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Por que grandes empresas devem investir em hubs de startups

O conceito de ambidestria, que equilibra a balança entre inovação e a manutenção do core business da empresa, é o caminho de muitos negócios

Inovação: Brasil representa 77% do mercado de startups na América Latina (patpitchaya/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 30 de junho de 2022 às 16h40.

Por Gabriela Diuana*

Fomentar a inovação em grandes empresas não é um processo rápido, tampouco simples, mas é extremamente necessário. Para inovar, uma corporação precisa criar soluções e produtos que façam sentido para o mercado — e, hoje, talvez isso seja a alma do negócio.

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Encontrar esse equilíbrio é a parte mais difícil e exige que as companhias repensem toda a sua cultura corporativa, estimulando uma mentalidade inovadora por meio de diversas iniciativas, contemplando todo o time. Mas devemos pensar de forma global e estratégica, e é exatamente aqui que entram os hubs de inovação, que são pensados para sanar essas dores e buscar novas oportunidades, estimulando o empreendedorismo de dentro para fora e de fora para dentro. Nesse contexto, o investimento em hubs de inovação se torna prioridade para grandes empresas, não só como visão de negócio, mas também como transformação cultural.

Segundo o relatório da Sling Hub, startup que traz dados sobre inovação na América Latina, o Brasil representa 77% do mercado de startups e detém 70% dos investimentos da região. Isso significa que temos negócios maduros, que oferecem soluções transformadoras para a sociedade e que investir nessas ideias gera bons frutos. Afinal, há muito a se desenvolver utilizando a tecnologia como um viabilizador, um meio, para um fim específico — muitas vezes, para distribuir uma solução em uma escala nunca vista antes, para corrigir um gap ou satisfazer um desejo novo proveniente da transformação digital.

Portanto, o mercado da inovação é comprovadamente fértil, atraente para as companhias que buscam protagonizá-lo. Nesse contexto, criar um hub de inovação é uma alternativa altamente eficiente que fomenta a inovação de forma consistente. As venture buildings, popularmente conhecidas como fábricas de startups, seguem horizontes de inovação bem definidos e com linhas estratégicas que respeitam a essência do negócio, mas que também suscitam ideias “fora da caixa” para a companhia e para a sociedade. No caso da educação, sabemos que ainda existem grandes desafios, como por exemplo a utilização da inteligência artificial e a gamificação, bem como da robótica em prol da formação de trabalhadores do futuro.

A pergunta que surge diante da vontade de participar desse processo disruptivo é: mas, será que para inovar precisamos apenas de boas ideias? Não é bem assim. O conceito de ambidestria, que equilibra a balança entre inovação e a manutenção da qualidade operacional em prol do core business (negócio principal) da empresa, é o caminho escolhido por muitos negócios. Isso quer dizer que a companhia se permite buscar novos produtos, enquanto segue com seu crescimento e entregas de valor para o mercado em que atua. Ou seja, é também uma questão de cultura organizacional.

Esse equilíbrio faz com que grandes empresas, ao investirem em seus hubs, consigam validar as ideias que melhor dialogam com o cerne do negócio, sem deixar de lado as transformações importantes para sua evolução. O hub traz espaço para o debate, para a troca de experiências, para o teste e também para o aprendizado.

Uma empresa que permite que seus colaboradores criem soluções e testarem essas ideias — ainda que possam não dar certo — faz com que iniciativas se tornem ainda mais robustas e evoluam para startups de sucesso.

Dentro de uma empresa, o grande desafio é estimular as equipes a pensarem e agirem como empreendedores. Explico: é preciso despertar em cada profissional o interesse de empreender, pensando em novos produtos e serviços que possam revolucionar o segmento de atuação da companhia. E esse resultado também é decorrente da cultura organizacional, que precisa internalizar em cada colaborador conceitos como o de ownership e accountability — em português significam propriedade e responsabilidade, respectivamente.

De acordo com a Associação Brasileira de Startups, pensando em modelo de negócio, 41% das startups hoje são SaaS (Software como Serviço), e 19% são oferecidas como marketplace. Os dados reforçam que a digitalização e o mundo conectado permitem a qualquer pessoa iniciar a sua startup em poucos passos. Então, por que não estimular isso dentro da sua própria empresa?

É claro que abrir uma startup ou ter uma ideia transformadora não é tão simples quanto parece. Pelo contrário, é uma mudança que deve acontecer gradualmente, focando em avanços significativos a médio e longo prazo. E para isso acontecer em uma grande empresa, existem metodologias que apoiam os colaboradores a executarem as ideias de forma responsável e organizada. Uma dica importante: tenha a alta liderança como os maiores aliados da inovação na sua empresa.

Formar hubs de inovação que incentivem a criação e o desenvolvimento de novos negócios é uma condição primordial para que qualquer hipótese acompanhe o pulso do mercado. Seja olhando para fora a partir de parcerias com startups, seja estruturando ideias dentro de casa, uma grande companhia não precisa de soluções disruptivas o tempo todo, mas sim de um mindset voltado para o empreendedorismo e com foco no cliente, sendo guiada pelo equilíbrio entre o que a empresa é e o que ela almeja ser no futuro.

*Gabriela Diuana é sócia e diretora de Inovação e Novos Produtos da Cogna Educação

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