7 armadilhas dos programas de saúde (Tato Araujo)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2013 às 14h56.
São Paulo - O crescente (e inevitável) gasto com assistência médica, doenças e afastamentos está forçando cada vez mais as companhias a investir em programas de qualidade de vida. E nessa esfera pipocam as ações corporativas que já ficaram populares, como as campanhas antitabagismo e as dietas saudáveis.
Uma pesquisa da consultoria Buck Consultants com 150 empresas em todo o mundo revelou um ranking com os principais programas promovidos pelas companhias. Atividades físicas aparecem em primeiro lugar, seguidas de campanhas antiestresse, nutrição, pressão alta, doenças crônicas, segurança no trabalho e controle do colesterol. Ações para diminuição de fumantes ficaram em décimo lugar.
Com as iniciativas mágicas, porém, surgem as armadilhas. E muitas vezes o que era para ser um instrumento de prevenção de doenças e, consequentemente, redução de custos no futuro se transforma em elefante branco e dinheiro mal-empregado.
Consultores da área e gestores de recursos humanos citam dezenas de exemplos de projetos que não “vingaram”, como academias que depois de seis meses ficaram vazias, ou mesmo campanhas antifumo feitas para uma parcela muito pequena do universo corporativo. “O grande problema dos projetos é a falta de planejamento.
Academia é algo importante se for relacionado ao ambiente de trabalho. Já a ginástica laboral não é eficaz em escritórios, pois as pessoas não têm tempo necessário para fazer exercícios”, explica Alberto Ogata, presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV). O modismo corporativo também atrapalha na elaboração dos projetos. “O problema dos programas de qualidade de vida é que eles são massificados e normalmente não atingem o público específico”, diz Francisco Bruno, consultor da Mercer.
Apesar de ser difícil calcular o prejuízo financeiro dos projetos fracassados, os especialistas afirmam que as armadilhas dos programas de saúde tiram, sim, boas quantias dos cofres das companhias. “Quando não dá certo, existem perdas por investimentos, pela não diminuição da sinistralidade e do absenteísmo. Isso pode ser qualificado como não economia ou prejuízo”, cita Ricardo De Marchi, médico e presidente da CPH Health.
A seguir, veja quais são as sete principais armadilhas em que a empresa pode cair ao criar programas mal elaborados de qualidade de vida:
1 Não comprometimento do gestor
“Se o gestor não acreditar na importância da saúde dos colaboradores, nenhum programa terá sucesso”, afirma De Marchi, da CPH Health. A falta de visão e de comprometimento do gestor do programa pode custar o sucesso da campanha, pois é o diretor da área quem determina as linhas de atuação e como o programa será executado, além de definir o orçamento e o prazo de execução da campanha.
2 Comunicação Fraca
A forma escolhida pela equipe de promoção do programa será fundamental para determinar seu sucesso. “Uma falha que acontece com frequência é entregar ao departamento de comunicação da companhia a tarefa de avisar aos colaboradores, pois a área geralmente tem outras prioridades”, acrescenta De Marchi. Segundo a pesquisa realizada pela Buck Consultants, os funcionários se informam sobre campanhas de qualidade de vida em primeiro lugar pelo portal corporativo, seguido de cartazes e de e-mails.
3 Não fazer um diagnóstico da empresa
Para alcançar os resultados, um programa precisa de um diagnóstico efetivo. A companhia tem de saber quais doenças são mais comuns entre seus funcionários para poder promover ações pontuais, além de ouvir um grupo heterogêneo para descobrir os anseios da maioria. Não adianta criar um grupo de corrida se os profissionais preferem organizar uma partida de futebol. Se há poucos fumantes no ambiente corporativo, uma campanha antitabagista é inútil, assim como uma de controle da pressão arterial é pouco recomendada para o universo de colaboradores jovens.
4 Não alinhar o programa com a estratégia da empresa
A primeira pergunta a ser respondida antes de implementar um programa de qualidade de vida é: qual o objetivo das ações que serão realizadas? Diminuir custos? Melhorar a visão da empresa junto aos funcionários? Motivar os colaboradores? “O gestor do projeto precisa conscientizar a direção da empresa de que qualidade de vida é um valor inestimável”, afirma De Marchi.
5 Não avaliar o programa em sua totalidade
Programas de qualidade de vida custam dinheiro. Os envolvidos precisam planejar todas as fases do projeto sem descuidar do orçamento e dos prazos, para não comprometer o resultado final da campanha. É importante também integrar os projetos de qualidade de vida para facilitar a gestão da saúde. E, se possível, agrupar tudo sob uma área. Projetos soltos são mais difíceis de serem medidos.
6 Deixar o projeto fora do sistema
“Uma boa campanha de promoção de saúde tem planejamento, diagnóstico, execução, gestão, comunicação e avaliação. Sem isso, pode naufragar antes de começar”, diz o presidente da CPH Health.
7 Não capacitar os profissionais
Para implantar um projeto de qualidade de vida dentro de uma companhia é preciso contar com um grupo de profissionais especializados na área e que tenham experiência em processos de promoção de saúde. “O perfil desses profissionais é bem diferente do perfil de quem está hoje dentro das empresas. É um perfil mais de vendedor”, diz De Marchi. A companhia pode optar por delegar a uma pessoa da área de recursos humanos a missão de elaborar um projeto, mas o melhor, segundo os especialistas, é buscar um especialista no mercado.