5 mentiras sobre networking que você precisa esquecer agora
Se você quer realmente tirar um bom proveito da sua rede de contatos profissionais, precisa abandonar de vez estas ideias
Claudia Gasparini
Publicado em 14 de julho de 2017 às 06h00.
Última atualização em 14 de julho de 2017 às 06h00.
São Paulo — Networking é uma daquelas palavras da moda que, apesar de usadas por muita gente, têm um significado pouco claro para a maioria.
Não é raro que o conceito criado nos Estados Unidos se confunda com falsidade na cabeça do brasileiro, pouco acostumado à ideia de que alguém pode construir uma relação com um objetivo — atrair oportunidades profissionais , no caso — sem ser interesseiro.
De acordo com Lygia Pontes, consultora e professora de networking na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), trata-se de uma relação como qualquer outra. “Assim como você faz com amigos e familiares, você precisa ser sincero, ouvir, estar disponível, é o extremo oposto da falsidade”, diz ela.
Outra confusão frequente é achar que networking é algo que só beneficia justamente um dos lados. Na verdade é uma troca, uma parceria com vantagens mútuas, afirma Fabrício Barbirato, diretor executivo do IDCE (Instituto de Desenvolvimento e Conteúdo para Executivos).
Uma rede de contatos só funciona quando se estabelece como via de mão dupla: você ajuda o outro e, eventualmente, será ajudado por ele no futuro.
Para extrair bons frutos do networking é preciso abandonar algumas crenças comuns sobre o tema. Veja 5 deles, lembrados pelos especialistas ouvidos por EXAME.com:
1. Networking não é necessário quando você é competente
Um engano comum é acreditar que bons profissionais acabam sendo reconhecidos mais cedo ou mais tarde pelo mercado — o que os dispensaria de investir em relacionamento para se dar bem. A professora Lygia Pontes, da ESPM, diz que nenhuma reputação se sustenta quando não há competência, mas que ser bom também não é suficiente: é preciso ativamente lembrar os outros desse fato.
Daí a importância do marketing pessoal dentro e fora da empresa em que você trabalha. “Você precisa se relacionar para estar sempre na cabeça das pessoas, assim como um anunciante que paga para aparecer na TV ”, compara a especialista.
2. Você não precisa fazer networking se está feliz no seu emprego
Construir uma rede de contatos profissionais é um investimento de longo prazo. Isso significa que é preciso cuidar dos seus relacionamentos não apenas quando você está insatisfeito ou desempregado, mas também quando a sua carreira está indo de vento em popa.
O networking não funciona como um interruptor de luz – algo que pode ser ligado ou desligado a qualquer momento, quando convém. “Invista na sua rede sempre, independentemente do momento que você está vivendo”, diz Fabrício Barbirato, do IDCE. “Procurar ajuda só quando a situação aperta dificilmente terá resultado”.
3. Introvertidos não conseguem fazer networking
Quando o assunto é relacionamento, ouvir é mais importante do que falar. Por isso, os “quietinhos” não devem nada aos “populares”. Eles só estariam em desvantagem se obter sucesso na tarefa dependesse meramente de falar, falar e falar sobre si mesmo — o que não é o caso. “Fazer networking significa estar aberto ao outro, ter interesse nas suas realizações, estar disposto a ouvi-lo, e não só tagarelar sobre as suas habilidades”, afirma Pontes.
Segundo Maurício Cardoso, co-fundador do Clube do Networking, os introvertidos costumam se diferenciar pela profundidade, constância e sobretudo pela escuta — que são valores essenciais para conquistar o respeito do mercado. Sua única dificuldade está no primeiro contato, mas isso pode ser facilmente driblado com algumas técnicas simples. Veja aqui 5 delas.
4. Dá para fazer networking pelas redes sociais
Ferramentas como o LinkedIn e até o Facebook podem ser incrivelmente úteis para manter os seus contatos profissionais sempre aquecidos. Mas a facilidade trazida pela internet não pode se transformar em vício.Afinal, o contato presencial, olho no olho, proporciona vantagens que nenhum chat online jamais irá possibilitar.
Segundo Pontes, redes sociais podem ser usadas para preservar e em alguns casos iniciar relacionamentos, mas não devem substituir os encontros. As melhores parcerias que você vai estabelecer na vida serão feitas diante de uma xícara de café, e não atrás da tela de um computador.
5. Fazer networking é “puxar o saco”
Bajular uma pessoa com a intenção de extrair dela alguma vantagem profissional é uma das piores atitudes que você pode tomar na carreira. “É preciso ser interessante e se mostrar interessado, mas nunca ser interesseiro”, ensina a professora da ESPM.
Barbirato lembra que o networking é feito de atitudes práticas para ajudar o outro, e não de elogios vazios para acariciar seu ego. “O puxa-saco só engana a si mesmo, porque as suas intenções serão percebidas cedo ou tarde”, diz Barbirato. Em tempo: ainda que ele não seja desmascarado, a simples bajulação não irá conquistar a confiança de ninguém.