Saúde mental no trabalho e por que criar uma cultura de bem-estar
A saúde mental no trabalho pode ser facilitada por meio de uma cultura organizacional voltada para o bem-estar. Conectar o conceito à Governança Corporativa ainda é um grande desafio
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Publicado em 19 de setembro de 2023 às 14h40.
Última atualização em 19 de setembro de 2023 às 15h05.
Por Raquel Candini*
Cada vez mais as empresas estão se preocupando com a questão de saúde mental de seus profissionais. A pandemia trouxe essa temática mais forte: o mundo parou com a chegada de um vírus e tanto as pessoas quanto as organizações tiveram de se adaptar em um cenário de incertezas. O sinal de alerta para questões relacionadas à saúde mental veio à tona como decorrência do isolamento social, mas continua em uma crescente.
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A pandemia viral acabou, mas a da saúde mental apenas começou. Ações e práticas adotadas são muito recentes para análises de dados e ainda é um desafio quebrar mitos e estigmas. Falar sobre saúde ainda é um tabu tanto para empresas quanto para pessoas. A reflexão aqui é: seria só a saúde mental dos profissionais que deve ser olhada com atenção?
Olhar para a saúde integral
Quais são os impactos da saúde física, emocional e social na saúde mental? A relação entre prática de atividade física, alimentação saudável, qualidade do sono e relacionamentos positivos estão diretamente relacionadas à manutenção da saúde mental.
Os riscos do sedentarismo para a nossa saúde, por exemplo, são atrelados diretamente com questões físicas como hipertensão, obesidade, problemas cardiovasculares entre outros, porém, estudos da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que pessoas ativas têm menos probabilidade de serem afetadas por transtornos mentais do que pessoas que não praticam. Já pensou em quantas horas você fica sentado no seu trabalho? O que você come no ambiente de trabalho? Quantas pausas você realiza entre uma reunião e outra?
Quando falamos de proporcionar bem-estar no ambiente corporativo, não estamos falando apenas do ambiente físico – que deve oferecer uma estrutura adequada para a execução das atividades do dia a dia, mas sim de olhar o indivíduo de forma integral.
De acordo com o Índice de Bem-Estar da Gallup-Sharecare (2019), pessoas com maior bem-estar apresentam melhor desempenho e custos menores nos cuidados com a saúde. Por exemplo, o impacto em produtividade do time, em média, um indivíduo com um bem-estar 10% maior terá: menos de 5% de faltas não programadas, menos de 24% de presenteísmo e ganho de 6% com maior produtividade em um intervalo de 28 dias.
E por que criar uma cultura de bem-estar?
As organizações socialmente responsáveis têm um papel fundamental no bem-estar do indivíduo, é o local em que passamos a maior parte do nosso tempo e dedicamos grande parte da nossa atenção. Logo, o ambiente em que estamos e as pessoas que nos relacionamos têm impacto direto na forma como nos sentimos e nos percebemos. Dessa forma, é importante criar um ambiente em que todos se sintam acolhidos, incluídos e seguros para se expressar e pedir ajuda.
Quando a empresa proporciona uma cultura de bem-estar, ela está incluindo em seu pilar organizacional o indivíduo e seu estilo de vida. É fundamental proporcionar práticas, programas e políticas que estimulem hábitos saudáveis, autoconhecimento, conscientização da temática de saúde integral, quebrem paradigmas e estigmas, proporcionem um ambiente com alta segurança psicológica e favoreçam boas condições de trabalho.
Todas essas mudanças ainda são desafios para grande parte das organizações, já que apenas 18% das empresas têm iniciativas voltadas para saúde mental, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Para que a mudança de cultura aconteça, é fundamental que o conceito de saúde e bem-estar esteja presente na Governança Corporativa. Paciência e persistência são competências fundamentais na construção desse processo, que se dá de forma gradativa. Além de boas estratégias de implementação de ações, práticas e políticas, ainda será necessário realizar ajustes para atender as demandas dessa nova cultura não só organizacional, mas também em âmbito social.
*Raquel Candini é superintendente de gestão de pessoas do /asbz
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