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Opinião: é essencial fazer networking nas festas de fim de ano

Para quem deseja impulsionar a carreira e estreitar os relacionamentos no ambiente de trabalho, a festa de fim de ano oferece a oportunidade ideal

A festa da firma pode proporcionar grandes momentos e impulsionar a carreira por meio do networking (Drs Producoes/Getty Images)

A festa da firma pode proporcionar grandes momentos e impulsionar a carreira por meio do networking (Drs Producoes/Getty Images)

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Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 10h00.

As festas corporativas de fim de ano costumam ser vistas como simples momentos de descontração, uma pausa bem-vinda antes das férias ou do início de um novo ciclo.

Mas essa visão superficial ignora algo fundamental: esses eventos se tornaram um dos ambientes mais estratégicos para o desenvolvimento profissional.

Em um mercado cada vez mais orientado por relacionamentos e conexões genuínas, saber aproveitar essas ocasiões deixou de ser opcional para quem busca evolução de carreira.

O diferencial está no contexto. Durante o ano inteiro, as interações corporativas acontecem sob pressão: metas a cumprir, prazos a respeitar, hierarquias a observar.

Nas confraternizações, esse cenário muda completamente. As pessoas circulam de forma mais livre, conversam sem agendas rígidas e se mostram abertas a trocas genuínas. É networking no seu formato mais efetivo, espontâneo e humano.

A preparação que poucos fazem

Contrariando a ideia de que basta aparecer e deixar as coisas fluírem, um networking estratégico começa antes mesmo da chegada ao evento.

Identificar quem estará presente, conhecer minimamente os projetos de outras áreas e mapear possíveis pontos de conexão profissional faz toda a diferença na qualidade das conversas que surgirão.

Não se trata de elaborar dossiês detalhados sobre colegas, mas de chegar minimamente informado.

Saber que determinada pessoa está liderando um projeto inovador ou que outro colega atua em uma área complementar à sua facilita abordagens naturais e conversas que realmente agregam valor.

É a diferença entre perguntas genéricas que levam a lugar nenhum e diálogos que criam pontos de conexão reais.

Ter clareza de intenção também ajuda. Pode ser algo simples como conhecer três pessoas de outros departamentos ou reconectar com aquele colega que você não vê há meses.

O importante é ter um norte mental sem transformar o evento em uma missão com checklist. Afinal, o maior erro é abordar as pessoas já direcionando para assuntos muito corporativos.

Começar com temas leves, um comentário sobre a decoração, uma observação sobre o evento, quebra o gelo de forma muito mais eficaz.

A postura que constrói reputação

Mesmo não sendo o responsável pela organização, assumir uma postura acolhedora pode mudar completamente a percepção que os outros têm de você.

Incluir pessoas que estão isoladas, fazer apresentações entre colegas de diferentes áreas e conduzir conversas com empatia são atitudes que constroem reputação profissional de maneira sólida e duradoura.

Essa mentalidade de anfitrião transmite segurança, inteligência social e maturidade, características cada vez mais valorizadas em posições de liderança, e gera reciprocidade natural: pessoas lembram de quem as fez sentir bem-vindas e incluídas.

A escuta ativa completa essa equação. Em um mundo onde todos querem falar, quem sabe ouvir genuinamente se destaca.

Perguntas abertas sobre desafios atuais, projetos que animam e perspectivas profissionais enriquecem conversas sem transformá-las em interrogatórios.

O segredo está em demonstrar interesse real pela experiência do outro antes de compartilhar a própria trajetória.

Os limites que preservam credibilidade

A informalidade do ambiente não elimina a necessidade de profissionalismo. Moderação no consumo de bebidas, quando houver, é fundamental, ninguém quer ser lembrado pelos excessos cometidos em um momento de descontração.

Temas sensíveis como política partidária, fofocas internas ou críticas diretas à empresa devem ser evitados, pois podem gerar desconfortos desnecessários e prejudicar relacionamentos que ainda estão se formando.

O equilíbrio entre informal e profissional é delicado, mas essencial. É possível ser descontraído sem perder o respeito, se divertir sem comprometer a seriedade que o ambiente corporativo ainda exige. Essa inteligência contextual demonstra maturidade e visão de longo prazo.

O pós-evento que define resultados

A festa termina, mas o trabalho de networking continua. O acompanhamento pós-evento é o que diferencia um encontro pontual de uma relação profissional duradoura.

Em um ou dois dias, retomar o contato com uma mensagem personalizada que faça referência à conversa estabelecida transforma o encontro casual em um relacionamento concreto.

Pode ser algo direto: "Fulano, gostei muito da nossa conversa sobre o projeto X. Fica o convite para aprofundarmos essa troca".

A troca de contatos ou a conexão em redes profissionais deve acontecer de forma natural, sem forçar situações. O objetivo é dar continuidade a uma conexão que já se mostrou promissora.

Mas há um elemento fundamental que diferencia networking superficial de relacionamentos duradouros: a generosidade.

Networking efetivo é sobre dar mais do que receber, ou dar antes de receber. Isso significa compartilhar contatos, conectar pessoas e servir com sabedoria.

Sempre há alguém para indicar: o contador que resolve problemas complexos, a dermatologista que faz milagres, o gastroenterologista para quem precisa.

No dia seguinte ao evento, cumprir rapidamente as promessas feitas, enviando os contatos de prestadores de serviços, fornecedores ou profissionais liberais que possam ajudar, consolida a conexão estabelecida.

Sair desses momentos dizendo "vou te indicar tal coisa, vou fazer isso por você" e realmente fazer cria relacionamentos genuínos e duradouros.

Relacionamentos como vantagem competitiva

O mercado de trabalho contemporâneo deixou clara uma mensagem: habilidades técnicas continuam importantes, mas a capacidade de construir e manter relacionamentos profissionais sólidos se tornou um diferencial inegociável.

Relacionamentos de valor não nascem exclusivamente em reuniões formais e agendadas, eles se constroem em momentos de circulação, troca genuína e presença autêntica.

As confraternizações corporativas oferecem exatamente esse cenário, em uma frequência única ao longo do ano.

Portanto, aquela festa que você estava pensando em dispensar ou na qual planejava fazer apenas uma participação protocolar merece um segundo olhar.

Porque carreira também se constrói nos momentos informais, nas conversas espontâneas e nas conexões que começam com um simples "ainda não nos conhecíamos pessoalmente, mas sempre quis trocar uma ideia com você".

*Vivi Brafmann é especialista em networking estratégico e desenvolvimento de lideranças.

 

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