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Seu trabalho pode ser substituído por um robô? Veja tendências para 2022

Buscar diferenciar-se é fundamental para quem não quer se tornar obsoleto e ainda obter relevância no meio corporativo

Indivíduo polivalente, multidisciplinar, que reúne o máximo de soft skills, será o que perdurará ao longo do tempo (LumiNola/Getty Images)

Indivíduo polivalente, multidisciplinar, que reúne o máximo de soft skills, será o que perdurará ao longo do tempo (LumiNola/Getty Images)

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Publicado em 14 de dezembro de 2021 às 11h52.

Por David Braga*

Reinvenção é a palavra de ordem em um mundo cada vez mais complexo e imprevisível, onde a única certeza é a da permanente mudança. Desde o início da pandemia, que provocou uma crise global com impactos sentidos até hoje, ocorreram grandes transformações, em especial no mercado de trabalho. Dentro das empresas, crenças e processos que existiam anteriormente se tornaram obsoletos no cenário pós-covid-19, o que gerou necessidades diferentes e novos desafios para os profissionais, independentemente de sua área de atuação e do seu nível hierárquico. Logo, aqueles que não têm a resiliência bem desenvolvida – essa capacidade para se adaptar aos variados contextos e situações e se reinventar – estão fadados ao fracasso. Além dela, outras competências e habilidades (soft skills) que reforcem a sensibilidade humana serão fundamentais para se destacar na carreira em 2022.

Essas qualidades, como originalidade, criatividade e conexão com pessoas, tendem a ser mais valorizadas, à medida que a tecnologia e a automação avançam — processos que foram acelerados após as restrições impostas pela pandemia. Nesse cenário, nunca se fez tão necessário ser humano, valorizar o “olho no olho” e estabelecer conexões genuínas. As empresas, que antes escolhiam quem elas queriam, hoje dividem o poder com seus colaboradores, que optam por onde querem trabalhar.

Por outro lado, segundo a previsão do The Future of Jobs Report, de outubro de 2020, apresentada pelo Fórum Econômico Mundial, cerca de 97 milhões de funções poderão ser criadas com a revolução robótica. Resultado de uma nova divisão do trabalho entre humanos, máquinas e algoritmos. Você já tem se preparado para essas novas posições? Do lado das empresas, é urgente e estratégico um trabalho eficiente e eficaz de requalificação de seus colaboradores, pensando, inclusive, nos planos de sucessão de posições e de conhecimento, para que possam preencher vagas na economia “verde”, funções na vanguarda da economia de dados e de inteligência artificial, bem como novas atividades em engenharia, computação em nuvem e desenvolvimento de produtos.

Para o profissional, cada vez mais, é de vital importância acompanhar as tendências do mercado de trabalho. Sua posição corre risco e pode ser substituída por um robô? Independentemente dessa resposta, buscar diferenciar-se é fundamental para quem não quer se tornar obsoleto e ainda obter relevância no meio corporativo. As organizações estão com estruturas mais enxutas e à procura de mais senioridade de seus colaboradores. Assim, com a velocidade com que as informações e culturas têm se alterado, acompanhar todas essas evoluções é um papel árduo, porém necessário e que cada um, com protagonismo, precisa exercer.

Além disso, em 2022, como foi nos últimos dois anos, o indivíduo polivalente, multidisciplinar, que reúne o máximo de soft skills, será o que perdurará ao longo do tempo, especialmente com a aceleração da aplicação da tecnologia, que resulta em enormes mudanças na maneira como as pessoas se relacionam com o trabalho. E já que se fala tanto em adaptação a mudanças, é latente criar oportunidades, mesmo diante das adversidades, sendo questionador e propositivo quanto ao status quo, ou seja, sobre o modo como os processos são feitos. Consequentemente, esse profissional promoverá a tão desejada inovação, construirá relevância e credibilidade.

Evidentemente, para isso, é preciso ter determinadas características, como atitude, curiosidade, ousadia e mente aberta. Afinal, quanto mais conhecimento generalizado se obtém, mais plural ele se torna e ganha consistência para lidar com adversidades com mais facilidade, assim como para propor soluções criativas para problemas correntes, com maturidade emocional. Isso indica que, em 2022, as empresas permanecerão desejando os profissionais talentosos, conhecidos como nexialistas, já bastante comentados no mercado. Esse é o termo que designa alguém que consegue interligar as mais diversas áreas do conhecimento. Ao analisar nosso atual contexto “Vuca” — ou na tradução da sigla para o português, “complexo, incerto, volátil e ambíguo”, não é exatamente esse colaborador que qualquer empresa precisa?

O profissional de hoje e do futuro é exatamente ele, ou seja, plural, nexialista. É aquele perfil que pode se encaixar em diferentes grupos de trabalho, lidando muito bem com a diversidade nos variados aspectos e que tem habilidades para contribuir e engajar times distintos. Também tem conhecimentos variados e uma tenacidade voltada para a solução de problemas, agregando a tecnologia e as pessoas para a entrega dos resultados. Vale ressaltar que o nexialista pode ou não estar em uma posição de liderança na empresa.

Por tudo isso, evidentemente, o autoconhecimento nunca foi tão necessário, para que cada um possa conhecer seus pontos fortes e aqueles a desenvolver. Outro ponto crucial: propósito, legado, felicidade no trabalho e diversidade, com inclusão e equidade, são termos que têm saído do dicionário corporativo e têm sido cobrados, com veemência, pelos variados stakeholders, especialmente em função das discussões sobre ESG (Environmental, Social and Corporate Governance). Isso envolve o cuidado com o meio ambiente, com a responsabilidade social e as ações por melhores práticas de governança corporativa. Para o novo ano que se aproxima, portanto, ousadia é a palavra de ordem, em um mundo onde cada um precisa refletir qual seu impacto perante a sociedade.

* David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent.

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