Por enquanto, apenas 11,9% dos brasileiros receberam as duas doses da vacina (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)
Bússola
Publicado em 28 de junho de 2021 às 17h10.
Última atualização em 28 de junho de 2021 às 17h24.
Por Marcelo Tokarski*
À medida que a vacinação avança no mundo, começam a surgir estatísticas alentadoras em relação aos efeitos da imunização contra a pandemia do coronavírus. Apesar de não garantir 100% da imunidade para todo mundo que já tomou as duas doses, a vacinação em massa tem conseguido reduzir drasticamente os casos graves e, principalmente, a mortes por covid-19. O que já é um avanço e tanto.
Um dos principais exemplos vêm dos Estados Unidos, país que já vacinou pelo menos 53% da população com 12 anos ou mais. De acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), das 18.000 mortes por covid registradas no mês de maio, apenas 150 foram de pessoas que tomaram as duas doses da vacina. Significa dizer que mais de 99% dos óbitos por covid se concentraram em pessoas não imunizadas.
Outro exemplo ocorre em solo brasileiro. Na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, os números de casos, internações e mortes por covid-19 despencaram radicalmente. A cidade, de 45.000 habitantes, foi escolhida para um piloto pelo Instituto Butantan, que produz no Brasil a Coronavac, a vacina mais aplicada no país até aqui. Toda a população adulta do município foi vacinada, e os dados são contundentes.
O total de novos casos sintomáticos recuou 80%. Com menos casos graves, o número de internações caiu 86%. E o melhor, o número de mortes por covid na cidade diminuiu 95%. A vacinação em massa na cidade reduziu até mesmo o número de casos em pessoas de até 18 anos, que não foram vacinadas. Isso porque a imunização da população adulta reduziu a circulação do vírus, protegendo inclusive os não vacinados.
O problema é que o Brasil ainda está muito longe de um patamar ideal de população vacinada. Por enquanto, 11,9% dos brasileiros receberam as duas doses da vacina. Há ainda outros 33,2% que receberam a primeira dose, mas ainda não estão totalmente imunizados. Os dois estados mais avançados na vacinação são o Mato Grosso do Sul e o Rio Grande do Sul, com, respectivamente, 15,8% e 15,6% da população vacinada com duas doses. Os mais atrasados são, também respectivamente, Amapá e Acre, com 7,6% e 7,7%.
O ritmo do Plano Nacional de Imunização (PNI), que vinha aumentando consideravelmente nas últimas semanas, perdeu força nos últimos dias. No início de junho, eram aplicadas em média no país 650.000 doses por dia. Essa quantidade mais que dobrou, atingindo 1,43 milhão/dia no dia 25. Mas nos últimos três dias, começou a faltar vacina em algumas cidades, e a média móvel de doses aplicadas por dia recuou para 1,16 milhão, uma desaceleração de 18,9%.
No ritmo atual, o Brasil está conseguindo imunizar diariamente 580.000 pessoas, levando-se em consideração a necessidade de suas doses. Nesse ritmo, levaríamos 43 dias para dobrar o atual percentual (11,9%) de vacinados. Para chegarmos a pelo menos metade da população totalmente imunizada, seriam necessários ao menos mais seis meses. O caminho é longo.
Enquanto isso, a boa notícia é que na última semana a pandemia desacelerou um pouco no país. A média móvel de novos casos, que atingiu na quarta-feira, dia 23, 77.265 novos registros, recuou nos últimos dias e chegou a 70.381 no domingo, o menor patamar em dez dias. A média móvel de mortes está recuando desde 21 de junho, tendo atingido neste domingo 1.664 mortes por dia, o menor patamar desde 9 de junho.
Hoje, apenas um estado do país, Roraima, está com a pandemia em aceleração. Há 12 em estabilidade e 13 em queda, quando se compara os números atuais com os de duas semanas atrás. Apesar dessa desaceleração recente, o Brasil continua como o país que mais registra casos e mortes por covid-19 em todo o mundo. Condição que dificilmente mudará sem a aceleração da vacina.
*Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.
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