CFO: o papel do CFO está se ampliando rapidamente, pressionado por inteligência artificial, maior rigor de formação e novas exigências de liderança (Thinkstock)
Articulista convidado
Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 09h37.
A liderança financeira no país vive um momento de mudança relevante. Segundo a pesquisa “O Perfil do CFO no Brasil 2025”, conduzida pela Assetz Expert Recruitment com 102 executivos de grandes empresas, o papel do CFO está se ampliando rapidamente, pressionado por inteligência artificial, maior rigor de formação e novas exigências de liderança.
Os dados revelam cinco sinais claros de transformação na carreira em Finanças; mudanças que afetam tanto quem já ocupa posições de liderança quanto quem aspira chegar ao topo.
A idade média para assumir a cadeira de CFO subiu para 39 anos, indicando maior rigor na escolha de profissionais capazes de lidar com volatilidade e desafios tecnológicos.
A pesquisa também registra crescimento da participação feminina — de 10,16%, em 2021, para 19,61%, em 2025.
Ainda assim, as executivas chegam ao cargo mais tarde, aos 43 anos, e com menor exposição a experiências consideradas estratégicas, como atuação internacional e participação em conselhos. Os dados sugerem diferenças estruturais nas trajetórias profissionais entre homens e mulheres.
Administração segue como formação predominante (43,14%), mas cresce rapidamente a presença de CFOs oriundos de Ciências Contábeis, cuja participação mais que dobrou desde 2021.
O investimento em educação continuada também se destaca: 84,31% possuem MBA, e 40,70% já concluíram dois desses programas.
Além disso, 40,20% trabalharam no exterior por mais de um ano, reforçando a valorização de repertório global para atuação em empresas de grande porte.
A participação em fusões e aquisições é quase universal entre CFOs de grandes empresas, alcançando 92,16% dos entrevistados. Projetos de ERP (88,24%) e Business Intelligence (86,27%) aparecem como experiências amplamente disseminadas.
Para os próximos anos, inteligência artificial e automação são apontadas por 91,18% dos CFOs como principal prioridade da área financeira.
O dado indica mudança estrutural na forma de operar e liderar equipes, ampliando o peso da fluência tecnológica na evolução da carreira.
O principal obstáculo para promover sucessores não é técnico: 44,64% dos líderes financeiros observam que profissionais deixam de avançar por falta de competências comportamentais necessárias para assumir posições mais seniores.
Entre as habilidades mais consolidadas dos CFOs estão resiliência, liderança e aprendizado contínuo. Já as competências mais buscadas para aprimoramento incluem ensino e mentoria, empatia e pensamento criativo. O conjunto dos dados indica que a preparação para liderança ainda apresenta desafios fora do domínio técnico.
Os próximos passos desejados pelos CFOs mostram aumento de ambição profissional: 25,49% esperam se tornar CEOs, e 21,57% desejam atuar em Conselhos de Administração.
Ao mesmo tempo, há uma expectativa clara por parte das lideranças: 46,08% afirmam que seus CEOs esperam que a área financeira se torne mais estratégica, orientada ao negócio e capaz de apoiar outras áreas na tomada de decisão.
Em linha com essa demanda, os próprios CFOs reconhecem Planejamento Estratégico como o conhecimento técnico mais necessário para os próximos anos (25,49% das menções), seguido por Business Support (20,59%).
Ainda assim, essas competências não aparecem entre as mais consolidadas nem entre as prioridades de desenvolvimento, indicando que a transição para um papel mais estratégico avança em ritmo mais lento que outras demandas emergentes da função.
Os dados mostram que a carreira em Finanças passa por um processo contínuo de requalificação, impulsionado por tecnologia, novas competências e maior pressão estratégica sobre os líderes financeiros.
Nesse cenário, profissionais que desejam avançar tendem a se beneficiar de três movimentos claros apontados pela pesquisa: ampliar a exposição a experiências de negócio, fortalecer competências comportamentais e desenvolver fluência tecnológica, especialmente em inteligência artificial e automação.
A combinação desses fatores deve ganhar ainda mais relevância nos próximos ciclos de liderança.