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TV com gosto, carro que muda de cor: pensar fora da caixa move o mundo

BMW apresentou nesta semana o automóvel que troca cor da lataria e pesquisador japonês criou protótipo do televisor “lambível”

Opção da BMW dá o controle direto ao cliente; montadora afirma que utilizou a tecnologia E Ink, de e-readers como o Kindle (Divulgação) (BMW/Divulgação)

Opção da BMW dá o controle direto ao cliente; montadora afirma que utilizou a tecnologia E Ink, de e-readers como o Kindle (Divulgação) (BMW/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2022 às 09h00.

Por Danilo Vicente*

Estamos cheios de invenções centenárias ao nosso redor. O carro é de 1870, criação do austríaco Siegfried Marcus, ou, para muitos, de 1908, com o Ford Model T, do norte-americano Henry Ford, o primeiro a ser comercializado. O televisor, invenção do também americano Philo Farnsworth, foi patenteado em 1922. Alexander Graham Bell, nascido na Escócia, chegou com o telefone em 1876. A lista é enorme: a lâmpada (1879), o rádio (1896), o fogão a gás (1826), o avião (1906) — esta uma invenção de Santos Dumont, pois sou brasileiro.

Eis que a maioria destes produtos pouco mudou em sua essência ao longo destes cem ou mais anos. O carro hoje em dia é mais veloz, seguro e confortável, mas continua basicamente no mesmo formato (quatro rodas movidas por um motor a combustão — ainda que com os dias contados). O televisor pode ter uma tela mais moderna, mas se mantém sendo uma caixa que transmite imagens. A lâmpada, o rádio, o fogão... todos com a mesma base. Claro, há exceções, como os aviões, que avançam em velocidade supersônica.

Nesta semana dois anúncios me chamaram atenção por trazerem novidades que estruturalmente são relevantes. O japonês Homei Miyashita, da Universidade Meiji, desenvolveu um protótipo de tela de TV “lambível”, capaz de imitar os sabores dos alimentos. É (ainda) uma geringonça chamada Taste the TV (“Experimente a TV”, em tradução livre), com dez tubos na parte superior com diferentes tipos de sabores, como amargo, doce, azedo e apimentado.

Afinal, como seria a interação com um aparelho capaz de transmitir gosto? Ou mesmo com cheiro? Miyashita pode estar distante de um produto comercializável, mas tem seu mérito por pensar fora da caixa, inventar algo que pode mudar drasticamente o televisor.

Não só isso. Aguçar paladar e olfato a distância poderia mudar a forma de vender tudo.

O outro anúncio foi o da BMW, montadora alemã de carros. No CES 2022, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, a marca apresentou um modelo de SUV que troca de cor. Aqui não se trata de uma mudança estrutural específica para o carro. É, sim, uma mudança estrutural para qualquer produto. E se a invenção chegar a mobílias, paredes, a tudo?

A opção da BMW dá o controle direto ao cliente. A montadora afirma que utilizou a tecnologia E Ink, de e-readers como o Kindle. Nestes aparelhos a tecnologia é usada para formar o fundo branco (ou preto) e as palavras (na outra cor). Em linhas gerais, essa tecnologia é formada por milhões de microcápsulas com um diâmetro que equivale à espessura de um cabelo. Cada uma das cápsulas contém pigmento branco com carga negativa e pigmento preto com carga positiva. Dependendo da configuração escolhida, estímulos formados por um campo elétrico fazem a cor escolhida se acumular na superfície do carro.

Quem gostava de apresentar inovações de embasbacar o mundo era Steve Jobs, com seu iPhone, que alterou completamente o centenário telefone, e o computador “personalizável”, o Apple 2 (que permitia adicionar periféricos ou trocar peças).

É o que vemos a BMW e o japonês Miyashita apresentando agora. É claro que, diante do exemplo de sucesso de Steve Jobs, há milhares de outros nomes que lançaram produtos pseudo inovadores que desapareceram logo à frente. Mas é com quem pensa fora da caixa, com quem se arrisca a falhar feio, com quem quebra paradigmas que o mundo dá saltos adiante.

 

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*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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