Cultive os relacionamentos para não perder seus aliados já conquistados (Wikimedia Commons)
Camila Pati
Publicado em 14 de maio de 2013 às 08h20.
São Paulo - A construção de uma carreira bem sucedida passa necessariamente pela criação e fortalecimento da rede de relacionamentos profissionais. “E isso se faz conquistando aliados”, diz o coach e consultor Edson Carli.
De acordo com ele, a máxima vale tanto para empregados, executivos, como também para empreendedores. “Só não vale para quem não está em busca de ascensão profissional”, diz o especialista. " Ter aliados é fundamental", diz Ricardo Barbosa, diretor executivo da Innovia Training e Consulting.
Mas como conquistar aliados no ambiente profissional e mantê-los ao longo da carreira? É isso que Exame.com foi perguntar a dois especialistas. Confira 5 dicas fundamentais para quem quer investir no networking para fortalecer a sua rede de aliados
1 Faça a distinção do “eu” pessoal e do “eu” profissional
Pode parecer simples, mas muita gente mistura características pessoais com as profissionais. “As pessoas têm que separar o eu profissional do eu pessoal”, diz Carli. Na opinião dele, o primeiro passo para conquistar aliados é justamente fazer esta separação entre o que você é em casa, e com amigos, e a sua atitude profissional.
“Para muita gente isso não faz sentido, é o que eu chamo de síndrome de Grabriela: ‘ eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo assim, vou ser sempre assim”, diz Carli, fazendo alusão à música tema da personagem Gabriela, de Jorge Amado, cantada por Maria Bethânia para a adaptação da obra para a televisão.
2 Encare o “eu” profissional como um produto
Por que os consumidores escolhem um produto em detrimento do outro? É que aquele item - e não outro - atendeu às suas necessidades. “Quando você escolhe um produto é porque você percebe valor nele e isso faz com que você seja ‘aliado’ daquela marca, o que, no caso, significa ser consumidor dela”, explica Carli.
Transportando a analogia para o ambiente corporativo é como se os seus aliados fossem os clientes (ou consumidores) que enxergaram valor em você e decidiram comprar. “As pessoas vão analisar o profissional de acordo com as suas características e vão decidir se ele atende as suas necessidades. Caso atenda, a colaboração é o preço que vão pagar por este produto, no caso, o profissional”, diz Carli.
Se o profissional não atende às necessidades das outras pessoas, elas poderão seguir dois caminhos, segundo o especialista. “Podem ignorá-lo ou ir contra ele”, diz.
O pulo do gato é entender quais são as características que você oferece tendo em vista as necessidades de cada um dos potenciais aliados. Você é prestativo? Coloca-se à disposição das pessoas quando elas precisam de ajuda? Você cultiva a empatia?
3 Para cada perfil uma “embalagem”
Ou seja, você continua o mesmo, o que muda é a forma de agir, ou como propõe a analogia criada por Carli, a embalagem. “Pegue o exemplo da Coca- cola que é um produto com presença absoluta no mercado.O produto é o mesmo mas os tipos de embalagens são diversos para atender a diferentes perfis de público”, explica. Portanto a atenção é em relação ao comportamento. “Ele é a embalagem do produto”.
Barbosa concorda. “É agir de acordo, fazer o espelhamento. Se é uma pessoa mais tímida, mais fechada, a abordagem é diferente do que se fosse uma pessoa mais expansiva”, diz Barbosa.
As pessoas, diz ele, erram ao usar sempre a mesma técnica para se aproximar dos outros. “Não existe fórmula única”, diz. “O charme disso tudo é que, para ter aliados, você precisa conquista-los”, lembra Carli.
4 Evite dizer: “você tem que...”
Na hora de convencer alguém é frequente o uso da expressão “você tem que”. Por exemplo: o objetivo é vender uma ideia para o chefe que não está muito animado. E, para conseguir a aprovação, o funcionário diz: "você tem que entender que os tempos são outros, a competitividade está mais acirrada".
De acordo, com Carli, tentar convencer o chefe ou qualquer outra pessoa valendo-se do “famigerado” você tem que... é um tiro no pé. “Ninguém ‘tem que...’ nada, o profissional é que deve encontrar outra abordagem para convencer o chefe”, diz ele.
5 Cultive os relacionamentos
“A gestão da rede de relacionamentos é como fazer a gestão de um cliente”, diz Barbosa. Ou seja, é preciso manter-se presente. “Quem não existe não é lembrado. Se a pessoa não se fizer presente ela vai cair no esquecimento”, ressalta o diretor da Innovia Training e Consulting.
Um erro comum, de acordo com Carli, é não se preocupar com a continuidade da relação. “As pessoas vão conquistando aliados e deixando de lado como se fossem peças que se coloca em uma prateleira”, diz. “Trate as pessoas como se elas fossem suas clientes”, diz Carli.
Invista na manutenção do seu aliado da mesma forma que faria se fosse um cliente. Mantenha a comunicação com ele, marque encontros de vez em quando. “Use as redes sociais a seu favor na hora de manter o vínculo”, recomenda Barbosa. Participe de eventos, vá a happy hours. “ São momentos de descontração, mas também de interação”, lembra o especialista.