai lembrar”. Para ter uma ideia do que é questionado, veja as perguntas para as pessoas que recomendam feitas pela Harvard Business School.
Não se esqueça: essas pessoas também devem ter um bom domínio da língua inglesa. Afinal, todo o processo será neste idioma para as escolas de negócios em países como Estados Unidos e Reino Unido.
6 Finalize os ensaios
Os ensaios são um dos pontos mais altos do processo de admissão para um programa de MBA em instituições como Harvard ou Stanford. “Como eles são introspectivos levam tempo para escrever”, diz o especialista.
Atenção redobrada com sua fluência no inglês e com o limite de tamanho. Nunca ultrapasse o número de palavras determinado pelas escolas para cada questão. Confira algumas perguntas recorrentes nos processos de seleção de MBA:
. Por que escolheu esta escola?
. Quais são os seus objetivos de carreira após o MBA?
. Descreva duas realizações da sua vida profissional ou pessoal
. Descreva um dilema ético e como você o resolveu
. Se tivesse a chance de conversar meia hora com o presidente do seu país, que perguntas lhe faria?
. Escreva o índice do livro da sua vida
7 Anexar seu currículo ao cadastro
Cuidado com o currículo que você irá anexar no formulário. Quanto mais simples e objetivo, melhor. “É importante que ele tenha uma página”, diz Betti. Elenque as informações sobre educação, experiência profissional, hobby, viagens (vale até viagens culturais) e trabalho voluntário.
8 Prepare-se para a entrevista
Feito isso, submeta o cadastro à instituição e espere a convocação para a entrevista. Geralmente, a entrevista é feita em inglês por ex-alunos que moram no Brasil. Em alguns poucos casos, elas são realizadas no país da instituição.
Para se preparar, vale acessar o site Zoom Interviews. Lá, é possível encontrar vídeos com simulações de entrevistas para MBA. Mas, lembre-se, o mais importante na hora de estar cara a cara com o selecionador é ser você mesmo. E nada além disso.