(nirat/Getty Images)
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Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 15h00.
Por Ricardo Longa*
Nos últimos anos, o mercado de delivery no Brasil está em uma crescente transformação, algumas visíveis ao consumidor e outras silenciosas, porém muito mais estruturais.
Depois de anos marcados pela concentração em somente um player, estamos entrando em uma nova fase, em que o monopólio deixa de ser regra e a descentralização passa a ser tendência inevitável. E 2026 será o ano em que esse movimento finalmente será visível.
O que estamos acompanhando é o resultado de algo que levou tempo para amadurecer: a percepção de que nenhum ecossistema saudável sobrevive com apenas um grande ponto de controle.
A chegada de novos players ao foodservice, muitos deles com capacidade de investimento relevante, começa a redesenhar o mapa competitivo. Mas, diferente do que vimos no passado, essa não será uma simples guerra de preços ou de marketing.
A competição agora se dá em profundidade, na operação, na tecnologia e, sobretudo, na experiência. Essa descentralização traz efeitos claros:
Com mais opções, ele deixa de aceitar experiências engessadas. A fluidez, a transparência e a previsibilidade passam a ser critérios tão importantes quanto o próprio preço. O usuário quer escolher, e essa escolha, cada vez mais, depende da jornada de ponta a ponta, e não apenas do desconto do dia.
A multiplicação de canais permite aumentar o alcance e testar novos modelos, mas exige maturidade operacional. Em um cenário descentralizado, vencerá quem conseguir integrar, orquestrar e controlar todos os pontos de contato. E isso requer inteligência logística real que reduza erros e pare de tratar gargalos como “acidentes inevitáveis”.
Com o surgimento de diferentes modelos e dinâmicas de trabalho, surge também uma nova lógica de escolha.
A previsibilidade de ganhos, a capacidade de planejar rotas e a estabilidade operacional se tornam fatores decisivos em uma profissão que historicamente viveu na incerteza. A descentralização abre espaço para relações mais equilibradas.
Se há alguns anos o setor parecia caminhar para um único polo, agora é como se tivéssemos muitas pequenas centrais sendo formadas, cada uma com suas especialidades, tecnologias e propostas de valor.
E, na prática, isso é extremamente positivo. Mercados descentralizados são mais resilientes, mais inovadores e mais eficientes. Eles criam espaço para soluções mais adequadas às necessidades reais dos parceiros e dos consumidores.
Mas é importante dizer: a descentralização exige coordenação, inteligência e um nível de liderança operacional que o mercado nunca precisou desenvolver antes.
Será o ano em que a disputa deixará de ser sobre “quem domina o mercado” e passará a ser sobre “quem oferece a melhor experiência”.
Por isso, acredito que o delivery deixa de ser apenas um canal de venda e se torna um ponto especial de atenção para as cidades.
E infraestrutura não pode depender de um único ator. Ela precisa ser distribuída, integrada e sustentável, criando um ecossistema fortalecido.
*Ricardo Longa é CEO da voa.delivery, hub logístico completo que leva inteligência para as operações de delivery, gerando eficiência financeira e operacional para restaurantes.