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Povos indígenas e empreendedorismo: um caminho para a transformação

Para fortalecer as comunidades indígenas, é necessário não só reconhecer sua resiliência como também promover sua cultura

A população indígena cresceu mais de 80% desde 2010 (Leandro Fonseca/Exame)

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Publicado em 28 de abril de 2023 às 19h00.

Última atualização em 28 de abril de 2023 às 19h17.

Por Vinicius Lima*

Em abril, informações preliminares do Censo 2022, divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontaram que a população indígena no Brasil cresceu mais de 80% desde 2010 e alcançou pelo menos 1,65 milhão de pessoas no território nacional. Mesmo com o avanço, isso equivale a menos de 0,8% do total de nossa população.

Antes da invasão europeia, estima-se que entre 2 milhões e 4 milhões de nativos viviam no território. Ao longo de todos esses anos, esses grupos sofreram violência e mesmo tentando resistir com todas as suas forças, foram caçados, subjugados e escravizados. Nos dias de hoje, ainda não podem viver em paz. Grilagem de terras, desmatamento, garimpo ilegal, falta de acesso a serviços essenciais, violência, intolerância e preconceito continuam sendo desafios diários para esses indivíduos.

A resistência é a marca inegável desses povos. De acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), existem no país 266 etnias indígenas que se comunicam em mais de 150 línguas e dialetos distintos. São populações notavelmente resilientes que carregam saberes e riquezas culturais incalculáveis.

Reconhecer a resiliência e promover a cultura dos povos indígenas é iniciativa fundamental para fortalecer essas comunidades. O Projeto Horizontes para Jovens Indígenas, iniciativa do antigo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em parceria com a Besouro de Fomento Social busca difundir conhecimentos sobre empreendedorismo por meio da metodologia proprietária By Necessity. O projeto tem como objetivo capacitar 8 mil pessoas com idades entre 18 e 29 anos.

A experiência tem sido realizada em aldeias e municípios que abrigam povos originários em diversas regiões do país, desde o Rio Grande do Sul até a maior reserva de indígenas isolados do planeta, em Atalaia do Norte, no Amazonas.

O projeto é um marco na nossa trajetória como agência de fomento social, e reforça algumas de nossas crenças. Primeiro, que o empreendedorismo pode ajudar a transformar vidas e realidades em qualquer lugar e que, nesse caso específico, tem condições de contribuir para fortalecer as comunidades indígenas e originárias do país, com a criação de renda e redução de dependência de recursos externos, e o resgate de confiança e autoestima. Em segundo lugar, a crença de que além de respeitar os povos nativos, é fundamental valorizar suas peculiaridades, conhecimentos, habilidades e técnicas de produção, e a forma como veem e conduzem a sua vida.

Existem inúmeros projetos – e organizações por trás deles – que se alinham à nossa visão. Observamos com interesse as iniciativas valiosas do já citado Instituto Socioambiental (ISA), ou então da Rede de Cooperação Amazônica (RCA), da Associação Indígena Kīsêdjê, do Instituto Raoni, da Cooperativa de Agricultores Indígenas Tupiniquim e Guarani de Aracruz, entre tantas outras tão importantes.

Todos eles produzem resultados que evidenciam quanto a união entre o empreendedorismo e a preservação da cultura, dos conhecimentos tradicionais e do meio ambiente, configuram uma receita valiosa para impulsionar o desenvolvimento sustentável.

*Vinicius Mendes Lima é fundador do Instituto Besouro

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