Lacuna de inclusão fica mais evidente em comunidades específicas. (getty images/Getty Images)
Bússola
Publicado em 14 de setembro de 2022 às 12h00.
Última atualização em 14 de setembro de 2022 às 19h06.
Por Tristen Norman*
O Brasil detém o título de maior e mais populoso país da América Latina, rico em diversidade, rico em cultura e rico em espírito; com uma mistura contemporânea duradoura de sua herança indígena, africana e portuguesa.
O que também torna o Brasil especial é a força poderosa de seus movimentos socioculturais progressistas. De protestos contra o racismo, aos direitos indígenas à terra, ao movimento #EleNão, os brasileiros não têm medo de levantar suas vozes coletivamente para criar mudanças. Apesar dessas realidades, a indústria brasileira de publicidade e marketing – uma das maiores indústrias do mundo – ainda luta com diversidade e inclusão nas imagens e vídeos que escolhem ou criam e nas histórias que contam.
De acordo com o VisualGPS, plataforma de pesquisa visual da Getty Images, cerca de 94% dos brasileiros acreditam que todos devem trabalhar pela justiça social e 71% estão dispostos a desafiar ativamente a discriminação. Mais de 9 em cada 10 consumidores acreditam que é importante para as empresas de quem compram celebrar a "diversidade de todos os tipos", mas apenas 22% se sentem representados por "quem são" pelos anunciantes. Os brasileiros até relatam ver três vezes mais diversidade nas redes sociais que nas comunicações das marcas.
Quando você olha para comunidades específicas, a lacuna de inclusão se torna ainda mais evidente. De acordo com a análise visual realizada pela equipe de especialistas visuais da Getty Images, embora pardos, pretos, indígenas e outros não brancos representem quase 56% da população brasileira, esses grupos representam apenas 39% das imagens e vídeos selecionados pelas marcas e anunciantes brasileiros.
Nossa pesquisa visual também apontou que as mulheres têm 31% mais chances de serem retratadas em conteúdos selecionados por marcas e anunciantes, mas são menos propensas do que os homens a serem exibidas em ambientes empresariais. Estima-se também que 15% dos brasileiros se identifiquem como LGBTQ+, mas estão representados em apenas 1% dos visuais escolhidos por marcas e anunciantes.
Conscientes de que, como uma criadora proeminente de conteúdo visual global, a Getty Images alimenta a narrativa visual moderna, usamos nossos insights inovadores, conteúdo diferenciado, kits de ferramentas visuais e talento global em um esforço para expandir e promover a diversidade e a inclusão na América Latina, mas mais especificamente no Brasil, com a Curadoria Brasil: uma galeria com mais de 1.500 arquivos (fotos e vídeos) apresentando conteúdo inclusivo, diverso e brasileiro, fotografado e filmado exclusivamente por colaboradores de e no Brasil.
Com a #CuradoriaBrasil, analisamos não apenas o que reflete a brasilidade em geral, mas as diferentes formas como ela pode aparecer em diferentes dimensões da identidade, desde raça ou etnia até idade, gênero, tipo de corpo, religião, orientação sexual e classe social; com o objetivo de ajudar a impulsionar a narrativa visual das marcas brasileiras, ao facilitar o acesso a conteúdos exclusivos, alimentados por pesquisas, que podem amplificar as vozes do Brasil e dos brasileiros.
Embora isso seja apenas um trecho da subrepresentação ou deturpação que está acontecendo no cenário visual brasileiro, os dados mostram uma imagem clara de que a mudança é necessária. Acreditando no poder das imagens para mover o mundo, reforçamos que o visual é tão fundamental para quebrar estereótipos quanto para sustentá-los. Os consumidores brasileiros não estão interessados em um ideal aspiracional: hoje, tudo o que eles querem é ver consistentemente pessoas reais, de todas as origens, estilos de vida e culturas, em todas as formas de mídia. *Tristen Norman é chefe de Insights Criativos da Getty Images para a América
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