6 centros de pesquisa para trabalhar no Brasil
Tem um perfil voltado para a inovação? Saiba quais as empresas estão investindo na carreira científica no país
Talita Abrantes
Publicado em 18 de novembro de 2010 às 05h36.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h38.
São Paulo – Entre 2002 e 2008, a pesquisa científica no Brasil deu um salto em investimentos e publicações, segundo relatório da Unesco divulgado na semana passada. Mas o abismo entre a produção científica e o mercado persiste. Para se ter uma ideia, cerca de ¾ dos pesquisadores permaneceram nas universidades durante o período. O cenário pode mudar nos próximos anos. Com planos de ampliar seus investimentos em pesquisa no país, empresas como DuPont e IBM já estão de olho nesses profissionais com um perfil mais voltado para a inovação. As vantagens para quem quer seguir carreira científica na iniciativa privada passam por acesso mais rápido aos recursos necessários para o desenvolvimento da pesquisa até a oportunidade de crescimento em Y na carreira. “A política é de valorização desses profissionais que tem uma grande capacidade técnica mas que não querem seguir carreira em gestão”, afirma Marcos Vinícius de Barros, gerente-geral de tecnologia cocção da Whirlpool. “Os pesquisadores podem ter salários e benefícios semelhantes aos oferecidos aos executivos”. EXAME.com mapeou seis empresas que devem contratar mais pesquisadores para seus centros tecnológicos nos próximos meses.
Com 4,5 mil cientistas espalhados pelo mundo, a DuPont inaugurou em julho de 2009 uma unidade de pesquisas em Paulínia, interior paulista. Até setembro do próximo ano, a companhia pretende investir na ampliação e construção de novas unidades do centro tecnológico. A expectativa é que, até lá, sejam contratados mais 30 pesquisadores. Hoje, o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) conta com uma equipe de 60 profissionais entre engenheiros, mestres e doutores. “Trabalhamos globalmente com a três megatendências: energias renováveis, segurança e as necessidades dos países emergentes”, diz John Julio Jansen, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento para América Latina.
Por isso, um dos focos do trabalho no centro de inovação é estudar meios para adaptar soluções tecnológicas já existentes para a realidade de países como Índia, China e Brasil. Os pesquisadores que atuam no Brasil também trabalham no desenvolvimento dos chamados biocombustíveis de segunda geração, tecnologias voltadas para o pré-sal, entre outros.
Por isso, um dos focos do trabalho no centro de inovação é estudar meios para adaptar soluções tecnológicas já existentes para a realidade de países como Índia, China e Brasil. Os pesquisadores que atuam no Brasil também trabalham no desenvolvimento dos chamados biocombustíveis de segunda geração, tecnologias voltadas para o pré-sal, entre outros.
Noventa e três anos após instalar sua primeira fábrica no Brasil, a IBM se prepara para construir um centro de inovação no país com unidades em São Paulo e Rio de Janeiro. A princípio, o braço brasileiro da IBM Research focará em três grandes áreas de pesquisa: energias renováveis e petróleo, sistemas humanos inteligentes para grandes eventos e microeletrônica. “Iremos aproveitar a Copa do Mundo e das Olimpíadas para desenvolver dispositivos inteligentes voltados para um grande público”, afirma o indiano Daniel Dias, que acaba de assumir a direção do laboratório. A expectativa é de que nos próximos anos, a IBM recrutem cerca de cem pesquisadores. “Estamos procurando profissioanis em várias áreas, como cientistas da computação, engenheiros, matemáticos e pesquisadores operacionais”, afirma Dias. De acordo com o executivo, boa parte das oportunidades será destinada para profissionais que estejam cursando ou já tenham concluído o mestrado e doutorado.
As cifras que colocarão os três centros de pesquisa do Instituto Tecnológico da Vale (ITV) em pé são da ordem dos 300 milhões de reais. E 1.200 é o número de profissionais contratados até 2012, entre pesquisadores e outros funcionários. Distribuídas em três cidades brasileiras, cada unidade terá foco em um tipo de pesquisa. Desenvolvimento sustentável em Belém (Pará), energia em São José dos Campos (São Paulo) e mineração em Ouro Preto (Minas Gerais). Há oportunidades para engenheiros, advogados, geólogos e sociológos, entre outros. Ao todo serão contratados 150 pesquisadores com doutorado ou pós-doutorado. Mas também há oportunidades para bolsistas de mestrado e doutorado. Os melhores alunos podem receber gratificações da Vale. Destaque para o convênio do ITV com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, e com a École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), da Suíça. Por essa parceria, pesquisadores do ITV poderão conseguir bolsas de estudo nessas instituições.
São quatro as unidades de pesquisa mantidas pela Whirlpool nas cidades de Joinville (SC) e Rio Claro (SP). Ao todo, esses centros empregam 700 profissionais. Marcos Vinícius de Barros, da Whirlpool, estima que 80% deles têm formação em engenharia. De acordo com ele, cerca de 50 dos profissionais já contratados têm mestrado ou doutorado. Quem trabalha nos centros de pesquisa da Whirlpool tem a oportunidade de desenvolver produtos voltados pra outros mercados além do Brasil. Barros aponta que cerca de 20% dos pesquisadores da empresa atuam em projetos globais voltados para Estados Unidos e Europa. Globalmente, cerca de 2,5% das receita de vendas anual da empresa é investido em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos da Whirlpool.
A Motorola lançou seu centro de pesquisas no Brasil em 1997. Hoje, a unidade, instalada em Jaguariúna, é referência em pesquisa e desenvolvimento dentro da Motorola global. Além de desenvolvimento de novas tecnologias de mensagens, os pesquisadores do Campus Industrial e Tecnológico de Jaguariúna são responsáveis pelos testes e integração de soluções para os novos produtos da Motorola. Há oportunidades para engenheiros de software, profissionais formados em ciências da computação, análise de sistemas, entre outros. “Contratamos pessoas com experiência em pesquisa e desenvolvimento, mas também recém-formados ou pessoas que tiveram uma formação profunda na universidade”, explica Rosana Fernandes, diretora de P&D da Motorola Brasil Atualmente, a empresa conta com 600 engenheiros trabalhando no setor, entre profissionais contratados pela própria empresa e pelas instituições parceiras.
Até 2011, a GE deve inaugurar seu primeiro centro tecnológico no Brasil e quinto em todo mundo. Os investimentos na construção da unidade na Ilha do Fundão, na cidade do Rio de Janeiro serão da ordem dos 100 milhões de dólares. Nos próximos três anos, os outros 400 milhões de dólares serão destinados para o desenvolvimento de novas tecnologias para as áreas de petróleo e gás, energia renovável, mineração, transporte aéreo e ferroviário. A companhia ainda não informa quantos pesquisadores serão contratados. Mas, ao redor do mundo, há mais de 2.500 cientistas trabalhando para a GE.
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